29.7.05


Edward Hopper Posted by Picasa

Un Ballo In Maschera


Characteristics:
Opera in three acts on a libretto by Antonio Somma, inspired by the work of Eugené Scribe: Gustave III ou Le bal masqué.

Première: Rome, Apollo Theatre, February 17th, 1859

The story:

Act I.
Riccardo, count of Warwick, English governor of Massachusetts, opens a hearing. Among those present are his enemies, Samuel and Tom, who together with their followers, connive to murder him. Oscar, the page, brings to Riccardo the list of those invited to a ball; on seeing the name of Amelia, whom Riccardo is secretly in love with, he winces. The Creole Renato, secretary and confidant of Riccardo, and Amelia's husband besides, arrives and warns him of a plot against him, but Riccardo takes no heed of the warning. A judge proposes to banish the black Ulrica, accused of witchcraft, but a lenient Riccardo magnanimously proposes to all present to go visit the fortune-teller's hovel. Here Ulrica, who is invoking the "king of the abyss", is questioned by the sailor Silvano to whom she predicts a lucky future. Amid general exultation, the prophecy turns out to be true, since Riccardo had previously slipped money and a nomination of advancement to official into the sailor's pocket. Then one of Amelia's servants comes forward, asking for a private interview for his mistress. The fortune-teller sends all the others out and counsels Amelia, who asks her how she can free herself of a sinful passion, to go to the sinister execution grounds, where she will find an herb of forgetfulness. Riccardo, hidden and listening, is overjoyed to learn that Amelia is in love with him. He disguises himself as a fisherman and goes to the fortune-teller who, however, recognises his hand as that of a noble commander, but refuses to pronounce her prophecy. Finally, at the insistence of Riccardo and the others present, she predicts the death of the count at the hand of a friend, he who is the first to shake his hand. Renato arrives and gives him his hand. Amid the general consternation, Riccardo minimises the affair, while the people extol his virtues.
Act II.
Amelia goes to look for the magic herb and is followed by Riccardo who declares his love for her; Amelia is shaken: she too loves him, but does not want to be unfaithful to her husband. Renato, worried for Riccardo's safety, arrives on the scene and advises Riccardo to leave that solitary spot. Before going, Riccardo entrusts the woman to him (she had covered her face with a heavy veil and has not been recognised by her husband), making him promise that he would not attempt to learn the woman's identity. The conspirators burst onto the scene surprised to find Renato, who tries in vain to protect the woman from their curiosity. In the confusion that follows, Amelia's veil falls. The husband is mortified and angry, and Samuel, Tom and the others comment the event with terrible irony. Upset, Renato makes an appointment to meet Tom and Samuel the next day.
Act III.
Renato is determined to avenge what he presumes to be his wife's infidelity in blood. She asks to be allowed to see their son for the last time. Moved to pity, Renato then decides to satisfy his anger by killing his friend rather than his wife. Samuel and Tom on their arrival are incredulous when they learn of Renato's intentions, but he offers the life of his son as guarantee of his sincerity. The three determine that chance shall decide which of them shall carry out the murder of Riccardo and oblige Amelia to extract a name from the urn: it is Renato. The page Oscar arrives with the invitations for the masked ball. The three agree to take advantage of the occasion to carry out their design, while Amelia tries to think of a way to save the count. Riccardo has decided to renounce his love for Amelia and order their repatriation to England. Oscar brings him an anonymous letter urging him to forego the ball for his own safety, but the count, wanting to see Amelia for the last time, takes no heed of the warning. During the ball, Renato astutely makes Oscar tell him which is the disguise of Riccardo. Meanwhile, Amelia, recognised by Riccardo, implores him to flee and receives his last adieu. He barely has time to finish his dialogue with the woman when he is struck by Renato's dagger. The assassin is arrested, but Riccardo, dying, orders him released. He shows Renato the decree for their repatriation and reveals that Amelia had never been unfaithful. With his dying breath he pardons all the conspirators. All present bless his magnanimity. Renato is left alone with his remorse.
(Giuseppe Verdi)

27.7.05

ESPECULANDO À VOLTA DAS PRESIDENCIAIS

Não é correcto afirmar que a badalada possível candidatura de Soares às eleições presidenciais seja um regresso ao passado, como não será correcto afirmar o contrário.
Aliás, do ponto de vista da correcção, o mesmo raciocínio é válido para uma possível candidatura de Cavaco.

Pensei, durante algum tempo, que na ausência de candidatos presidenciais assumidos - a proximidade das autárquicas não responde à questão visto estas serem eleições de cariz partidário e as presidenciais de cariz assumidamente pessoal, mesmo que os candidatos se vejam apoiados por partidos - poderíamos ter a surpresar de ver avançar uma candidatura da área militar: Almeida Bruno, por exemplo. E esta ideia sustentava-se na fraca imagem de que gozam os políticos em Portugal, em conjunção com a ausência de perfis nos vários quadrantes políticos, capazes de suscitar consensos e mobilizar votantes, mesmo quando invocamos o Sr. dos Tabús que está longe de ser consensual e congregar todos os votos do centro-direita.

Perante a apatia geral e depois de renegar três vezes, Mário Soares parece envaidecer-se pela ideia de voltar a ser presidente e aceita assumir essa disponibilidade, rompendo com o cenário de um possível apoio do PS a Freitas do Amaral, apadrinhado pelo próprio Soares, que julgava eu seria o motor de lançamento da campanha de Freitas, talvez até seu mandatário, dando assim azo a uma grande volta na história .

Mas a configurar-se o cenário actual, parece que a história se manterá a mesma, mostrando em simultâneo a fraca fornada de dirigentes políticos saídos nos últimos quinze anos de funções governativas capazes de confrontarem com sucesso o País com uma sua candidatura. Ainda se falou em Guterres, mas este e bem, optou por uma carreira política internacional, bem mais interessante que qualquer cargo político neste rectangulo que na prática, geométricamente, se assemelha a um triangulo rectangulo, onde nos encontramos todos tal como o País - ou em queda acentuada (hipotenusa) ou em queda livre (cateto).

