25.6.11

O Senhor Ministro.....

É suposto o executivo falar pouco e trabalhar muito. Bom princípio. É igualmente expectável que o executivo, com o seu trabalho, seja respeitado. Bom resultado. É desejável que as funções políticas sejam levadas a sério: um ministro no meu país tem de ser reconhecido e respeitado enquanto tal. Não quero um senhor Álvaro no governo do meu país; quero um Senhor Ministro.
Nós não vamos fazer o que a Troika afirma ter que ser feito; vamos fazer mais e depois confrontamos a Troika com os resultados. Nós não somos gregos.

23.6.11

É de todo lógico que Portugal só poderá ser considerado como um País responsável, se cumprir com os compromissos que assumiu.
É igualmente lógico, mas lamentável, que cumprindo esses compromissos Portugal mostre que não é possível a sua autonomia, por não ser possível a recuperação económica.
Tente-se cumprir de forma não desmedida e, depois, mostre-se o inevitável: a necessária reestruturação da dívida e a saída da zona euro (não esquecer que o tempo escasseia e os portugueses não são nem bombos, nem de chumbo).

21.6.11

Não poderia ter melhor início esta coligação

Ao contrário do que se pretende, esta coligação governamental começou da melhor forma.
Começar menos bem ou da pior forma seria perceber que, muito embora os eleitores não o pretendessem, estaríamos perante uma maioria absoluta do PSD.
Não foi assim que o eleitorado votou, portanto, esta coligação começou muito bem.

Não foi Deus, foi política séria

David Cameron dá graças a Deus por não estar no euro.
Enorme injustiça: Cameron deveria dar graças ao povo inglês, a Margareth Tatcher, que na devida altura soube caracterizar a União Europeia como ninguém e, com isso, mostrar ao povo inglês o "caminho das pedras" e, last but not least, o seu sucessor, John Major, que lutou politicamente, tal como aquela, contra a integração europeia da Inglaterra ao nível financeiro, social, político e económico e conseguíu condições especiais para os ingleses, na assinatura do Tratado de Maastricht, nomeadamente no que diz respeito à não adopção da moeda única e a não participação na política comum das pescas.
Tony Blair bem se esforçou por conseguir meter a Inglaterra no euro, mas o trabalho estava feito e não foi Deus que o fez mas sim políticos sérios e visionários.

[...] Na sequência do acordo estabelecido entre o Governo e a administração da empresa de telecomunicações que permitiu um encaixe de 2,8 mil milhões de euros, o Estado teria a receber uma tranche de 450 milhões de euros até 20 de Dezembro do corrente ano. E foi precisamente sobre esta tranche que o Ministério das Finanças, liderado por Teixeira dos Santos, montou uma operação financeira com a Caixa Leasing e Factoring, do grupo CGD para antecipar 300 milhões de euros. Uma verba necessária dada a emergência do Estado para fazer face ao pagamento de salários dos funcionários públicos e compromissos internacionais como o pagamento de dívida pública que vencia em Abril. [...]

Já aqui o disse: despesa no país há só uma; a do estado e a das famílias. Quando o estado consome, as famílias consomem menos. Consumindo menos, porque há menor liquidez, significa poupar menos (porque se consome todo o rendimento e, mesmo assim, não chega), o que gera menor capacidade de investimento; se adicionarmos os milhões que saem dos bancos para o estado, percebe-se a incapacidade da economia se financiar, do sufoco das empresas no mercado e da impossibilidade de aparecerem novos projectos. Não há liquidez porque o estado é sôfrego no consumo.

20.6.11

O Nobre que não o é....

Fernando Nobre não foi eleito, por duas vezes. Tinha afirmado que não ficava mas ficou.
A razão pela qual não podia ser eleito reiterou-a na decisão de ficar: fazer o que sempre fez, enquanto candidato a Presidente da Republica, depois de ter feito afirmações contra o carácter dos deputados. Não foi Presidentre antes, para o 1º cargo da Nação, como não foi agora, para a 2ª figura do estado. Mas ficou no Parlamento, com aqueles que diminuíu, e depois de ter tido um comportamento absurdo, de extrema arrogância.

A saída do euro tem de passar a Agenda Política

O Prof. João Ferreira do Amaral vem hoje, em entrevista ao Diário de Notícias, dar conta do inevitável. a saída de Portugal do euro. Dá conta de mais: a saída tem de "ser airosa" (nas suas palavras) e tem de ser feita enquanto há tempo.
Eu acrescento que é pena que só agora se esteja a ver o inevitável. A saída deveria ter sido negociada há muito tempo, mas como diz a boa sabedoria popular, mais vale tarde do que nunca.
Há, contudo, um princípio a respeitar: aproveitar o tempo, o nosso, e sair airosamente, porque como já afirmei diversas vezes, a saída é inevitável, embora seja bem diferente sair pelo nosso pé ou ser "empurrado".

14.6.11

Enquanto houver um português sem trabalho e sem pão é necessário revolucionar a Nação.

