28.11.11

O ovo de Colombo

A supressão de quatro feriados em Portugal será uma medida fundamental, para a tão desejada recuperação económica.
Qualquer um de nós está consciente disso e da importancia da medida, que secundariza, por completo, a necessidade de cortar nas empresas e instituições públicas existentes e, obviamente, a sua discussão política.

24.11.11

Razões (básicas) para baixar o Rating da República Portuguesa

Confirmar aqui, aqui e aqui as razões para o downgrade do rating de Portugal


Que mais quererão ? Nada mais há para dar....

Barroso, cidadão outrora portugues, que se naturalizou alemão para poder jogar pela selecção Germanica, propõe, numa jogada arrojada dentro da área, com drible curto, que Portugal perca a soberania orçamental, o mesmo é dizer, depois de perdida a moeda, que se entregue a esta Europa cada vez mais germanófila.
Espera Barroso o respectivo penalti, com uma entrada em carrinho do governo portugues - ciente da enorme dificuldade da dupla de centrais portugueses, quer no jogo aéreo, quer a jogar com os pés (os pontapés para o ar, na economia, atestam a falta de jeito).
Assim, coloca-se Portugal a jeito (e outros) para ser forçado a introduzir, como disciplina obrigatória no 1º ciclo, o alemão e aprender o respectivo hino.
E nós vamos assistindo a isto, convencidos que estamos a fazer grandes sacrifícios, em nome dos nossos filhos. Mas não; os sacrifícios são em nome de filhos que não os nossos.

22.11.11

Tecnocrata: alguém que leva muito a sério a sua profissão e muito pouco o bem-estar social. Segue modelos e não doutrinas/pensamentos.

Por mim prefiro-os muito pouco "tecno" e muito mais "cratas".
Por cá, como por outros lados, estão com saída. Até um dia.

21.11.11

Medidas macroeconómicas

Tomando o PIB de 2010, uma desvalorização esperada da economia portuguesa de 15% em 2012, bem como uma retracção económica de 2% em 2011 e 3% em 2012, poder-se-á afirmar que a nossa dívida externa (estatal) passará de 120% em 2010 para 140% em 2012.
Pergunto-me se estas são, efectivamente, medidas de cariz macroeconómico.

11.11.11

Desvalorizar a economia não é o caminho

O Governo corta nos subsídios, diminui e reduz as pensões em valor e em número, aumenta os impostos directos e indirectos, até pode decretar que a redução salarial abrange toda a economia e não, tão só, a função pública. Por um lado pretende reduzir a sua própria despesa, por outro conformar os salários ao nível da competitividade, considerada necessária, para a recuperação económica. Por outras palavras, é um jogo de desvalorização interna.

Se o Governo beneficia do lado da despesa, quando paga menos, o que acontece do lado da receita ? O Governo recebe menos na cobrança dos impostos sobre o rendimento. Quando aumenta os impostos, reduz o poder de compra, reduzindo a actividade económica e ,assim, a colecta de impostos baixa.Os preços caem internamente, pela redução da procura, originando um aumento da dívida junto dos credores, medida em unidades de produção interna.

Esta desvalorização interna, baseia-se na esperança que o aumento da dívida em termos de unidades produzidas, seja compensada por um aumento da produção com preços mais baixos (pela redução do custo do factor mão-de-obra), que valerá um aumento da receita fiscal através das empresas e de uma poupança nos custos sociais do Estado.
Mas será plausível esperar esta situação, em economias com problemas estruturais como a nossa ? Ou a grega ?

Este é o programa que nos é imposto externamente. Infelizmente, este programa de ajustamentos, afecta sempre de forma grosseira e vertiginosa, os países mais fracos. 
Com medidas mais ou menos draconianas, de ajustamento do balanço fiscal, os Governos debater-se-ão sempre com problemas de deflação, derivados das medidas fiscais impostas.
Em conclusão, sem uma intervenção decidida e conjunta da Zona Euro, para a correcção dos desequilíbrios orçamentais dos países fiscalmente debilitados, as medidas de nada servirão, senão para atrasar ainda mais as respectivas economias, colocando de forma premente a necessidade de adopção de um Plano B, que considere o crescimento económico dos países mais fracos, através do aumento de investimento dos países mais fortes. 

