30.5.05
O Poeta, a Poesia e o Pensamento
A "Europa das Pátrias" de Charles de Gaulle...
PALAVRAS PENSADAS E SENTIDAS (1)
A Falácia de Marcelo...
A União Europeia convida cada vez mais membros, mas reduz drásticamente o diâmetro da mesa. O diâmetro não é discutível porque o espaço é exíguo.
Só é pena que Marcelo se esqueça, enquanto português, que Portugal não tem lugar na que seria a nova mesa de refeições europeia.
29.5.05
A Ausência de Isenção na Comunicação Social...
GANHÁMOS A PRIMEIRA....
Última Hora:
Afluência de votantes: 80 % dos recenseados. Fantástico e demonstrativo da importancia deste referendo para os povos, na preservação da sua identidade e individualidade cultural, histórica e social.
Resultados previstos: 55 % NÃO .............45 % sim.
O NÃO Ganhou e ganhando ganha a União Europeia, ganhamos todos!
É necessário Continuar a Referendar, Independentemente dos Resultados Apurados
LORD DARTH VADER DOS TABÚS...
QUANDO AS RAZÕES DEIXAM DE O SER
- "com a aprovação de uma Constituição Europeia, a capacidade de gerar paixões pela União Europeia no seio dos Estados-Membros e, por inerência, em todos os cidadãos europeus, seria enorme". Não me recordo de nenhuma Constituição no Mundo que tivesse nascido como semente geradora de paixões; recordo-me de todas as outras que nasceram fruto das paixões dos homens;
- a grande preocupação do "sim" em vincar a dicotomia esquerda/direita, pelos extremos, todos juntos numa espécie de albergue "espanhol". Quando a tendência de voto aponta 55% de votantes "Não" e os defensores do "Sim" insistem neste pecadilho, em França - não esquecer que é da França que falamos - é porque por uma qualquer razão, a democracia naquele país já terá vivido melhores dias. Porquê? Porque: ou 55% dos eleitores estão extremados políticamente ou; não distinguem os discursos das "extremas" e, mais grave, não têm consciência política desenvolvida, o que a ser verdade e para um país que viveu uma revolução no séc. XVIII, em nome da liberdade dos cidadãos, será tudo menos brilhante;
- a insistência do factor "Turquia" no discurso da extrema-direita. Quem vota pelo "Não" em Portugal nem leva a Turquia em linha de conta no seu raciocínio, mas dá que pensar que em França este seja um argumento plausível de ser explorado junto do eleitorado. Hoje Turcos assumidamente, hoje ainda Portugueses dissimuladamente, tanto faz. O que importa é a clara intenção - nada tendo a ver com a questão geográfica definidora de onde começa e acaba a Europa, se a Turquia deve ou não ser considerada uma nação europeia - que nada tem a ver com a Constituição que agora discutimos, mas sim com uma outra vertente muito mais intrincada e de origem xenófoba. Quer queiram quer não, só vem mostrar claramente que não gostamos todos uns dos outros, que não existe essa coisa tão importante que é a solidariedade europeia;
- uma espécie de atentado intelectual: as intervenções directas do Presidente da República francesa na campanha pelo "sim", esta mais grave que todas as outras; a intervenção directa do Primeiro-Ministro francês na campanha pelo "sim"; a intervenção de membros do governo pelo "sim" (a exemplo do que se passa em Portugal" onde o Presidente da República igualmente se colocou ao lado do "sim", dando inequívoca prova da inexistência de uma equidistancia que primasse pelo respeito de todos os portugueses, mostrando claramente tratar-se, tão sómente, do presidente de alguns dos portugueses); e, "at last but not least" as declarações gravadas de Zapatero - sim, estão a ler bem, do primeiro-ministro espanhol - e do Presidente da União Europeia, passadas na televisão incentivando ao voto "sim" no referendo francês - NO REFERENDO FRANCÊS! Incroyable!!
- a população francesa não vai referendar a Constituição mas sim plebiscitar a acção governativa. Ou seja, o referendo não terá validade enquanto consulta sobre o TCE, porque é da acção governativa que se trata. É esse o verdadeiro motivo do descontentamento e do provável "Não". De facto tem tudo a ver com política interna, com a capacidade maior ou menor de responder às necessidades e aos desafios, mas tem pouco ou nada a ver com o desempenho do actual governo. Será um motivo de preocupação alargada, pois se nas actuais condições não é possível governar a contento das populações, que dizer de uma capacidade política ceifada nas suas competências essenciais?