13.6.11

Ministério das Finanças: a obrigatória latitude de pensamentos

A viagem faz-se a uma velocidade considerável. Em economia o tempo é uma medida de aceleração. Quando o tempo gasto para tomar decisões ultrapassa o razoável, as decisões por melhores que sejam já não servem, porque o tempo se encarregou de alterar o cenário económico. Por várias razões de lógica pura, mas acima de tudo por esta, a nível económico é melhor uma má decisão que uma não decisão. Depois, acresce que as decisões são passíveis de emendar, rasurar e substituir. O tempo não se substitui; esgota-se.

A viagem é difícil: o próximo ministro das finanças vai precisar de encarar o que é possível, e não o que é desejável. É desejável que Portugal liquide toda a dívida que contraiu, quer a pública quer a privada. Vale, no seu somatório, 245% do PIB. É desejável mas não é possível. Como é que Portugal vai pagar de capital 2,45 vezes o que produz em todo o seu território, acrescido dos juros da dívida? Não vai. A menos que a economia cresça a 8% ao ano. É possível? Nem em sonhos. Portugal não tem condições de crescer a uma taxa destas. Nunca cresceu. Não crescendo a economia definhará inevitavelmente para todos os portugueses, que verão o seu poder de compra reduzido drasticamente, e durante muitas décadas.

As ideias feitas, os discursos supostamente sofisticados, os pareceres do politicamente correcto terão de ser arrumados na gaveta, ad aeternum. O tempo é de acção, de ideias novas e de coragem feito. A teimosia não tem lugar no horizonte nacional: a sensatez, a par da capacidade de alterar o status quo da política nacional e a forma como se encara a União Económica e Monetária será fundamental. Já não se trata de ser europeísta ou euro céptico: essas são designações e discussões guardadas para períodos de crescimento económico e países ricos. Assim como não são tempos de luxos, como a discussão em torno de políticas mais ou menos liberais: pura e simplesmente o país não se pode dar ao luxo de ser liberal. Nem se pode dar ao luxo de reivindicações sindicais descontextualizadas (e aqui cabem todas). E, por favor, não privatizem tudo a eito, porque há sectores que não podem ser privatizados. E porque o país necessitará mais que nunca, de ter ao seu alcance, activos que sirvam de colaterais.
Este país, o nosso país, está falido: quando são aos milhares os desempregados qualificados (não contando com cursos inventados a que ninguém reconhece utilidade); quando num só ano, 2010, emigram mais de trinta mil portugueses, todos mão-de-obra qualificada, o país de origem falíu. O país de origem é o nosso. Estes são indicadores pesados e que não deixam dúvidas.
É absolutamente necessário encarar de frente a realidade que nos espera, e esperar que a economia consiga cumprir não é realidade, é miríade.
Não temos qualquer hipótese de pagar o que pedimos emprestado, nem agora nem nunca.
Formar um governo onde esta linha de pensamento não caiba é coertar a sua capacidade de acção e a sua agilização, perante problemas sérios que irão estar ao virar da esquina.
O ministro das finanças precisa de ter a seu lado assessores que cubram todo o espectro do pensamento económico e defendam todas as posições possíveis; precisa de ter equipas, desde o primeiro dia, a trabalhar em todos os cenários possíveis, incluindo o cenário do incumprimento.
Portugal tem de chegar primeiro aos problemas e não sistematicamente atrasado, como a Grécia; não assumir as rédeas implica ser conduzido, mal, no nosso futuro, que se casa com o nosso destino.

A viagem, felizmente, não é feita totalmente às escuras. Felizmente a Grécia vai à frente. Um anos depois vemos em que situação se encontra este país e aquilo que vemos não nos agrada. Uma Grécia de mão estendida, conduziu o país a uma situação de bancarrota e de extrema dependência, cada vez mais longe da solução europeia. O regresso ao dracma far-se-á, obrigatoriamente, mas não no respeito do timing grego, tão só no interesse dos economicamente fortes, quando estes estiverem a coberto de qualquer surpresa, depois de estudarem aturadamente os cenários. E no dia em que chegarem à óbvia conclusão que os mercados já aceitam, com alívio, a saída da Grécia da zona euro, seguir-se-á Portugal, de forma rápida.
A isto chama-se ser empurrado. Há uma outra forma de sair: a negociada. Mas para atingir esta solução, assim que ela se mostrar necessária (na minha opinião já lá estamos), o trabalho de casa tem de estar feito. Não basta bradar que uma saída do euro seria desastrosa para o país (discurso da moda e dominante por estes dias): é necessário explicar e demonstrar porquê e esta demonstração, nestes termos, não é possível. Porque todos os caminhos mostram, à evidência, que a saída, acompanhada da obrigatória reestruturação, é mais proveitosa que ficar, até que nos chutem para fora.

3.6.11

Alavancar não é pecado...

Desalavancar uma economia alavancada é retirar-lhe a capacidade mínima de recuperação.
Nota: há sempre uma primeira geração de "não-ricos", que geram o dinheiro inicial alavancando as suas actividades, iniciais e posteriores. Com os países acontece o mesmo: ou têm riquezas naturais ou não, mas precisam de alavancar as economias, sempre, para não ficarem totalmente dependentes dos interesses externos.
Desalavancar o que está alavancado é um enorme disparate que acaba, forçosamente, mal.