Aqui chegado interrogo-me com veemencia: será que se trata de uma operação de cosmética ou mesmo de limpeza dos últimos trinta anos, de tão má memória?

Bom, se assim fôr, operação cosmética dos desvarios, proponho a seguinte estratégia:
Cenário - Lota de Matosinhos

Por uma porta entra Mário Soares acompanhado de Narciso Miranda.
Pela outra porta entra Freitas do Amaral acompanhado por João Soares.
Trocam-se impropérios e agressões (aqui a experiencia de Narciso é determinante).
Soares tem um treco, mas como não precisamos de matar ninguém, o referido treco provoca-lhe apenas uma forte queda em cima de uma Chaputa (escolhemos a Chaputa por nos parecer ofercer uma queda mais confortável e por estarmos certos de que a cair em cima de alguma coisa, o Dr. Soares escolheria sempre uma Chaputa), mesmo assim suficiente para o afastar das presidenciais. Freitas fica condicionado e retira a candidatura a candidato ficando o caminho aberto para Ramalho Eanes.

Exacto, Eanes. Se a ideia é dizer - É pá, não valeu, vamos lá começar tudo de novo!, então Eanes é o candidato ideal, para além de sustentar a minha ideia inicial: um militar na presidencia.
Temo que os resultados possam ainda ser piores, reciclados estes trinta anos, atendendo à idade que os protagonistas apresentam hoje - se as ideias já não eram brilhantes há uns anos atrás...
Mas é uma solução, não lhes parece?
Aliás qualquer uma será solução para preencher a vaga de P. da República, porque ao nível do País não "aquenta nem arrefenta". O País como está, simplesmente não tem solução.

26.7.05


Jacinto Luís Posted by Picasa

POESIA

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

(Alberto Caeiro)

24.7.05


Michael Felmingham Posted by Picasa

APRENDENDO COM EÇA...

"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida.

Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. (...) "

22.7.05

SANTOS E PECADORES, TODOS DE PAU CARUNCHOSO

De um modo bem tradicional, florescente de há muitos anos nos países terceiro-mundistas ricos em recursos naturais, a corrupção apresenta características comuns: os dirigentes políticos de topo tomam as grandes decisões baseados em enormes gratificações. É assim, simples e proveitoso. Basta identificar quem manda e dar lugar aos mecanismos corruptores.

Nos países industrializados a coisa não funciona bem assim, até porque existe um sentimento generalizado de combate à corrupção, que não é, contudo, uma expressão comportamental moderna de excepção mas uma forma corrente e comum de remuneração (já o escrevi anteriormente) e bastará atentar nos brasileiros e para a sua capacidade de aligeirar, pela língua, situações gravosas, para que se perceba todo o alcance da expressão "mensalão".

Assim, havendo uma vontade expressa de lutar contra a corrupção mas continuando esta a existir, só se poderá tirar uma ilação do facto: as estruturas de decisão tornam esta luta e controle cada vez mais difícil, nas sociedades industrializadas.

Os actores que participam nas decisões são vários, sendo igualmente variados os objectivos que potenciam o aparecimento dos agentes corruptores. Cada um dos intervenientes adopta uma parte da decisão, aplicando em simultâneo inflexões no processo sobre matérias que extravasam as suas competencias. Porventura poderão classificar-se como decisões as próprias inflexões referidas. Perante uma extensa informação, procurando satisfazer variados interesses, bastas vezes contraditórios, o dirigente deixa de ser um agente zelador do bem comum para assumir a faceta de facilitador social do jogo de interesses dos grupos de pressão e, em simultâneo, zelar pelos seus próprios interesses, meramente pessoais e egoistas. Num processo desregrado e desregulado de tomada de decisão, a margem de opções possiveis sai muito reduzida, acabando quase inevitávelmente na política do facto consumado.

Vem o intróito a propósito de Campos e Cunha e de Mario Lino.

Comecemos por uma primeira constatação: nem um nem outro são santos. Ou seja, não há heróis e vilões nesta história. Existe, sim, um padrão de actuação divergente e uma leitura diferente do que se entende por interesses nacionais e pessoais.

Para Campos e Cunha uma despesa no tão propalado aeroporto da OTA, até 2009, de 650 milhões de euros só em estudos, era indiciadora de que a obra não se iria iniciar nesta legislatura - in DN de 20 de Julho: " ...o facto de até 2009 estar previsto um investimento de apenas 650 milhões de euros na OTA implica claramente que, para já, se vai avançar somente com a elaboração de estudos e não com o projecto em concreto."
Estudos de 650 milhões de euros ( ou aéreos, como um grande amigo gosta de lhes chamar, não pela relação directa com aeroportos mas pela facilidade com que voam de uns bolsos para os outros) requerem, no mínimo, tratamento de excelência. 10% disto dá.......
Para outros, investimentos de 650 milhões de aéreos parecem pouca coisa e, o que importa mesmo, é garantir as adjudicações de investimentos cujos estudos preliminares- serão iniciais? quantos se terão já realizado? - custam, logo à partida aquele montante. Ora 10% dum investimento deste porte dá...

Talvez que através de raciocínios esquematizados, como o anterior, se consiga perceber melhor o porquê das situações e das desavenças, bem como a noção de grandeza das coisas que os decisores políticos têm.

Pelos vistos 650 milhões de aéreos não merecia o esforço e é preciso avançar decisivamente para investimentos muito superiores. Ou será que uma vez mais ficaremos com os estudos, não havendo intenção alguma de avançar com as obras, mas tão sómente justificar aquele gasto?
Ora 10% de 650 milhões de euros sempre dá...

E desenganem-se os mal-formados que estes 10% mencionados nada têm a ver com possíveis luvas, pagamentos, corrupções várias. As contas só pretendem determinar qual o valor inicial contratualizado para o início dos trabalhos, na suposição de que as empresas envolvidas exigirão um sinal de 10% à cabeça......hehehe....

