25.4.09


Uma data como tantas outras, ou não....

Falar sobre o 25 de Abril tornou-se monótono, desinteressante e, igualmente, ofensivo. Porque de outra forma teremos de falar só da data e essa é tão interesante quanto o 26 de Abril ou o 3 de Julho ou outra qualquer sem significado.
Caso contrário estaremos a falar de significados e consequências e, em relação a estes e aqueles é muito melhor ficarmos calados. Não podemos esquecer, teremos de viver com os dislates, excessos e poucas-vergonhas que cumprem hoje 35 anos de aviltação de uma nação e do seu Povo, mas teremos de pensar de forma positiva, que o que se fez de errado pode ser alterado, penosamente, mas pode.
A começar pela erradicação dos seus "heróis", dos seus falsos significados e dos políticos que nasceram à sombra de uma revolução carregada de pequenez e interesses pessoais.
Transportemos a vontade de mudança para o dia a dia da nossa vivência, com uma atitude de permanente cidadania, exigente nos contornos a traçar deste pequeno mas imensamente capaz Portugal, cuja força reside na força das suas gentes.

24.4.09


Mona

Enganos....

José Manuel Fernandes a propósito do artigo de hoje no Público sobre Otelo: "[...] não perca o retrato do "herói imperfeito" do 25 de Abril, Otelo. Um magnífico texto de Paulo Moura".
Sem questionar a qualidade do texto, que assumo possa ser adjectivado de magnífico, como sugere o José Manuel, já duvido do título do texto, porque Otelo de herói nada tem e de imperfeito tão pouco. A coisa seria mais correcta num registo diferente, como por exemplo: retrato do "crápula perfeito" do 25 de Abril....

HartwigDilling

23.4.09

As contas dos bancos internacionais e da economia no geral...

Agora, mais do que nunca, é necessária uma supervisão forte sobre as contas das instituições financeiras e sobre os relatórios das firmas de auditoria, as Big 4.
Tratar crédito mal-parado, aplicações financeiras que já se sabem estar a ser ruinosas, juros que nunca serão recebidos e antecipar receitas, conduz a bons resultados, mas só no papel. Entretanto as acções vão subindo, há quem venda e realize mais-valias e quem compre e se vá arrepender.
As commodities estão todas em baixo, com excepção do cobre e do ouro. Os derivados financeiros estão uma lástima.
Entretanto a economia real cai, todos os dias.
Em Portugal é o anúncio do crescimento do desemprego, só no mês de Março, em 24%.
Na Irlanda, tantas vezes indicada como paradigma a seguir, é a constatação do óbvio: o Produto Interno Bruto caíu 10% no 1º trimestre anunciando a depressão.
Por cá continua a escamotear-se a crise, a não preparar os portugueses para o inevitável: tempos ainda mais difíceis.
Haja coragem de mudar a política e os políticos. Haja coragem de mudar o discurso, a visão social, o paradigma económico.
Nacionalize-se, temporáriamente, toda a banca e deixe-se cair o BPN, o BPP e outros exemplos de pequenos "bancos" não influentes para a imagem do sector financeiro portugues, quer interna, quer externamente.
Limpe-se a sala para se poder dançar, daqui a uns tempos, com mais tranquilidade.


Jerome

O Homem Invisível....

Durante anos não se ouve falar do Provedor de Justiça.
Agora, o assunto é agenda diária obirgatória. Está mal? Não, neste preciso momento é necessário que o Provedor tenha determinado perfil, o que justifica a "guerra" gerada pela obtenção de um nome que gere consenso. Mas a nomeação do Provedor, por si só, não significa que as razões polítcas que levam a uma discussão diária sobre a sua nomeação sejam atendidas. Porque independentemente do nome e da força política que o indique, poderão sempre ser jogados favores nos bastidores. Mas uma coisa é certa: esta discussão não é vazia de conteúdo político nem a nomeação é pacífica.
No fim, claro, depois de atingidos os objectivos, o Provedor voltará à sua verdadeira função, a interpretação repetida da personagem de H. Wells; o Homem Invisível.

20.4.09


O que deveríamos estar a fazer....