Assim nos surge, nas manifestções verbais mais diversas, a tolerância mínima da inteligencia e da intelectualidade, que prima pela opinião elitista diminuindo, senão mesmo menosprezando, a capacidade de análise e de opinião das populações. Assim vão os estados de direito, as democracias europeias.
27.5.05
RACIOCÍNIO FALSO E MANIPULANTE
"O sítio do “não” agrupará por via negativa sem que haja um denominador comum para lá do próprio “não”. A extrema-direita e a extrema-esquerda juntar-se-ão aí. Integralistas, anti-europeus e eurocépticos militantes aí estarão. Saudosistas do Império aí residirão. Será um albergue destrutivo e demagógico. Uma espécie de novo “sítio do pica-pau amarelo” sem pirlimpimpim. Em que todos verão na Europa e no Tratado Constitucional bruxas e demónios, criaturas de três olhos e afins. Sabemos não ser assim. Mas também sabemos que não se sabe o que propõem para lá da rejeição." in Diário Económico, 24/5/05
A questão que hoje se levanta na União Europeia é simples e objectiva: estaremos nós, cidadãos europeus, na disposição de passar de um modelo intergovernamental para um modelo federalista? Sim ou Não?
A questão, como se verifica, é metodológica, no poder e na forma de organizar e gerir a Europa.
É absolutamente abusivo considerar que quem se opõe à federação de estados europeus seja contra a Europa. A argumentação neste sentido será igualmente válida se utilizada por quem defende a actual metodologia, de independência e autonomia dos estados nacionais, face a quem pretende substituir organizações de controle por organizações de comando.
Cabe a cada cidadão decidir por si próprio como se sente mais confortável, face aos valores que defende e à doutrina social que professa. É estranho que os principais partidos políticos nacionais, ao nível dos seus dirigentes e não ao nível das bases e dos simpatizantes, defendam a mesma política federalista.
Porque se coloca a Portugal o desafio de funcionar como "ponte" entre a UE e a CPLP, detendo competencia e capacidade incontestada para o fazer (atentem-se nos recentes festejos pró-Benfica em todo o Mundo português, não por ser o Benfica ou futebol, mas pelo que o gesto demonstra de proximidade, mesmo identidade emocional, sendo certo que é esta o cimento primeiro da solidariedade e compreensão nos povos) e a possibilidade histórica de um ganho de importância, ao nível da lusofonia e da UE, misto de oportunidade e responsabilidade que não pode ser nem perdida nem alijada.
É do Congresso de Haia de 1948 (já por mim referido no artigo " O INVERNO DA IDENTIDADE EUROPEIA"), da luta pelo poder e das diferentes perspectivas para a Europa que falamos.
24.5.05
COISAS SIMPLES...
O INVERNO DA IDENTIDADE EUROPEIA
- existência de uma elite, planeada, organizada e interventiva na criação de um quadro institucional no reconhecimento da existência, de facto, de uma comunidade política europeia;
- partilha de memórias e experiências, num processo que se prolonga e arrasta no tempo, não planeado, fruto igualmente das tradições, dos valores e dos símbolos.
O projecto europeu foi construído, até agora, pelas elites políitcas, empresariais e intelectuais, procurando a satisfação de necessidades em espaços mais alargados que o oferecido pelos respectivos contextos nacionais. As elites contam - usando da sua capacidade interventiva - que as populações os sigam, absorvidos que vão sendo os novos conceitos, num movimento que se espraia do centro para a periferia (das elites para as classes mais baixas).
A questão, a este nível, coloca-se na confiança que as elites transmitem a cada momento ao povo e à capacidade de os primeiros conduzirem, e os segundos se deixarem conduzir. São vários os exemplos de Governos a apontarem o caminho da Europa e dos respectivos povos não parecerem muito ansiosos em segui-los. Já se passou anteriormente, na adesão ao euro, poderá passar-se agora, dentro de dias em França e passado pouco tempo na Holanda, da incapacidade dos respectivos governos, mesmo que muito empenhados, conduzirem a população no sentido de voto que defendem.
Não se discute se a população europeia terá vontade de cooperar, trabalhando em conjunto. Haverão muitos que o desejam. Contudo, esta vontade não está sustentada em qualquer ideia sobre uma base única e sólida ao nível dos valores, da cultura, das ideias, das tradições e da existência de uma real família de povos europeus que dê corpo a um verdadeiro país "Europa".