Noite de Chuva... o que vai faltando no País Posted by Picasa

21.7.05

E AGORA JORGE SAMPAIO...

Ainda não te ouvi dizer que ias ficar de olho no novo ministro das finanças.
Que perante a constatação de que todos os agentes, públicos e privados, confiavam nas posições do ministro cessante e perante a credibilidade que este inspirava, não irás permitir desvios em relação ao caminho de austeridade traçado e que estarás munido de atenção redobrada em relação às políticas financeiras do novo ministro e, concomitantemente, do governo.
Ainda não te ouvi nem irei ouvir.
Pobre País, não por teres este presidente e este sistema corrupto, mas porque tens exactamente o que mereces!

19.7.05


[Nº5] THE GOLDEN VOICES

COME FLY WITH ME...


Come fly with me, let’s fly let’s fly away
If you can use, some exotic booze
There’s a bar in far bombay
Come fly with me, we’ll fly we’ll fly away
.....
Come fly with me, let’s float down to peru
In lama land, there’s a one man band
And he’ll toot his flute for you
Come fly with me, we’ll float down in the blue
.....
Once I get you up there, where the air is rarefied
We’ll just glide, starry eyed
Once I get you up there, I’ll be holding you so near
You may here, angels cheer - because were together
.....
Weather wise it’s such a lovely day
You just say the words, and we’ll beat the birds
Down to Acapulco bay
It’s perfect, for a flying honeymoon - they say
Come fly with me, we’ll fly we’ll fly away
__________________________________________________________

"Não conte histórias de peixes numa roda de amigos.
Mas cuidado! Jamais conte tais histórias onde as pessoas conhecem os peixes!"
(Mark Twain)
Uma árvore sem frutos ou folhas, despida de qualquer beleza, escancara indecente a sua fraqueza, enquanto definha e morre.
Seja Outono ou Primavera.
Um País não morre mas verga-se ao peso da vergonha do seu povo no Inverno da sua frustração.
Só quando em algum lugar uma virgem engravidar, a árvore poderá florescer no Inverno, trazendo de novo a luz.

18.7.05

CONTRASTES...

Regorgito de alegria. O dia é bom, a noite é óptima. O dia é curto, a noite comprida. Gozo o folguedo da vida e, mais importante, partilho-a. E como adoro essa partilha. Caminho ao final do dia, olho os ponteiros - são 9.30 da noite. Deixo-me deslizar, mais do que caminhar, leve e seguro, certo de uma boa noite que se aproxima com amigos, uns petiscos, umas "gasosas" e muita conversa e galhofa. Olho em redor, ainda dia e quente o ar, já não o bastante para criar aquela sensação de desconforto de roupa semi-pegada ao corpo, aliás áquela hora já trocara de roupa duas vezes - hora de almoço e quando saí para jantar.
Caminho então solto de pensamentos quando passo ao lado de um caixote - quem deixaria um caixote ali, no vão de uma porta - e sigo. Impelido pela diferença percepcionada, de soslaio olho de novo aquele caixote. E "aquele caixote" é um homem todo coberto, descalço, com uns ténis espatifados meticulosamente arrumados a um canto. E dormia. Às 9.30 já dormia ou fingia, mas estava ataviado há mais tempo, pelo que aposto estaria assim desde as 8.30 p.m.. 8.30? Com um dia tão bonito? ...
O que são os dias? E ainda por cima adjectivados de bonitos? Os dias podem ser curtos ou compridos, dependendo das circunstancias. Para aquele homem o dia era igual ao outro dia e ao outro. Não existem dias para ele mas sim um simples dia. Sempre igual e, acima de tudo, tão comprido. Tão comprido e deprimente.
A noite sim é o aconchego e chega sempre tarde e vai-se sempre cedo. À noite aquele homem é um homem embrulhado num caixote, de identidade indefenida, esquecido dos seus próprios problemas e escondido de todos os outros homens. Na ausencia de identidade aquele homem encontra-se finalmente a sós consigo mesmo na ausencia do pensamento. Aquele "homem do caixote" quer tudo menos pensar. Dá graças a Deus por não ter caixa de correio - assim ninguém o pode maçar. Dá graças a Deus por não ter memória, de noite, que lhe permite dormir e descansar. Esconjura o demónio quando este lhe trás o passado, na forma de más recordações, de arrependimentos, de gestos impensados e atitudes egoístas que o afastaram de tudo e de todos. A vida deste homem é feita algures no limbo do errante passar de tempo onde se não quer o passado e não existe espaço para o futuro. Paradoxalmente, o "homem do caixote" foge todos os dias do presente que abomina mas com o qual cohabita na luta pela existência. Ele e o presente são inimigos fidagais e, em simultâneo, aliados essenciais. O "homem do caixote" gostaria de escapar a este presente, esperançado num futuro, preferindo um futuro incerto a um presente penoso na ausencia de novidade, na certeza da sempre presente igualdade. O presente nega-lhe a pretensão, inibindo o futuro de se apresentar. Para aquele homem o presente esmaga-lhe diáriamente o presumível futuro. Mas o presente, obrigando-o a uma ginástica dos diabos, vai-lhe garantindo a presença diária das necessidades básicas que o mantêm vivo, em dificuldades mas vivo. Traz-lhe em simultâneo a desconfiança e, mais ainda, a indiferença de todos os demais com quem se vai cruzando, aquilo que lhe custa mais, a sua inexistência na existência diária de um presente só seu e não mais partilhado. Tantos sonhos desfeitos, tantos desvarios, quantos azares e esquinas da vida que atraiçoaram o "homem do caixote".
Com a noite tudo se esquece e, com sorte, também na maioria dos dias. Mas aqueles dias são tão compridos e as noites tão curtas.
Toco à campaínha, sou recebido ao som de Sinatra - "Flying To The Moon" - um copo com vodka tónico na mão e um monte de amigos à mão para conversar. A noite promete e vai ser longa.
(situação fictícia mas possível)

