31.5.07


Razões de Globalização....

Não é consensual que a globalização da produção seja uma realidade.
Alguns autores afirmam que o que se verifica é mais uma regionalização da produção.

Em defesa deste argumento, Oman apresenta duas características do processo de produção actual:

1) a parcela de trabalho pouco qualificado nos custos totais da produção decresceu consideravelmente, reduzindo a importância de relocalizar a produção para áreas com baixos salários;

2) a flexibilidade da produção e a especialização aumentou a importância da proximidade entre produtores e consumidores (localização global) e entre produtores e fornecedores de componentes (regionalização da produção, acentuada pela diminuição das barreiras tarifárias dentro dos blocos regionais).

Wells argumenta que as multinacionais americanas organizam a produção numa base regional, pois os ganhos da produção à escala global são pouco significativos, as economias de escala são igualmente importantes e os sistemas mundialmente integrados de produção são mais difíceis de gerir do que os sistemas à escala regional.

A extensão da globalização da produção depende também da natureza da indústria.
A produção de certos bens (como os automóveis) é mais global que outros (têxteis, comida). Estes últimos estão mais sujeitos ao gosto dos consumidores locais, o que torna a estandardização difícil.

As indústrias ligadas às tecnologias de informação, certos serviços (banca, seguros) são mais globalizáveis do que outras indústrias. As indústrias globais vendem os seus produtos no mundo inteiro e integram as suas actividades ao longo de vários mercados nacionais. A natureza, características e estratégias destas indústrias varia consoante a natureza e estrutura dos seus mercados.
Estas e outras razões, que a serem descritas exaustivamente tornariam este texto enfadonho, explicam porque razão algumas empresas nacionais são mais apetecíveis do que outras, fomentando jogos de especulação e futuros incertos.
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O recente exemplo do Millenium BCP é caso paradigmático.
A uma estratégia de crescimento induzida pela vontade de aumentar a influência, quer a nível nacional, quer internacional, mas sem defender a autonomia da instituição e deixando-a, claramente, à mercê de avanços externos, contrapõe-se a vontade de quem, tendo construído a instituição, Jardim Gonçalves, não a quer ver derreter no bolso de um grande banco espanhol.
Até podemos pensar que são todos Opus Dei, mas talvez seja igualmente verdade que uns são mais Opus nacional e outros mais Opus original.
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Entre uns e outros, prefiro os nacionais.
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No meio de tudo isto aparece, sempre, a parda figura (não poderia ser figura parda; não tem estudos para isso) de Joe Berardo, que mais não quer que realizar mais-valias, à custa de quem não interessa.
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Um dia gostava de poder aparecer no meu País, dizer que tinha ganho uma fortuna "lá fora" e comprar tudo o que me apetecesse, sem ter o Estado e o fisco à perna. E sem ninguém conhecer a verdadeira proveniência desse dinheiro, nem sequer se ele me pertenceria, de facto.
Que o homem compra muita coisa e muito de tudo, é uma verdade irrefutável.

29.5.07


O que Costa queria...

"O candidato socialista à Câmara de Lisboa, António Costa, criticou hoje o candidato do PSD por trazer para a campanha eleitoral a questão do aeroporto , afirmando que há muitos assuntos de Lisboa para debater até às eleições".
Claro que há, mas este é um deles e muito, muito importante.
Razões: ser Presidente da Câmara de Lisboa é políticamente mais relevante que ser ministro; porque Lisboa é a capital do País e porque é ígualmente o centro político e administrativo da Nação. Se assim não fosse porque razão se teria candidatado Costa à CML quando era ministro no actual governo?
O lugar permite uma exposição mediática constante e não é por mero acaso que Jorge Sampaio já foi Presidente da República tendo sido só, até esse momento e sob um ponto de vista estritamente político, presidente da CML.
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Porque o assunto OTA é de relevância política nacional, mas não o é menos quando indagada a relevância local, é fundamental conhecer as opiniões dos candidatos à presidência da CML.
Mas porque o assunto é confrangedor para Antonio Costa, acérrimo defensor da OTA, dava mais jeito não falar em tal coisa. Se fosse possível assim seria.
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Muito embora a vontade de governar num Estado autocrático seja clara, a verdade é que não estamos (mal ou bem) no tempo do António e, assim, é possível mandar mas não é possível calar, pese uma ou outra situação que aparece como sombra no horizonte da liberdade de expressão.
Assim, Costa vai levar com a OTA todos os dias e, espero, com todos os candidatos de discurso afinado.

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No fim, que a Portela se aguente, que nenhum dos candidatos obtenha maioria absoluta e que a CML não vá a votos com a esmagadora maioria dos votantes oriundos dos bairros populares, senão, porventura teremos uma grande surpresa.