Do movimento europeu surgido em Haia e de Jean Monnet fica-nos uma ideia de europa que começa no topo e pretende descer para a sociedade europeia, através de uma pleiade de políticos e quadros treinados que se encarregam de espalhar a "boa nova". É isso que o leitor está a pensar: uma espécie de "testemunhas de Jeová", mas que ao invés de nos tocarem irritantemente à porta, aos Sábados logo de manhã, nos entram pela casa dentro todos os dias, por norma em horário nobre. É de uma visão que se trata, de uma segunda interpretação, tal como as aludidas "testemunhas", a de um homem e mulher europeu novos e diferentes. Pensa muito bem o leitor, uma vez mais: "mas quem lhes disse a eles que não nos sentimos bem como somos, com a cultura que temos, com a identidade que assumimos?" Tal como ninguém disse às "testemunhas de jeová" ou aos "meninos de Deus" que não nos sentimos bem como católicos apostólicos-romanos, agnósticos ou laicos, contudo eles insistem!
No entanto existem alguns valores comuns: a adopção da lei e jurisprudência legada por Roma nalguns países europeus; o iluminismo noutros; o humanismo renascentista ainda noutros. E todos estes valores cruzados por vezes. Existem então laços comuns, os possíveis ao longo de séculos passados na partilha e discussão de avanços científicos, culturais, sociais e filosóficos, acrescidos de grandes cometimentos como os descobrimentos, as colonizações, as revoluções sociais e as industriais, o desenvolvimento urbano e regional. A esta capacidade de crescer e aprender conjuntamente sobreveio sempre uma outra - "the dark side of the force" - mais negra, ambivalente, causadora de divisões,de guerras várias ao longo dos tempos. Ainda hoje são constantes as manifestações xenófobas contra portugueses em França e na Alemanha, muito embora os nossos concidadãos tenham, na altura e ainda hoje, contribuído fortemente para o crescimento dessas economias (com maior peso em França como é sabido).
Somos demasiado diferentes e as experiencias comuns só ajudam a constatar o óbvio: a existência de contra-culturas, de minorias, de imigrantes, em suma de excluídos socialmente por serem inadmissíveis nas sociedades onde estão inseridos.
A Europa actual é um campo de forças, onde a identidade europeia não suscita a mínima lealdade. A nacionalidade, este formidável sentimento, exige tudo em paixão - veja-se o recente caso do euro-2004 - em compromisso total, e esta paixão e compromisso não "casa" nem é compatível com a abstracção europeia.
Será a memória colectiva capaz de eclodir dando origem a novas dependencias que nada terão a ver com os passados históricos? Não acredito nem um pouco.
Acredito numa Europa mais flexível, funcionando como uma Zona de Comércio Livre. Não acredito numa Europa feudalizada e fidelizada ao interesse de uns poucos (muito poucos), sofrendo de uma amnésia colectiva, (des)colorida de populações desapaixonadas e desligadas das tradições, das culturas e dos sentimentos históricos comuns.
É na preservação da identidade própria e no respeito sentido, que melhor posicionados estaremos para respeitar a dos outros e com eles colaborar.
23.5.05
APROFUNDAR AS CONSEQUENCIAS
DITOSO SEJA AQUELE QUE SÓMENTE
Se queixa de amorosas esquivanças;
Pois por elas não perde as esperanças
De poder nalgum tempo ser contente.
Ditoso seja quem, estando absente,
Não sente mais que a pena das lembranças,
Porque, inda mais que se tema de mudanças,
Menos se teme a dor quando se sente.
Ditoso seja, enfim, qualquer estado,
Onde enganos, desprezos e isenção
Trazem o coração atormentado.
Mas triste de quem se sente magoado
De erros em que não pode haver perdão,
Sem ficar na alma a mágoa do pecado.
(Luis De Camões)
A Constituição Europeia - Porta Aberta Ao Euro-Marco e à Oligarquia
- uma Integração Uniforme, onde o núcleo de países avança para patamares superiores de evolução sem exclusão de nenhum membro, ou por outras palavras, o alargamento e o aprofundamento efectuam-se em simultâneo, ou então;
- quanto mais se avançar no processo do alargamento, mais perto estaremos de uma inflexão negativa no processo de integração, constituindo-se grupos fortes e coesos, mas pequenos em número de países.
Pessoalmente acredito que existe “trade-off” entre alargamento e aprofundamento.
Esta permissa parte da verificação e interpretação de comportamentos excludentes ou multiformes, a saber:
- Auto-exclusão do Reino Unido , Dinamarca e Suécia da zona euro
- Aumento das assimetrias entre os países
- Aumento das divergências e constituição de blocos de interesse dentro da união
- Estes factores, em conjunto, conduzem a uma crise de identidade.
O eixo Reino-Unido, EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia afirma-se, cada vez mais, no panorama político e económico mundial. - O comportamento do reino Unido não é fácilmente previsível. A pertença em simultaneo, a duas esferas de influencia, anglo-saxónica e europeia dificulta esse exercício.