A Morte... Posted by Picasa

LONDRES, 07/07

Nem sempre é possível escrever sobre temas específicos, sem que o exercício da escrita fique refém do exercício mental necessário à avaliação das causas - lógicas ou ilógicas, sustentadas ou meramente especulativas - de acções que forçam, naturalmente, à análise das possíveis razões que lhes subjazem, sem que para tal não seja consumido um significativo espaço de tempo. Igualmente o nosso principal inimigo aparece invariávelmente sob a capa da incapacidade de percepção da razão das coisas, da dúvida que paira sem resposta, do receio do ilógico, do que seja mentalmente irracional. E irracional é toda a situação que rodeia a prática terrorista. Quando falamos de terrorismo falamos do Mal, no mais duro e hermético sentido do termo. É do "tempo do Mal" que falamos, é na "era do Mal" que vivemos.
Recuamos quinhentos anos e verificamos existir à data, na sociedade ocidental, um espírito de profundo radicalismo cristão, bem desenhado nas acções perpetradas pela Santa Inquisição.
Mas igualmente constatamos ter a sociedade ocidental evoluído no sentido da abertura religiosa e social, franqueando as suas fronteiras a habitantes de outras proveniências geográficas, de credos e convicções diferentes. Confiámos na nossa organização de sociedade para demonstrar, cabalmente, a esses novos membros que poderiam confiar naqueles que os acolhiam, através de manifestações de respeito continuadas pelas diferenças culturais constatadas.
Em quinhentos anos o mencionado radicalismo deu lugar a sociedades abertas, de acolhimento, onde se discutiram e consagraram direitos fundamentais e regras de comportamento em sociedade que julgávamos universalmente aceites por todos os que delas aproveitaram. Supostamente criaramos um mundo melhor que os demais e esse facto, por si só, seria factor de reconhecimento a considerar em todas as circunstancias.
Contudo, os recentes actos de terrorismo cuja justificação pública deriva de concepções e filosofias diferentes de encarar a sociedade, na génese de profundas diferenças culturais e religiosas, dando-lhe um cunho universal derivada de uma enorme escalada ao nível geográfico, abandonando as suas fronteiras naturais e invadindo o nosso espaço, obriga-nos a um exercício de recúo no tempo, que vai para lá dos idos de mil e quinhentos.
Recuemos então mais de mil anos, quando os povos árabes invadiram a Europa e aqui se estabeleceram.
As verdadeiras razões das guerras e colonizações são e serão sempre de índole económica. Mas as guerras têm de ter motivações mais fortes que sirvam os interresses de catalização dos povos no sentido da sua adesão e apoio incondicional.
Quando os árabes entraram na Europa a razão foi económica: necessidade de expansão e aproveitamento das riquezas de terras fertéis. Para o efeito criaram colonatos, garantindo a todos os seus conterrâneos que decidissem abandonar as suas terras optando por instalar-se nos territórios recém-ocupados total isenção de impostos.
Este mecanismo garantíu o fluxo necessário de população para os novos territórios mas gerou em pouco tempo, igualmente, um mecanismo perverso: os povos colonizados, menos arreigados às suas convicções religiosas, não hesitaram em converter-se ao islamismo, beneficiando no momento imediatamente posterior de igual isenção de impostos.
Os árabes não esperariam semelhante "migração religiosa", e estranhando o comportamento, para eles totalmente impensável - basta verificarmos a enorme quantidade de mesquitas que proliferam no mundo ocidental e a enorme afluência de crentes às mesmas, capaz de envergonhar as muitas igrejas católicas e a fraca participação religiosa verificada - decidiram acabar com esse privilégio e proibir a conversão de católicos ao islão.
Os tempos foram mudando, as forças alteraram-se e os povos ocupados, gritando não ao opressor, escorraçaram-no da Europa e perseguiram-no na sua própria terra. Mas esta perseguição reveste-se de uma característica diferente: não se limitou a basear-se em razões económicas mas igualmente pretendeu empreender a conversão do islão ao cristianismo.
Os europeus foram para impôr a sua religião, os seus usos e costumes.
Dir-me-ão: isso passou-se há mil anos, não interessa para nada!
Pergunto eu: não interessa para nós, que o esquecemos há muito e que até já passámos por perseguições religiosas na Europa, mas será que os árabes esqueceram ? Será a memória dos homens capaz de transportar consigo ódios e códigos genéticos com mil anos?
Creio firmemente que sim!
Qual a razão, então, para acreditar em algo que nos parece tão inverosímil?
A razão é de ordem comportamental. Se estivéssemos a falar de terrorismo perpetrado por cidadãos árabes que aportavam na Europa carregados de bombas e ódio, dispostos a morrer por 72 virgens (há muitos disponíveis para o fazer, estou certo, até mesmo alguns ocidentais) e com um fito de destruição de alvos ocidentais, talvez a explicação passasse por uma outra estrada: cidadãos oriundos de países onde não existe estratificação social, onde não se verificam manifestações e discussões políticas, baseadas num comércio pobre e numa pastorícia primária, onde a razão de sobrevivência existencial reside no culto e fervor religioso, podería ser alimentada pelo ódio aos ocidentais, por atitudes recentes destes desde invasões, passando pelo petróleo e acabando em Israel.
Mas não. Estamos a falar de cidadãos árabes que cohabitam connosco desde há muito, gozando dos mesmos benefícios sociais, das mesmas escolas, frequentando os mesmo locais e baseando a economia doméstica no nosso modelo de sociedade. Que razões tão imperiosas conduzirão, então, homens e mulheres nesta situação a cometer actos tresloucados, indignos do próprio Corão. Só encontro uma razão válida: uma parte da populaçao árabe ainda não esqueceu um passado histórico longínquo, de mil anos, razão incompreensível para nós ocidentais sempre predispostos ao perdão e a esquecer, de convicções religiosas moderadas e vivendo em sociedades permissivas, defendendo intransigentemente direitos iguais para todos, independentemente de raça, credo ou cor política.
E como se resolve este problema?