25.5.07



ValentinaD´Amaro

O que falta....

Conhecimento, rigor e disciplina, atributos que vão escasseando no Portugal de hoje.

deve existir

deve existir uma outra
noite
onde caibamos todos.

inocentemente felizes
a comer laranjas
e a discutir problemas de aromas
de flores.

(Francisco Mangas)

Jogo de interesses...

Já todos percebemos que existe mais do que interesse estratégico na obra da OTA; existe interesse económico e não é nacional!

Demita-se o Ministro já! Congele-se a OTA!
A vida fica mais facilitada para António Costa na corrida para Lisboa.

23.5.07



CoventGarden

Porque andei arredio....

Muita coisa mais o novo blogger!!! Mas, para o bem e para o mal, voltei!
Pelo menos para minha satisfação pessoal e intelectual.

Jamais, Jamais....

Aeroporto na margem Sul “jamais”
O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, criticou hoje violentamente as opções de construção do novo aeroporto numa localização na Margem Sul em detrimento da Ota, afirmando mesmo que, na sua opinião, um aeroporto na margem sul "jamais".

(Alexandra Noronha in Jornal de Negócios)

Num almoço-debate na Ordem dos Economistas, as declarações impensáveis de um ministro impossível.

"Lucy in the Sky...with diamonds"

A margem Sul não tem o quê? Pessoas capazes, hospitais, acessos, condições? É um deserto?

Não tem???

É mentira!! Tem!!! E não é um deserto!

Caso não as tenha de quem é a culpa? E se não são as melhores de quem é a culpa?

Que mal tem a margem Sul?

Servíu, mal, para utilizar políticamente durante anos no tempo da outra senhora.

Servíu, mal, para aproveitar no PREC.

Servíu depois para ostracizar, tanto com governos PS como PSD (o pior terá sido o de Cavaco Silva).

Serve agora para dizer que não presta?

Basta!
Considero que todos os habitantes da margem Sul se deveriam insurgir contra esta argumentação e , pior, este tratamento de 2ª categoria, de lixo, de desigualdade, de iniquidade, impróprio numa sociedade democrática. E falamos de mais de um milhão de habitantes.

Quem estudou Pareto sabe do que falo e porque me irrito.

Quem me conhece sabe que coloco, acima de tudo, a justiça social e a igualdade de direitos e obrigações na sociedade como factores determinantes do seu sucesso. Quem me conhece sabe, também, que sou de direita, direita que se confunde bastas vezes com esquerda (utilizando epítetos já pouco adequados), que resido em Lisboa, mas que nasci e cresci no Barreiro, terra da qual me orgulho e muito, tendo a história da família ligada à história do Barreiro por três gerações.

Quem me conhece sabe ainda que nunca fui sequer socialista; que sem ser filiado em qualquer partido - ainda hoje assim é, por respeitar a minha autonomia - fiz propaganda política pelo PPD em 1975, através da colagem de cartazes no Barreiro, por duas noites, antes das eleições constituintes de 75, numa altura em que o PS pedia autorização ao PCP para colocar propaganda na rua.

Que depois fiz a segurança de Freitas no distrito de Setúbal na primeira vez que concorreu à presidência.

Que saí do Barreiro por discordar e já não me rever no conceito de terra e urbanidade que, entretanto, por erros sucessivos - enormes responsabilidades do PCP - cometidos, transformaram uma urbe onde cultura e política coexistiam, numa outra muito mais desinteressante.

Tudo isto não implica que não mantenha o que tenho defendido: não necessitamos de outro aeroporto. Prolonguem a Portela através de Figo Maduro e utilizem os charters nas pistas de Alverca.

Porque nenhum de nós sabe como vai evoluir o turismo; porque nenhum de nós é garante da verdade quanto ao futuro, mas todos sabemos que somos pobres, que não nos podemos dar ao luxo de consumir o que não temos, principalmente contraindo ainda mais responsabilidades, baseados nos rendimentos das gerações futuras .

Mas, acaso seja cometido esse disparate, o da construção, porque não na margem Sul? Porque não, se se faz um disparate, não se pode fazer aumentando a riqueza de uma região altamente carenciada e dotada de meios, humanos e ainda uns quantos técnicos, desaproveitados, por ausência de actividade fabril?

O sr. ministro é pequeno, quando profere tão absurdas, despropositas quanto deslocadas e injustas afirmações.

O sr. ministro só podia estar num dia mau, numa tarde má, num pós-almoço complicado.

"Lucy in the Sky...with diamonds"