Os cenários são, assim, todos eles serão possíveis, sendo viável trabalhar hipóteses de evolução da Europa, tendo como ponto de partida e atenção o facto de esta estar a viver, presentemente, um processo de grande transformação.
Partindo deste pressuposto, o de trabalhar cenários, avanço para o que entre todos parece o mais verosímil a médio prazo (hoje o longo prazo não existe, tal a velocidade a que os fenómenos polítcos e conómicos se sucedem):
Impensável há uns anos, a Alemanha, em virtude do processo de reunificação acelerado em que apostou, víu-se na contingência de aproximar posições da França. A batalha pela hegemonia europeia trava-se no campo económico e igualmente no demográfico e, aqui, os dois países encontram-se quase a par, com uma ligeira vantagem francesa.
A França, em virtude de não se encontrar entravada por um franco forte, reencontrou, graças à sua situação geográfica favorável, um certo dinamismo e mesmo confiança em si própria. Reuníu, assim, as condições para uma aproximação à Alemanha.
A Alemanha, por seu lado, tudo fez no sentido de integrar, naquele que foi o maior alargamento da história da União, todos os países saídos da derrocada do comunismo na URSS, criando um forte polo aglutinador de competencias, mercados, conhecimentos técnicos e científicos, hábitos produtivos, mesmo que em sectores tecnológicamente obsoletos. Tudo uma questão de tempo. Para quê? Para que a Alemanha ganhe influência económica crescente sobre estes países e constítua uma forte zona de influência no Centro-Leste europeu.
Para uns e outros - franceses e alemães - a Constituição, a ser aprovada, é garante da rigidez da execução política dos desígníos europeus, pela verticalização de processos, garante da hegemonia dos grandes interesses económicos, dos grandes mercados. É uma linha de comboio única, em que uns embarcam no TGV e os outros, sem lugar, terão de seguir em composição normal. Mas a linha é única, não permite ultrapassagens. Mesmo que o "TGV" pare, as outras composições terão igualmente de parar, forçosamente, e demorarão mais tempo a arrancar também.
Mas será imutável a situação? Convictamente creio que não.
O eixo Paris-Bona tenderá a desaparecer com a integração cada vez maior dos PECO. A Alemanha ganhará preponderância económica sobre a região centro-leste europeia. A acentuar esta tendência estará a forte vontade política dos novos estados membros, a maioria deles saídos de uma conjuntura de repressão social, política e de apertado controle económico, de entrarem definitivamente numa fase de economia de mercado, de fortes investimentos, mas simultaneamente com enorme necessidade de afirmação política e social, de afirmação dos nacionalismos, numa matriz em que a "cidadania europeia" não é emocionalmente sentida.
Os PECO estarão abertos a ceder economicamente algumas prerrogativas em troca de crescimento económico, não estranhando assim que se possam aliar à Alemanha nas medidas económicas defendidas por Berlim, beneficiando do peso do gigante alemão e de parcerias que possam derivar dos tempos de cooperação que mantinham com a extinta RDA, laços de aproximação aquando da “cortina de ferro”. Serão tendencialmente defensores de uma deslocalização do poder económico e do poder político para o centro/leste da Europa .
A própria França sentirá essa viragem. Acredito que a França, estando perto do centro-europeu, se poderá vir a sentir "periférica" no processo de aprofundamento europeu e ver-lhe fugir, com desgosto, o sentido político em que assentou o conceito europeu de Jacques Delors, para um conceito económico centrado e conduzido na Alemanha. A França importará enquanto economia forte, mas essencialmente enquanto um imenso mercado, dimensão disputada a palmo, ao nível da dimensão de mercados, com a Península Ibérica, pelo somatório dos mercados português e espanhol, mas semi arredada das macro decisões do novo polo aglutinador europeu centrado na Alemanha.
É neste contexto que a Constituição Europeia se insere. Uma luta a tempo, por ganhos de posição estruturante ao nível político, enquanto se acelera o ritmo económico. É uma tomada do poder pela força, disfarçada pela legitimidade jurídica, com contornos traiçoeiros nas "alianças" temporais estabelecidas.
Os restantes países já o são hoje, peões no xadrez da política europeia; mercados de escoamento de produtos; emissores de mão-de-obra "barata".