Por uma dupla afirmação ocidental, sustento: por um lado a certeza de que os muçulmanos não são todos iguais e que é forçoso demonstrar, sem hesitações, a capacidade de continuar a acolher no nosso seio os seus melhores membros, dizendo não bem alto a toda a espécie de xenofobia; por outro lado,

  • dando caça de forma implacável a todos os terroristas e respectivas organizações, sem dar azo a aplicação de quaisquer direitos humanos como os consagramos, porque é de animais (perdoem-me os animais) que falamos e não de seres humanos,
  • sem limitar a actuação das forças no terreno às limitações da lei, que se aplica no regular e normal funcionamento da sociedade, mas que não é aplicável quando falamos de terrorismo porque é de agentes do mal que falamos,
  • porque é necessário deixar de criticar Guantánamo, mesmo que algumas injustiças sejam cometidas, porque é preciso deixar de falar em sevícias mesmo que algumas sejam manifestamente exageradas, porque de cada vez que o fazemos nos enfraquecemos e ao fazê-lo damos novas armas e alento ao inimigo.
Porque é de uma guerra que se trata e nós, ocidentais, não nos podemos dar ao luxo de a perder!

Neil Faulkner Posted by Picasa

17.7.05

APRENDENDO COM EÇA...

Nos Maias, obra sublime de Eça de Queiroz:
" - Falhámos a vida, menino!".
Ega, no regresso de Carlos, de Paris.

Daqui a dez anos, quando nos voltarmos para os nossos filhos e amigos confrontados à altura com a escassez de oportunidades na vida, com um dificílimo reconhecimento social, saídos de universidades portuguesas mal cotadas no "ranking europeu" resultado da Convenção de Bolonha e forçados a aprender espanhol se quiserem consultar um médico diremos, tal como Ega:
"- Falhámos Portugal, meninos! Falhámos a nossa vida e, mais grave, a vossa!"
Eça é que é Eça!...
posted by BlahBlahBlah

16.7.05

CONVERSA GRAVADA

da Autoria de Cruzeiro Seixas, poeta e pintor

As minhas coisas “acontecem”, porque são uma necessidade profunda. Um amigo meu, pintor, desejava o dia em que já não fosse capaz de pintar. Eu nunca seria capaz de o deixar de fazer. Em qualquer circunstância da vida vejo-me a garatujar num papel ou numa parede. Se considerar a pintura como uma “obra de arte” com tela, cavalete e materiais nobres, sinto-me assustado, mas esses problemas não se põem comigo, porque não é à obra de arte que aponto, e porque muito raramente utilizei materiais tidos como nobres. Desenhar e pintar são necessidades independentes de mim, que tem a sua parte de necessidade fisiológica.

Pergunta-me como comecei a fazer estes cadernos. Na verdade não fiz na adolescência o Diário que quasi todos os adolescentes fazem. Foi já muito tarde que comecei a alinhar breves notas daquilo que me ocorre no dia a dia, durante a semana ou durante o mês; as amizades, as inimizades, as descobertas (não descobrimos nada, está já tudo descoberto!), foi tudo isso o que fui apontando nos intervalos que tinha de outros afazeres. Nessas folhas ia metendo um bilhete de eléctrico, ou qualquer outra coisa que me sugerisse um momento vivido, fotografias de pessoas, e pequenas pinturas ou desenhos, etc, etc. São cadernos de uma grande fragilidade, constituídos por folhas de papel metidas em argolas, de maneira que com o tempo e com o folhear os buracos se rompem, e tudo aquilo sai do sítio. Foi um disparate usar tal excesso de fragilidade, mas já são trinta e tal cadernos, e seria impossível recomeçar. Alguém algum dia olhará com alguma benevolência este documento? Se calhar vão deitar fora tudo aquilo, pois é esse o destino de tantas coisas em Portugal. Mas esses cadernos aconteceram e continuam a acontecer, pois de certa forma disponho agora de mais tempo, passado o tempo em que fui tocado pela asa da pintura profissional. Isso já lá vai há muitos anos felizmente: Trata-se agora de deixar o meu depoiamento sobre um papel qualquer, com o lápis ou com a esferográfica que tenho à mão. Julgo que aqueles pequenos desenhos casuais, podiam afinal ser obra de arte, se transplantados para a tela e para o cavalete, digo-o sem falsa modéstia.

Na verdade nem quando pintei sobre tela usei o cavalete. De resto durante toda a minha longa vida, não devo ter pintado mais do que umas vinte telas. Elas correspondiam à tal necessidade profunda, mas também foram a maneira de sobreviver. Nunca acreditei muito naquilo que fiz, e o dinheiro que ganhava não dava para fotografar as obras. Assim, desorganizado como sou não sei o destino da maior parte do que desenhei e pintei. Justamente, há dias, numa entrevista, contava a estória de dois quadros que uma galeria tinha “descoberto”. Pediram-me para passar por lá para confirmar se os quadros eram de facto de minha autoria. Na minha idade avoluma-se a ideia de que o que fiz talvez não tenha qualquer mérito. Fui a essa galeria com um bocado de medo, e acabei por ficar tão satisfeito quanto possível. No entanto felicitei-me por não estar a fazer hoje a pintura profissional que vemos em galerias e em exposições.

