30.6.10

Todas as empresas portuguesas são opáveis.
A PT é tanto menos opável quanto maior o peso de capitalização bolsista que tiver.
Vendendo a VIVO, a PT é mais opável. Mais vulnerável.
Oferecer 90% do valor bolsista da PT (que não inclui os 50% de capital na VIVO) por 50% da VIVO mostra o valor desta participação. E continua a crescer.
Os 7,15 mil milhões entravam no país, iam para fundos de pensões e para operações, mas que operações ?
Em África não, porque o tecido jurídico não permite veleidades de investimento baseados em licenças; no Brasil seria trocar uma posição de liderança no mercado por uma outra empresa não líder: estas operações têm um custo elevadíssimo (caso contrário a Telefónica já teria avançado nessa opção).
As Alianças Estratégicas fizeram-se para crescer, ganhar competencias e capacidade financeira, e também para acabarem. Acabam sempre, sendo que a duração média é de cerca de 3 anos e a duração máxima esperada 7 anos. Assim, nada de novo nesta posição da Telefónica.
E nada mais ficcará igual, porque falamos de um mercado importante, de receitas importantes e de um modelo de gestão diferente (que tem sido consensual através de cedencias).
A altura é de procurar parceiros financeiros.
A Questão PT/VIVO.... e Agora o Futuro espera a PT....

A PT não é uma empresa carente tecnologicamente. A PT procurou a Telefónica para ter acesso a recursos financeiros que lhe faltavam e, assim, a parceria surgíu a 50/50 %.
O mercado escolhido foi o Brasil, por razões óbvias: os mercados emergentes e em desenvolvimento apresentam reacções e estímulos que contribuem para um aumento da competitividade e ganhos de mercado impossíveis em mercados maduros.
A escolha do parceiro deverá evitar, também, que um deles tenha uma dimensão muito superior ao outro, para fugir a tendencias de canibalização (como agora pretende a Telefónica).
Mas estará a Telefónica a ser simpática, quando aumenta sucessivamente o valor de aquisição da parte da PT na VIVO ? O último valor oferecido foi de 7,15 mil milhões de piastras.
A resposta é não.
O mercado nacional é pequeno, não elástico, não permitindo taxas de crescimento que alavanquem os recursos e as necessidades das empresas nacionais. Assumindo e verificando esta constatação, percebe-se porque razão a PT está refém do crescimento no exterior - leia-se Brasil - o que não sendo mau, implica uma atenção constante e uma política de alianças continuada, através de operações mistas de capital e competencias, procurando crescer naquelas e minorando até ao zero estas.
O parceiro de capital é sempre silencioso, e quando as empresas estão bem ancoradas nos mercados onde operam, gozam de benefícios de credibilidade, experiencia internacional e condução de negócios através de modelos de gestão reconhecidos, que a experiencia da internacionalização acarreta, os parceiros financeiros avançam, aindaa mais hoje, quando os funods de investimento procuram colocações sólidas dos seus capitais, fazendo face à volatilidade das restantes aplicações.
Contudo existe um risco: a volatilidade dos mercados em desenvolvimento. Mas poderemos hoje, seriamente, apontar o Brasil dentro do negócio específico da VIVO, como um mercado de risco sério para parceiros financeiros ? Não é nas telecomunicações e no México que se encontra o homem mais bem sucedido financeiramente do mundo ?
Qual a dificuldade, então, de encontrar parceiros financeiros que se substituam à Telefónica ?
Porque não parte a PT para a compra da posição da Telefónica, por valor equivalente ao que foi oferecido por esta ? Há ganhos a realizar com a VIVO, empresa que continua a crescer de forma saudável; há um player empenhado - a PT; há procura e desafios.
Vender a participação da PT na VIVO à Telefónica significa a realização de mais-valias mas, igualmente, a perca de presença no mercado brasileiro que tanto custou a ganhar.
Sair de um mercado é sempre mais fácil do que entrar e, uma vez fora, o espaço e quota de mercado são absorvidos, não existindo lugar a segundas oportunidades.
Para a Telefónica, falhar a aquisição da VIVO equivale a abandonar a aliança estratégica com a PT, mas igualmente e de muito maior peso, dispor-se a perder o mercado brasileiro ou a ter de investir, pelo menos, seis vezes o valor que agora oferece para fazer concorrencia à VIVO, com a inerente dificuldade temporal do retorno financeiro.
A PT não pode vender a VIVO.
Os accionistas de referencia têm essa consciencia e só mesmo os especuladores não vêm o que está diante de todos.
O passo seguinte é montar a operação financeira de aquisição da posição da Telefónica na VIVO e passar a lidar com um parceiro estratégico eminentemente financeiro.
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(baseado no livro: "Alianças Estratégicas Internacionais: critérios de selecção de parceiros estratégicos", Ed. CELTA, de minha autoria)