O mundo que nos espera será constituído por um conjunto equilibrado de nações, de escalas equivalentes, não obrigatóriamente iguais. A sociedade (os povos) poderá ser classificada em "superiores" e "inferiores", nas ferramentas económicas e políticas disponíveis. É no estabelecimento de neoproteccionismos para as hipernações que se vislumbra será necessário num futuro próximo, acrescido da desigualdade da repartição de receitas - resultado directo de um mercado livre absoluto - que surge a obrigação da imposição de uma Constituição, sedimento das novas oligarquias, por razões que justificam uma necessidade absoluta e imperiosa de domínio económico, político e jurídico.
Será evitável ? Sim, se houver clareza para evitar a "ideologia dominante", as "urgencias", os "discursos catastróficos" e as ilusões momentâneas.
A Portugal pode e deverá caber uma nova política de alianças, mais ausente da francofonia e mais próxima da anglo-saxónica. Um cuidado reequilíbrar da Balança de Transacções Correntes, diminuindo a dependencia espanhola (enorme e funesta a prazo, porque se a discussão sobre o Não à Constituição é premente e visível, não o será menos a dependencia económica de Espanha e a necessidade de nos "libertarmos" a pouco e pouco), jogando neste particular um papel importante a não adesão do RU á zona euro, facilitando as exportações para aquele mercado.`
É então essencial que todos os que: não se revêem numa Europa onde a igualdade será cada vez mais diferente; pretendam ver os valores da soberania sobreporem-se aos discursos da "moda" numa manifestação clara de respeito pelas gerações futuras e pelo passado histórico; a consideração da vantagem de dúvidas existencialistas, ab initio, de alguns parceiros europeus e, igualmente importante e decisivo; acreditem ser possível uma equitativa distribuição das receitas funcionando o Estado como entidade reguladora e empenhada na equidade e solidariedade social, para todos esses só poderá restar uma solução:
Dizer bem alto NÃO a esta Constituição Europeia.
22.5.05
APRENDER COM OS ERROS ALHEIOS
Mas não será esta uma atitude inflacionista? Se não for possível alterar as políticas, a população simplesmente poupará mais. O aumento de inflação pelo aumento de oferta da moeda só acontece se provocar um aumento dos gastos sem a devida contrapartida na oferta, ou seja, se for excedida a capacidade de oferta da economia. Não é possível argumentar que a política monetária é ineficaz como meio de aumentar a procura e de imediato rejeitar a proposta de imprimir dinheiro afirmando que irá gerar inflação. ejamos então os problemas económicos e as dúvidas resultantes da crise japonesa:
21.5.05
CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO PÚBLICA DO NÃO
Vitor Correia
Acréscimo de Razões Para O NÃO - Da Realidade Para Os Cenários Possíveis (3)
Os formatos possíveis, em nossa opinião, serão três:
Sob o ponto de vista económico::
- - Organização Económica Internacional (OEI)
- - Espaço Supranacional (ESN)
- - Espaço Nacional (EN)
Sob o ponto de vista político:
- - Organização Intergovernamental (OIG)
- - Organização Supra-Nacional (OSN)
- - Estado Federal (EF)
Das possibilidades descritas resulta a seguinte matriz*
- *OEI/OIG Caracteriza-se fundamentalmente pela regra da unanimidade. É a organização constituída por Estados soberanos para a prossecução de objectivos comuns, sem renúncia à soberania de cada Estado. No que diz respeito à regra da unanimidade há que ter em conta que pode admitir-se a questão da abstenção – possibilidade de não serem todos a favor mas sem votos contra – CECA. É a que garante maior flexibilidade no funcionamento e a que se aproxima mais do modelo ideal de funcionamento: Zona de Comércio Livre.
- * ESN/OSN Situação intermédia em que se constitui uma organização em favor da qual os Estados renunciam a parte da sua soberania. É o caso do 1º pilar, nomeadamente em relação a questões estritamente económicas – Comunidades Europeias. Em determinadas matérias a organização pode inclusive impor decisões por maioria qualificada aos seus membros. i.e. caso do Acordo do Luxemburgo: acordo de cavalheiros que foi afastado na prática e substituído por outro acordo – matérias sensíveis a um determinado E-M.
- *EN/EF Constituição, no plano político, de um Estado independente dos Estados Federados.
- Estados Federados:
Confederações – membros mantêm o seu papel nas relações externas e mantêm a possibilidade de abandono do Estado Federal
Federações – não têm esses dois poderes.
É na vertente mista Confederação/federação que nos encontramos confrontados, pois não se imaginando que algum E-M da UE renuncie ao seu papel no âmbito externo, é criado, contudo, um MNE.