Os políticos, todos eles, andam entretidos à volta de assuntos menores (não pela importancia intrínseca para o País e toda a população, porque são matérias fundamentais, mas pela perca de oportunidades de cativar capitais para Portugal que permitam, posteriormente, através de mecanismos de criação de riqueza, gerar soluções para esses mesmos problemas) como a educação, que está mal e continuará mal, até que se faça uma reforma de fundo. Exemplo: em qualquer país do mundo a primitivação e integrais são dados até ao final do secundário, excepto em Portugal. A saúde que ainda não é para todos e continuará sem ser, enquanto se mantiver uma política de proteccionismo à classe médica, entenda-se, todos aqueles que exercem a profissão baseados na prática da consulta particular e na dificuldade de acesso à carreira. Igualmente a actuação fiscal que não leva em conta os golpes fortíssimos que vai desferindo na, já de si, fraquíssima liquidez do país. A evolução tecnológica, com discussões sobre o Magalhães ou falácias como a Quimonda.
A justiça que é matéria fundamental para arregimentar "boas-vontades" exteriores, igualmente se encontra mal e vê o seu funcionamento deteriorar-se, com noticias difundidas mundialmente, atrasos conhecidos e leis pouco claras, fomentadoras de interpretações várias, afastando investimentos de Portugal por falta de credibilidade. Também a ausência de uma política séria de educação ao nível matemático e económico, deteriora a imagem do país externamente. Por último a ausência de discussão política séria faz pensar, com razoabilidade, que o estado de coisas é para manter.
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Estas são causas, entre muitas outras, que por serem mal conduzidas e discutidas dão a falsa ideia de que, entre governo e oposição, não há diferenças na abordagem dos problemas. E, no entanto, são estes os problemas que os portugueses mais sentem, os mais prementes, a par da deterioração do nível de vida, independentemente de os conseguirem isolar todos ou terem uma visão mais de conjunto.
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A preocupação deveria ser tida na retenção de capitais em Portugal e na angariação de mais liquidez, através de medidas atractivas, abstendo-se Portugal de entrar em discursos demagógicos e defesas quixotescas, de temas que são lançados por outros, por conveniência pública, mas que não pretendem fazer cumprir em nenhum momento - caso das off-shores - por contraponto com os nossos políticos, afadigados na defesa destes temas que a nós nem sequer nos deveriam preocupar, quanto mais merecer-nos qualquer tipo de referência.
A política externa deveria ser agressiva e dotar de meios económicos superiores as Necessidades, para que o corpo diplomático português pudesse agir de forma célere e eficaz e, também, em várias frentes.
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Portugal deveria investir na educação, para garantir a formação de uma geração de ouro daqui a vinte anos, ao mesmo tempo que conduziria recursos, parcos neste momento mas preciosos para nós, para a nossa economia. Deveria ter uma política agressiva face à União Europeia e não subserviente, mostrando distanciamento em relação às políticas monetárias, sociais e fiscais.
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Deveria igualmente assumir posições de inovação no combate às dificuldades do sistema financeiro, mostrando capacidade de engenharia financeira e de ultrapassar paradigmas.
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Deveria revoltar-se, com o discurso projectado externamente através das Embaixadas, tal como toda a propaganda sobre as medidas anunciadas anteriormente, para vender a imagem de um Portugal político mas igualmente económico e financeiro, fraco momentaneamente nestas premissas, mas capaz de responder melhor que países que já foram fortes e que hoje mostram fraquezas preocupantes - caso da Suiça.
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Aproveitar o estar na União Europeia para dar maiores garantias externas e, em simultâneo, distanciar-se das políticas extremistas, económicas e fiscais, através de discurso político forte e convincente, assumidas pela mesma União.
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Fazer-se falar nos aerópagos internacionais e, principalmente, junto daqueles que tendo imensas fortunas têm hoje enormes preocupações. Atestar as vias de comunicação existentes no país e adicionar a vontade histórica do povo em fazer coisas, principalmente grandes cometimentos, em alturas difíceis - jogar com a História. Vivemos numa era em que são necessários grandes cometimentos e enorme coragem, principalmente política.
A economia está em viragem e a política não pode convergir com a economia. A solução passa pela clivagem e por dar a conhecer essa vontade de clivagem.
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Os tempos têm de ser entendidos como de guerra e agir politicamente como nas guerras; esforço unificador interno; políticas de alianças agressivas e egoísticas externamente. São estas as nossas necessidades actuais e, sinceramente, não vislumbro ninguém que as tenha percepcionado ou sequer percebido o seu alcance e sua premência.
Por isso é tão importante virar uma página na classe política portuguesa.

17.4.09



Marrian

causas da corrupção....

As necessidades humanas relativas têm um valor de mercado....aquelas que são condição única para um fim têm um valor intrínseco, a que se chama integridade.
Na corrupção há um exercício causal (valor de mercado) e ausência de moralidade, que é também de liberdade face ao relativismo económico e aos interesses nacionais.
Há ausência de integridade.


Jean-LoupSieff

manifesto...

Eu sou de direita, daquela direita não liberal, a direita que defende o estado social.
Sou de direita, conceptualizada nos seus princípios básicos mas igualmente adoptante de critérios, ideias e práticas políticas fácilmente situáveis em quadrantes políticos mais à esquerda, mesmo esquerda .
Acredito que a economia é um veículo de construção de bem-estar social.
Acredito também na Nação, como valor mais alto e intrínseco à governação política, valor primeiro e orientador das práticas políticas.
Eu sou de direita, não liberal e fortemente social.

16.4.09

Como estamos pobres.....

Ao contrário do que Constancio afirmou, a crise interna é causa maior da crise que a quebra das exportações. Por outras palavras, são mais as empresas nacionais a sofrer por falta do mercado interno do que as outras. A diferença pode ser ainda pequena, mas mostra claramente uma faceta pouco lisonjeira do nosso futuro; o problema é maior internamente, estamos piores que os outros países, nossos parceiros comerciais.
Desta constatação ressalta uma outra: as fragilidades da economia portuguesa são enormes e, mesmo após a passagem da depressão económica, iremos ter uma enorme dificuldade em levantar cabeça. Quando suceder não estaremos a 53 anos de distância no horizonte económico e a cerca de 117 anos de atingir a média do PIB (produto interno bruto) europeu, mas a uns bons 90 anos de distanciamento económico. Ou seja, nunca mais vamos ter condições de vida que possam ser catalogadas como padrão médio. Vamos ser pobres, intrinsecamente pobres.