Voltando aos “Diários” (prefiro designá-los como “Desaforismos”), eu não pensava que fosse possível serem editados, mas gostava evidentemente que alguém os folheasse. Foi um amigo espanhol quem mais se interessou por eles. Vive numa pequena e belíssima cidade, e o seu ganha pão é um quiosque onde vende lotaria. Por sua vez ele tem um amigo que tem uma modesta tipografia, e assim editaram 3 livros, maquetes originais, que o Mário Henrique Leiria me tinha oferecido, e que, sendo obras excepcionais, não tinham aqui merecido a atenção devida. Fiquei-lhes sempre muito grato, e a amizade estreitou-se. Visitamo-nos, e trocamos lembranças. De vez em quando presenteiam-me com restos de folhas que lá na tipografia reunem em caderno. A outras pessoas servirão para as contas do dia a dia, mas foi a partir daí, em folhas de papel de música, que passei a desenhar e a pintar, e a reunir Aforismos de diversos autores e os tais meus Desaforismos. Este caderno, mais uma vez casual, foi visto pelos irmãos António e João Prates da Galeria S.Bento, e resolveram-no incluir entre um projecto de edições numeradas e assinadas pelos autores, e resultaram bonitas edições. Esse livro intitula-se “Local onde o Mar Naufragou”. Outro livro recentemente editado reúne principalmente poesia e desenhos datados dos anos 40/60. Trata-se de uma nova editora, mas o livro é extremamente cuidado, e pode ser classificado de luxuoso. O livro intitula-se “Viagem sem regresso”, e a editora é “Tiragem Limitada”.

O meu método de desenho é não ter método. Tirei apenas o quinto ano de desenho da Escola António Arroio, mas com os professores nunca aprendi nada. Nunca gostei de aprender, a não ser comigo mesmo. A técnica é coisa muito de se lhe tirar o chapéu, mas não é o principal. Além disso, por certo, para ela não estou vocacionado. A alma é a minha técnica, e se há algum valor naquilo que faço, isso advém de um excesso de alma.

Repito que sempre utilizei papéis de acaso, por vezes quadriculados ou de 35 linhas. Parecia-me que ninguém quereria comprar tais coisas, mas o passar dos anos vieram a me revelar o contrário. Se há realmente alguma glória naquilo que fiz (glória é uma palavra evidentemente excessiva), ela advém desta experiência, de conseguir algum consenso, usando tais suportes.

Quanto às figurações que se movimentam naquilo que desenho e pinto elas vêm directamente do subconsciente, mas também dos encontros que vamos fazendo pelas ruas, dos livros que lemos, das guerras e das fomes, e de uma ou outra coisa boa que ainda nos toca. Muitos dos desenhos são feitos quando estou ao telefone. Com a atenção dividida, aquilo que aparece é mais livre; a mão vai e vem por ali fora, como traçando um gráfico. Conheço pintores, que muito prezo, que são capazes de dizer como vai ser o próximo quadro. Eles já sabem tudo, já o estão a ver. Eu, estou cego diante do papel ou da tela. Se “visse” o quadro antes de o fazer, por certo já não o faria, pois me pareceria que já tinha passado o seu tempo. Mas o meu método não será o melhor, pois que não dá para ser um grande nome da pintura. O que vos deixo são apenas depoimentos ou testemunhos.

Charles Willmott Posted by Picasa

BOA TARDE....

Depois de uma semana complicada regresso à actividade normal.

12.7.05

Pátria

Soube a definição na minha infância.
Mas o tempo apagou
As linhas que no mapa da memória
A mestra palmatória
Desenhou.

Hoje
Sei apenas gostar
Duma nesga de terra
Debruada de mar.

(Miguel Torga)

Portugal

Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que de tou.
Mostro aos olhos que não te disfugura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.

E eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:

Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.

(Miguel Torga)

10.7.05

Beautiful City

Beautiful city, the centre and crater of European confusion,
O you with your passionate shriek for the rights of an equal
humanity,
How often your Re-volution has proven but E-volution
Roll’d again back on itself in the tides of a civic insanity!

(Tennyson)

Arbuckle Posted by Picasa

AS FRAQUEZAS E IMPREPARAÇÕES DE MARQUES MENDES...

Na Assembleia da República, o Dr. Marques Mendes interpela o Primeiro Ministro, dando-lhe conta de que se estaria a apossar deste um certo estado de nervosismo derivado da actual situação económica e das medidas recentemente tomadas pelo executivo. E aquele, o nervosismo, teria origem no imenso nervoso que assola, transversalmente, toda a sociedade portuguesa. Quem assim fala não pode ser gago e tem de ter contra-resposta à altura e preparada ou uma muito razoável capacidade de improviso, necessáriamente inteligente.
O Primeiro Ministro respondeu que nervoso estaria ele, Marques Mendes, com os resultados das últimas eleições. E Marques Mendes ficou-se, calado e triste no seu canto, sem qualquer resposta.
Enquanto a bancada socialista se rendia em palmas à resposta do líder, ficou-nos a imagem de uma oposição chefiada por um gago, mal preparado e pouco capaz de tiradas expontâneas, atributos necessários de um bom tribuno, ainda mais quando lidera a segunda força política nacional (se é que o exercício político de Marques Mendes possa ser apelidado de liderante).

A Presidenta...

Primeira Dama?
A República é um sofisma!

AS VIAGENS PRESIDENCIAIS...É FARTAR VILANAGEM

Alguém me explica o interesse nacional da visita à América do Sul de Sua Exa. o Sr. Presidente da República e respectiva mulher?
Porque a mim cheira-me a cartuchos de fim de festa, às últimas benesses e benefícios que são concedidos sem necessidade de qualquer tipo de explicação racional e, já agora, porque não nacional.
E tudo à custa do erário público.

QUESTÃO DE NÚMEROS...

Já todos nos demos conta da numerosa comunidade chinesa em Portugal.
Alguém é capaz de me dizer quantos óbitos de cidadãos chineses estão registados em Portugal?
Podem ser os últimos dez anos, como poderão ser os últimos vinte ou os últimos cinco, tanto faz. Só gostaria de saber quantos são.

Os Chineses, Marques Mendes e a precipitação, má conselheira política...