A chamada “declaração de Laeken “ em Dezembro de 2001, lançou o processo de substituição dos tratados pela chamada Constituição, ou como de uma forma expedita alguns defensores se apressaram a chamar-lhe “Tratado Constitucional”, mas que padece de um enormíssimo problema, como se depreende das transformações e alterações anteriormente descritas: um governo, para governar, terá de o fazer sob regras e variáveis perfeitamente claras e transparentes.
A questão coloca-se ao nível da transparencia da actuação quando se percebe, claramente, que existe um poder forte dentro da Europa, o eixo franco-alemão, numa Europa deslocalizada para o Centro e Leste, de crescente importancia económica e política.
Perante os três cenários apontados como possíveis no avanço da UE, porquê escolher o que mais se aproxima dos interesses da Europa Central e Oriental e mais se afasta dos interesses dos pequenos países, das pequenas economias?
Porquê reduzir, drásticamente, a flexibilização das políticas, verticalizando em vez de transversalizar?
Porque este controle é de há muito desejado., mesmo que seja à custa da vontade das populações, “legitimado” ou não em referendos que, por ausencia de esclarecimento e atribuição de importancia ficarão sempre minados na sua própria legitimidade, podendo, inclusivé, vir a provocar uma reversão violenta, muito mais do que esta imposição agora pretendida.É na falta de transparencia dos motivos, na ausencia de respeito pelas diferenças, no vazio das consciencias, que este projecto de Constituição também falha.
Nota - É assustador o seguidismo português, mas igualmente claro quanto às ilações a retirar e à mensagem que deixa passar: a classe política nacional (alguma classe política, entenda-se) não acredita nas potencialidades e capacidades do País. Mais, não acredita nas suas próprias capacidades para resolver um problema intrincado em duas vertentes difíceis: a económica e a financeira.
Os países não gozam todos do mesmo grau de desenvolvimento e essa constatação implica uma outra: as medidas de protecção também terão de ser desiguais, atendendo às assimetrias dentro de uma mesma região (Europa). Perder o controle político e legislativo, depois de ter perdido o controle económico, só pode conduzir ao desastre.
20.5.05
Acréscimo de Razões Para O NÃO - Da Realidade Para Os Cenários Possíveis (2)
- Comissão Europeia – limite da composição da Comissão, a partir de 2009 a 15 comissários, decidido por unanimidade pelo Conselho, que será inferior ao número de E-M – significando, claramente, uma marginalização dos Estados mais fracos.
- Conselho Europeu – O sistema de decisão por maioria qualificada, 60 %, baseia-se na lógica da população por E-M. A crítica é precisamente a de que esta reponderação reforça o poder dos Estados com maior população, maior economia, os Estados mais fortes. É a reponderação do poder relativo. A Questão do Directório deixa de o ser. Está assumido que existe e é para funcionar.
- Formação de maiorias qualificadas e minorias de bloqueio pós 2005. O âmbito do processo de decisão passou da unanimidade para a maioria qualificada em 27 disposições que abrangem áreas como: cooperação económica, financeira e técnica com países terceiros, política industrial e outras.
- No caso dos Fundos Estruturais e do Fundo de Coesão e da adopção dos regulamentos financeiros, a passagem para a decisão por maioria qualificada far-se-á em 2007. Verifica-se uma perca acentuada da capacidade de gerir, externamente à UE, os interesses económicos.
- Cooperações reforçadas –A zona euro é a mais evidente cooperação reforçada (com 12 dos 15 E-M). É prevista a possibilidade de instituir cooperações reforçadas no âmbito da PESC, para a aplicação de uma posição ou acção comum, excepto no domínio da defesa. A regra essencial deste mecanismo é a Comissão Europeia ser o garante de uma cooperação reforçada, preservando o papel central da UE. Não esquecer que a CE vai ser reduzida no número de membros e nem todos os países estarão representados com a assiduidade que se consideraria mínima, pela existência de um directório de países firmes na Comissão.
Com o alargamento, a UE será mais diversa e heterogénea, sendo possível a existência do bloqueamento de alguns países.É a Europa a várias velocidades perfeitamente institucionalizada. Os países que não conseguirem acompanhar o andamento das economias mais desenvolvidas ficarão, inexorávelmente para trás, criando-se uma Europa de 1ª, de 2ª e, talvez, até de 3ª categoria.
A estas medidas, algumas já em funcionamento, acresce que a Constituição atribui um reforço de poderes a :
- art. 27º MNE da União . Os assuntos de política externa passam a estar centralizados, reduzindo drásticamente a autonomia da política externa dos estados nacionais.
- Art. 28º TJ inclui:TSE, TGI eT.Especializados. - reforço do poder judicial.
- Art. 29º o BCE é uma instituição. O Banco Central Europeu passa a entidade supranacional, com ascendencia sobre os Bancos Centrais nacionais.