Caso contrário (sem crescimento económico sustentado), por cada euro pago a menos, pode grosseiramente considerar-se que a dívida nacional aumenta, em termos reais, na proporção exacta do percentual de desvalorização interna.
É então falacioso, considerar-se que se está a caminho da virtualização das contas públicas, quando na realidade, mais não se faz que aumentar essa dívida, pela desvalorização da economia interna que foi provocada.




anuncia-se o fim de uma era; a Zona Euro

Como referi variadissimas vezes, o euro só não colapsaria se os países core da UE estivessem na disposição de injectar liquidez nos países em dificuldades: o princípio é de vasos comunicantes, e só este sustenta o grande argumento para a existência do euro: a coesão económica.
Claro que essa injecção levaria à emissão de moeda pelo Banco Central Europeu (BCE). Aqui chegados, os temores recairam sempre sobre a inflação. Temores injustificados, porque em economias recessivas a inflação não chega a assustar. 
Defendi que o BCE deveria baixar a taxa de juro até zero. Nada foi feito e nada será feito, porque nunca houve vontade e percepção do perigo; porque o temor inflacionista falou sempre mais alto.
Agora chega ao fim a aventura do euro, a menos que mudem as políticas alemãs, a sua forma de encarar a Zona Euro, forçando à mudança da política do BCE (porque só a Alemanha pode garantir a confiabilidade na emissão de mais moeda). Alguém acredita nisso ? Não creio.
Sempre detestei as meias-coisas.É preferível uma conceptualização rápida da nova Europa e partir para a solução dos problemas, que ficar neste limbo que pára as Nações e os povos no tempo e lhes limita o espaço.
Para conferir aqui a opinião de P. Krugman.

O quê ???

Procurador-Geral da República abre inquérito a Otelo, se houver golpe de Estado. 
Desculpe, diga lá outra vez?
Só pode ser brincadeira.....

3.11.11

O modelo económico (des)elegante para o País

O Primeiro-Ministro (PM) tornou claro ontem, uma vez mais fora do País, que o acordo com a Troika requer uma nova conceptualização, reafirmado hoje, aliás, pelo próprio Presidente da República (PR).
O Pm fez notar, para nosso conhecimento, que as verbas acordadas com a Troika são suficientes para fazer face à despesa do estado, mas que Portugal necessita de financiar igualmente a sua economia. Fez notar ainda que a taxa de juro, de colocação de dívida a dois anos, já ultrapassava os 20%.
Temos então um estado que estará, supostamente, financiado e uma economia que, para se financiar, tem de recorrer a empréstimos com taxas de juro superiores a 20%. É esta economia que garante o equilíbrio do Balanço Fiscal, com que o estado conta para fazer face à dívida externa. Por outras palavras, se o desempenho económico for inferior ao esperado, a capacidade de cumprimento do serviço da dívida está em causa.
Vejamos o que significa a taxa de juro mencionada:
  • O prémio de risco percebido pelos mercados, em relação a Portugal, é elevado. Por outras palavras, o perigo de default enorme.
  • Uma economia capitalizada a um juro superior a 20% ao ano, exige uma taxa interna de rentabilidade (TIR) superior a 30%, caso contrário não gera riqueza (se a TIR for igual ao juro é indiferente);
  • Mas, acaso a TIR seja inferior à taxa de juro, a economia está condenada (falamos da TIR da economia no seu todo).
Afinal, do que é que estamos a falar ? De uma economia, a portuguesa que para ser viável, necessita de aplicar os capitais que vai buscar, a uma TIR a roçar os 30%.

É este pressuposto verosímil ? A resposta parece fácil: não.
Não sendo, as perguntas acumulam-se: (a) como se irá pagar o que estamos agora a dever? (b) como pagar os novos financiamentos?; (c) como fazer descolar o país economicamente, tirando-o da recessão onde se encontra mergulhado?; (d) como reduzir a dívida externa?
Como fazer tudo isto no presente modelo económico, que inclui as imposições negociadas?