A questão da imigração apresenta diversas leituras possíveis. Quando os movimentos migratórios resultam da necessidade das populações buscarem sustento "fora de portas", sempre foram bem recebidas desde que um princípio de base se mostrasse coincidente com os interesses das economias de acolhimento: a necessidade dos fluxos migratórios como forma de fazer face a necessidades conjunturais.
No entanto, quando os movimentos migratórios são financiados pelos governos dos países de origem dos imigrantes, como instrumento de massificação do seu prório comércio, através do escoamento de bens e serviços e da mobilidade de parte das populações, resulta que as economias de acolhimento começam a correr sérios riscos de serem canibalizadas, principalmente se estivermos a falar de economias fracas, com pouco poder de compra.
Tecer comentários sobre situações requer, sempre, exercícios de análise e o Dr. Marques Mendes com as palavras proferidas sobre o Dr. A. João Jardim mostrou, claramente, não se ter debruçado sobre a questão e de não ter efectuado uma análise concisa e profunda às raízes das preocupações projectadas nas palavras do P. do Governo Regional da Madeira.
E não me falem em xenofobia, porque não é disso que se trata, mas sim da sobrevivência do micro e pequeno comércio, o mesmo é dizer, de uma fatia importante do tecido social português!

7.7.05


Yankee Stadium at night, NJ Posted by Picasa

DO SENTIMENTO TRÁGICO DA VIDA

Não há revolta no homem
que se revolta calçado.
O que nele se revolta
é apenas um bocado
que dentro fica agarrado
à tábua da teoria.

Aquilo que nele mente
e parte em filosofia
é porventura a semente
do fruto que nele nasce
e a sede não lhe alivia.

Revolta é ter-se nascido
sem descobrir o sentido
do que nos há-de matar.

Rebeldia é o que põe
na nossa mão um punhal
para vibrar naquela morte
que nos mata devagar.

E só depois de informado
só depois de esclarecido
rebelde nu e deitado
ironia de saber
o que só então se sabe
e não se pode contar.

(Natália Correia)

6.7.05


Sherree Daines Posted by Picasa

Teach Your Children - CSNY

You who are on the road
Must have a code that you can live by
And so become yourself
Because the past is just a good bye

Teach your children well
Their father's hell did slowly go by
And feed them on your dreams
The one they picks, the one you'll know by

Don't you ever ask them why, if they told you, you will cry
So just look at them and sigh and know they love you

And you of tender years
Can you hear what do you care and
Can't know the fears that your elders grew by
Do you see what must be free
And so please help them with your youth
To teach your children you believe
They seek the truth before they can die
They make a world that we can live in

Teach your parents well
Their children's hell will slowly go by
And feed them on your dreams
The one they picks, the one you'll know by

Don't you ever ask them why, if they told you, you would cry
So just look at them and sigh and know they love you

(Graham Nash)

[Nº13]THE SCIENCE ADVENTURE


de viva voz

Excerto de: "The Goal of Human Existence"
"Ladies and gentlemen, our age is proud of the progress it has made in man's intellectual development. The search and striving for truth and knowledge is one of the highest of man's qualities - though often, the pride is most loudly voiced by those who strive the least. And certainly we should take care not to make the intellect our god; it has, of course, powerful muscles, but no personality. It cannot lead, it can only serve; and it is not fastidious in its choice of a leader. This characteristic is reflected in the qualities of its priests, the intellectuals. The intellect has a sharp eye for methods and tools, but is blind to ends and values. So it is no wonder that this fatal blindness is handed on from old to young and today involves a whole generation."

5.7.05

ENTREVISTA de JS ao Diário Semanal

excerto da entrevista concedida por José Sócrates ao Diário Semanal, no número de Julho, a propósito do investimento público previsto até 2009:
  • DS - Quais as medidas que o senhor se prepara para anunciar ao país?
  • JS - O Governo prepara-se para investir 25 mil milhões de euros na economia portuguesa e criar 120.000 novos postos de trabalho, a um ritmo de 30.000 por ano até 2009. Há-de concordar que este é um esforço enorme no sentido da modernização da economia portuguesa e da sua revitalização. E estou a falar de apenas 1/5 do investimento total previsto para esta legislatura.
  • DS - Alguma razão para avançar com o TGV e o aeroporto da OTA, quando as carências do País são manifestamente enormes e são pedidos crescentes sacrifícios aos portugueses ?
  • JS - Ainda bem que me coloca essa questão. A razão para esse investimento prende-se, fundamentalmente, com ..PIIP....e por essa razão resolvemos avançar já. Não podemos esquecer que ..PIIP...Em resumo são estas as razões do Governo.
  • DS - Ah! E porquê uma verba tão pequena afecta à educação e à saúde ?
  • JS - É com gosto que respondo a essa questão. Considero fundamental...PIIP... pelo que esperamos que na próxima década a alavancagem conseguida através de...PIIP...faça de Portugal um País totalmente diferente.
  • DS - Aaahh! E a banda larga? É convicção do governo que este Portugal tem capacidade de colocar, à imagem do sonho de Bill Gates, um computador em casa de uma larga maioria de portugueses, em tão pouco tempo, que justifique o destaque dado à medida? Não seria mais proveitoso alicerçar o ensino universitário nas tecnologias de ponta, pela dotação de mais e melhor equipamento de cálculo, ou mesmo de programação e planificação de toda a actividade escolar, a exemplo do que se passa noutros países europeus, nomeadamente França e Inglaterra?
  • JS - Repare. Como já lhe expliquei, a dotação para o ensino vai permitir que...PIIP...pelo que a questão não se coloca. Por outro lado considero importante, diria mesmo fundamental que Portugal nos próximos anos ...PIIP...pelo que essa medida, como reconhecerá, faz todo o sentido.
  • DS - Aaaaaahhhh! Mas e a contestação a essas medidas, aos custos imensos de um comboio de alta velocidade, ao investimento no aeroporto da Portela e, em simultâneo na OTA, com as críticas a surgirem de todos os quadrantes e o País carregado de sacrifícios. Que resposta tem para dar aos críticos do pacote que agora anuncia?
  • JS - ...PIIP...PIIP...PIIP...PIIP...PIIP....Agora não respondo a mais perguntas dos senhores jornalistas. Obrigado.

SITUAÇÕES QUE NÃO SE EXPLICAM NEM JUSTIFICAM...

No TalvezTeEscreva.