- Art. 32º Actos jurídicos da União – novidade: lei europeia/lei-quadro europeia.
Aumento, em exponencial, da capacidade legislativa, impondo o direito europeu ao direito nacional. Como a representatividade é calculada de acordo com a população, imagine-se o peso de pequenos países como o nosso na tomada de decisões legislativas. Perca do poder dos Parlamentos nacionais.
São igualmente previstos actos não legislativos (decisão europeia / regulamento europeu.
Acréscimo de Razões Para O NÃO - Da Realidade Para Os Cenários Possíveis (1)
1ª Função atribuída normalmente aos Estados nacionais - a função de estabilização macro-económica – políticas de preço, de rendimento e cambial. No caso da UE, a política cambial e monetária desapareceu. A política de preço e rendimento está fortemente condicionada.
Os Estados nacionais perderam uma fatia fundamental na execução da sua função estabilizadora.
2º Função atribuída à afectação de recursos – perda por parte dos Estados nacionais, que deixaram de ter controlo sobre a política aduaneira e de concorrência.
Alguma importância derivada da inexistencia de uma política industrial comum.
Na área da afectação de recursos, houve também uma limitação dos Estados-membros.
3º Função atribuída ao assegurar de uma certa redistribuição interna- a nível do rendimento pessoal, os E-M podem intervir no sistema de Segurança Social, onde ainda têm autonomia.
A nível da distribuição regional, esta compete fundamentalmente à UE – regiões objectivo 1, 2, 3, etc.
Em suma: Os E-M estão hoje fortemente condicionados na parte económica.
É curioso, contudo, não se falar numa harmonização fiscal e social, garante de uma mais equitativa distribuição. A questão social, do estado-providência é, ela própria significativamente limitativa da livre circulação de pessoas na UE.
Na vertente política (PESC, Defesa, Justiça, etc.), a integração dos E-M é menor.
A “globalização” europeia da Lei Fundamental conduzirá a uma autonomia muito relativa e reduzida, sob o ponto de vista político, diluindo-se por completo do ponto de vista económico.
A acrescer a este cenário nada promissor, temos de lidar, em Portugal, com as nefastas consequências do alargamento aos PECOS. O aumento acentuado da perificidade de Portugal face ao centro da UE, face às zonas económicas mais desenvolvidas, agravou-se, pois o centro de gravidade deslocou-se, claramente, para a Europa Central e Oriental.
Assim, para nós portugueses, a distância geográfica acentuou claramente a distância económica e, com uma Constituição Europeia, igualmente o distanciamento político será um facto, ficando, inteira e definitivamente, Portugal entregue à vontade do directório que hoje actua à sombra dos mecanismos de funcionamento da União e, que amanhã, funcionará escudado na legitimação constitucional.
LIBERDADE
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
(Fernando Pessoa)
19.5.05
Participação Dos Leitores Na Discussão Pública do "Não"
Princípios Fundamentais
Contráriamente ao previsto por Montesquieu, a dinâmica histórica começada pela era do iluminismo não conduziu à morte das religiões, mas inclusivé promoveu o seu renascimento, algumas das vezes sob formas bastante degradadas.
Meantime
Far away from here...
There is no worry after joy
Or away from fear
Far away from here.
Her lips were not very red,
Not her hair quite gold.
Her hands played with rings.
She did not let me hold
Her hands playing with gold.
She is something past,
Far away from pain.
Joy can touch her not, nor hope
Enter her domain,
Neither love in vain.
Perhaps at some day beyond
Shadows and light
She will think of me and make
All me a delight
All away from sight.
(Fernando Pessoa)
A Constituição Europeia E A Necessidade de Dizer NÃO
Tiremo-lhes a razão quando pretendem construir um projecto europeu baseado num nacionalismo europeu. Quando a Europa se estende a leste e a ocidente, é impossível conceber um corpo político único, semelhante ao dos países que a constituem. Falta-lhe a massa aglutinadora
Não existe um interesse nacional europeu. Existem interesses comuns (económicos, entenda-se), mas que não fundamentam, nunca, uma identidade europeia específica, que em todas as frentes consiga congregar todos os europeus face ao "mundo exterior", para além de ter de se considerar anti-natura uma posição semelhante por parte dos países europeus. Não há memória histórica de tal atitude.
Igualmente não se consegue criar uma identidade europeia baseada nas leis e preceitos institucionais. Não são as instituições nem os seus normativos que criam o sentimento de pertença a um mesmo corpo e espaço, mas sim o inverso: o sentimento de pertença permite aceitar os constrangimentos institucionais.