Concordo por inteiro e acrescento ser o tema dos manuais escolares uma das muitas imagens claras de um Portugal revisto em interesses primários, desvirtuado e sem sentido.
Um País que não anda à deriva como muitos afirmam porque se encontram, das maiores às mais pequenas, razões de lógica para todas as "coisas". Infelizmente para todos, as várias lógicas que imperam não têm o denominador comum do interesse nacional. São parciais, têm destinatários e atingem os fins a que se propuseram, estas lógicas conflituais com o interesse do todo.
Mas não são intemporais. Deveriam ser assumidas e consumidas com recato, para que pudessem perdurar no tempo sem se tornarem aviltantes. Não são assim, as lógicas vigentes. Gordas, pouco inteligentes de tão expostas que se tornaram, assumem a marabunta como princípio e a mediocridade como cartilha. Duram menos assim e, quando caírem, farão um enorme estrondo e estardalhaço.
Que a queda das "lógicas de interesses" seja pelo menos rápida, porque é de certeza inevitável e, aqui como em tudo o resto no Mundo, o tempo conta.
E o tempo, por agora, joga contra nós portugueses!

4.7.05


Sherree Daines Posted by Picasa

SONETO

Apartava-se Nise de Montano,
Em cuja alma, partindo-se, ficava,
Que o pastor na memória a debuxava,
Por poder sustentar-se deste engano.
Pelas praias do Índico Oceano
Sobre o curvo cajado se encostava,
E os olhos pelas águas alongava,
Que pouco se doíam de seu dano.
«Pois com tamanha mágoa e saudade
(Dizia) quis deixar-me a que eu adoro,
Por testemunhas tomo céu e estrelas.
Mas se em vós, ondas, mora piedade,
Levai também as lágrimas que choro,
Pois assim me levais a causa delas.»

(Luis de Camões)

MONTANO

Por volta do séc. I a Igreja toma um segundo fôlego. A sua influência estende-se até ao interior da Síria e da Ásia Menor. Plínio, o Jovem, encontra imensos cristãos mesmo nos limites do Mar Morto.
Uma carta de Plínio, relata o progresso do cristianismo no ano de 112 d.c.. Já em Bitínia, a mil quilómetros de Jerusalém e a dois mil e quinhentos quilómetros de Roma, a Boa Nova criara uma comunidade cristã, viva e em simultâneo poderosa, invejosa e denunciante, que ameaça fortemente a "Pax" Romana.
Na época de Trajano (Marco Ulpio, Imperador romano 98-117), o centro difusor do cristianismo na Ásia já não é Jerusalém mas Antióquia, plataforma comercial com rotas para todos os pontos do globo conhecidos.
Toda a costa oriental do Mediterrâneo, desde Antióquia até Pérgamo está já estruturada em "igrejas", que gravitam em volta de Efeso e de Esmirna. Esta era a província romana de "Asia e Frígia", aberta ao Norte ao Bósforo e Bizâncio, e ao Sul até à Síria.
A Ásia Menor é uma terra de gente generosa, onde os homens são crédulos e capazes de enormes exaltações. Estas características não tardam a criar fortes preocupações à Igreja que vêm ensombrar o séc. II. Num lugar obscuro de nome Ardabau, na fronteira entre a Frígia e Misia, MONTANO, um recém convertido de espírito tão débil quanto exaltado começou a captar as atenções mercê de demonstrações de extâse, onde aparecia como possuído por uma força interior muito superior à força humana, acabando por tomar-se a si mesmo como o Espírito Santo. Desta figura nasceu o movimento montanista, que chegou a estender-se desde a Ásia até Roma e Cartago.

2.7.05

Buuuuu... para a RTP1

Vergonhosa a transmissão do LIVE 8 pela RTP.
Dois bons exemplos da aculturação televisiva, carregados de lugares comuns interrompem a transmissão a cada momento, para nos "encherem" de baboseiras totalmente escusadas, repetindo-se até ao infinito. É brutal! como já ouvi 5 vezes seguidas no espaço de 40 segundos pela boca de uma pseudo locutora com ares de boazona e convencida, mas de valôr semelhante ao da irmã copista.
Será que esta gente nunca ouvíu que quando se escuta música, se deve fazê-lo no mais absoluto silêncio?
Bbbrrrrrr.....horroroso!
BOA TARDE...

Sherree Daines Posted by Picasa

1.7.05

Questões de LEALDADE...

«É impossível, é irracional, ir a Bruxelas e regressar às respectivas capitais gritando, invariavelmente, que vencemos», como se se tratasse de um qualquer campeonato de boxe, critica Durão Barroso, defendendo que «são pessoas assim que estão a destruir a própria ideia de União Europeia. E o meu dever é denunciar isso». José Manuel Barroso, Pres. Comissão Europeia

Embora garantindo não estar a falar de «pessoas em concreto», o The Guardian assegura que os destinatários das críticas são, efectivamente, Jacques Chirac e Tony Blair, este último já críticado por Durão Barroso aquando da Cimeira europeia, altura em que o português deixou «um conselho de amigo» ao primeiro-ministro inglês, para que colocasse os interesses da Europa à frente dos interesse do Reino Unido.
in DD
José Manuel Durão Barroso, maoísta de formação, liberal por conveniência, primeiro-ministro por um acaso temporal, europeísta por opção e Pres. Comissão Europeia por vaidade e interesse pessoal, esquece o elementar quando se refere ao Reino Unido:
  • os britânicos ao longo da história dos séc. XIX e XX colocaram, bastas vezes, o interesse da Europa à frente dos seus interesses, numa demonstração clara de respeito pelos laços de amizade e tratados firmados com outras Nações europeias, suas aliadas.

Pedir a José Manuel Durão Barroso, homem que na sua vida conheceu tantas mudanças e alterações de "espírito", que entenda o que é o dever de lealdade, parece um exercício difícil de exigir. Mas não o peça ele a outros, que perante a Europa sempre responderam "sim", mas cuja maior obrigação é para com o seu próprio POVO e só para com este são, de facto, devedores de toda a lealdade.