Uma Constituição, como Lei Fundamental, é tanto Constituição política como Constituição social. Ao garantir os direitos e liberdades individuais e ao incluir larguíssimos aspectos e áreas da dinâmica económica , social e cultural, é inalienavelmente, um direito dos cidadãos diante do poder.
Mais do que um ramo do direito, a Constituição é o próprio tronco donde arrancam todos os outros ramos do direito, formando no seu conjunto o ordenamento jurídico do Estado. O direito Constitucional é vivo e prático. As nocões têm de ser postas à prova, documentadas e enriquecidas com o trabalho de interpretação e aplicação das normas, tanto pelo poder político, como por todos os órgãos sujeitos a critérios de actuação jurídica.
O Estado actual define-se a partir de três elementos fundamentais: povo, território e poder político.
A moderna ideia de Estado atinge a plenitude na ideia de soberania. A soberania implica imediatividade ou ligação directa entre o Estado e o indivíduo.
A soberania reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição, subordinando-se o Estado àquela.
A confusão sobre o debate europeu deriva, essencialmente, de ser feito tendo por base o debate político sobre a soberania. Não é possível assentar a Europa numa estrutura institucional fixa, assente num território com limites definidos e definitivos, porque não obedece a nenhuma arquitectura clara ou lógica territorial.
As instituições políticas, pela sua natureza morfológica e histórica, lidam mal com a necessidade de abertura e, simultaneamente, de protecção dos interesses. A definição de fronteiras, a constituição de corpos políticos, as leis, normas e regulamentos, são entendidas como as bases estáveis sobre as quais se edificam e consolidam os interesses nacionais.
Cada espaço político e social tem as suas idiossincrasias, necessitando de medidas pontuais e específicas face aos problemas encontrados, sob pena do sistema começar a promover desigualdades e injustiças, reflexas num mau aproveitamento dos recursos locais, e subjugando à lógica dos mais fortes o interesse dos mais fracos.
Não se trata de concentrar cada vez mais poder em entidades políticas cada vez maiores, mas sim de organizar as compatibilidades, de preparar as convergencias, de difundir as mudanças.
A constituição Europeia que se pretende é tudo menos o que se enuncia. É a ferramenta de controle dos mais fortes, a guilhotina para os mais fracos. Por isso se tem de dizer não à Constituição Europeia.
18.5.05
ESTÁ NA HORA DE ORGANIZAR O MOVIMENTO DO “NÃO”
- A Constituição é a Lei Fundamental do País. Todos os ramos do direito se lhe subordinam.
É na Constituição que estão consagrados os Direitos, os Deveres e as Garantias!
Ao aceitar-se o princípio do primado da Constituição Europeia sobre as Constituições Nacionais, mais se não está a fazer do que aceitar alterar a Constituição Nacional de forma a que esta "case" com aquela.
Por outras palavras, as Constituições Nacionais passarão a estar subordinadas à Constituição Europeia, pelo que terão, forçosamente, de ser decalcadas daquela.
Alteram-se assim os Direitos, Deveres e Garantias, bem como todo o direito subsidiário.
Perde-se a independencia, subjugada ao poder dos mais fortes. Ingerência total, firmada constitucionalmente.
O direito vigente em Portugal passa a articular-se de acordo com as leis fundamentais fixadas pelos países mais poderosos da UE (leia-se Alemanha em 70% e França em 30%).
O que a Alemanha não conseguíu pela força das armas, por duas vezes, irá obter do ponto de vista económico, suportado na legalidade constitucional.
Mas para os partidos políticos portugueses mais representativos, acrescidos do PR, este é um fado que não merece discussão, porque o destino não se discute.
Resta-nos o PCP, para o não à Constituição Europeia.
Ainda nos veremos na situação de ter de votar no sentido do PCP, a bem da Nação, no referendo sobre a Const. Europeia, o que não deixando de ser um voto absolutamente essencial, será perfeitamente surrealista.
Votar no NÃO defendido pelo PCP, "A Bem Da Nação"!!!!! Nunca o imaginei!
Partido político, com as cores nacionais e sentido patriótico procura-se. Agradece-se a quem encontrar que o divulgue com urgência!
A educação Sexual Aviltante e Ultrajante nas Escolas Portuguesas
Para assinar a Petição seguir o "link".
É fundamental começar a tomar as rédeas da situação neste Nosso País que se esboroa de forma tão célere que, cada vez mais, sempre que se sai do País, ao voltar, a sensação de frustração é enorme e as desigualdades gritantes.
Que mal fizemos Nós, Portugueses, para merecer tal "sorte"?