15.7.10

O baixar sucessivamente do rating da República portuguesa, por parte de agencias, como sucedeu esta semana com a Moody´s, mostra claramente que o mundo financeiro não acredita nem no governo, nem na possível oposição como governo.
A proposta de Paulo Portas só pode ser lida e contextualizada neste sentido: união nacional política en torno dos problemas nacionais, como resposta à desconfiança.
O problema reside na falta de arejamento político tão necessário: é que os actores todos, e são muitos, são sempre os mesmos. Mesmo com uma coligação alargada de governo, duvido que a opinião internacional se alterasse.
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Não sei quais os bancos que poderão falhar o teste de stress, ou mesmo se algum falhará, mas o BPI não falha certamente.

9.7.10

Note-se que tudo o que é escrito nada tem a ver com pessoas, mas com conceitos. Assim, a referencia a nomes advem da crítica ao pensamento e não à seriedade que cada um incute nas suas próprias opiniões. No caso concreto da PT/VIVO o que se discute é a noção de estratégico, face ao interesse do país, como no passado se discutíu o interesse estratégico da industria pesada em Portugal. Na altura considerou-se estrategicamente desnecessário e acabaram-se com grandes unidades (CUF/Quimigal, Siderurgia Nacional, Mague, entre muitas outras) que hoje se mostrariam cruciais para o arranque do país (nem estaríamos como estamos, economicamente falando, acaso a industria pesada existisse em Portugal).
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Entretanto as acções da PT estão a deslizar: nada de novo; vamos lá comprar em baixa para realizar mais valias no curto prazo. Para aqueles que definem o market value das empresas, as acções da PT só estariam bem se fosse possível encaixar uns milhões da Telefónica, não porque a PT ficasse bem, mas porque os títulos iriam permitir uma enormíssima especulação, momentanea, que permitiria aos fundos de investimento encaixarem uns milhões e deixarem os pequenos aforradores em maus lençois, quando o valor das acções começasse a cair, em virtude da perca de performance, leia-se resultados, da PT derivada da ausencia de uma operação brasileira chamada VIVO.

8.7.10

Na Quadratura do Círculo, esta noite, José Pacheco Pereira, falando sobre o negócio da PT/VIVO, pretende não ter formação jurídica para se pronunciar sobre uma decisão tomada pelo Presidente da Assembleia Geral da PT, mas pretende ter competencias económico-financeiras para falar sobre o negócio. Porque razão não falou sobre questões de índole e carácter jurídico ? Tem tantas competencias nesta matéria como sobre as outras referidas. Mas não esteve sozinho nas referencias erradas, Lobo Xavier fez-lhe companhia.
A razão para a existencia de alianças internacionais, internacionalizações, tem a ver com dois factores fundamentais: capacidade financeira e, igualmente, capacidade e modelo de gestão.
Um dia o Brasil não necessitará, nalgumas áreas de negócio, da participação de empresas portuguesas ou espanholas. Mas até lá necessita, como a EDP para se internacionalizar na América do Sul necessitou de um parceiro chileno. Porque tem mais competencias técnicas ? Não. Porque conhece o mercado como a EDP não conhece.
Se é importante estratégicamente a posição da PT no Brasil ? Claro que sim, fundamental mesmo.
Nota final: o comportamento bolsista não se rege por resultados e performances económicas e financeiras das empresas, mas por impulsos, por momentos de euforia seguidos de depressão, que nada têm a ver com a performance das empresas ou do comportamento das economias onde estão inseridas. São atitudes meramente especulativas: se assim não fosse, não haveria risco associado à bolsa (excepto o risco mínimo de análise das contas e da sua correcção e fiabilidade).Mas deixem-me ainda perguntar: não sendo fundamental para Portugal estar presente no mercado brasileiro, porque será para a Telefónica (leia-se Espanha) assim tão fundamental ? E não foi a Administração da PT que garantíu ao governo que tinha o núcleo duro contra a venda ?

2.7.10

Presidente da República dixit:

"Desde que se respeite o quadro legal, o Governo tem todo o direito de utilizar os instrumentos à sua disposição para defender o que considera ser o interesse estratégico de Portugal".
Afirmação hoje do presidente da República,Cavaco Silva, nas primeiras declarações sobre a utilização, da parte do Governo, da ‘golden share' na PT para vetar a venda da Vivo aos espanhóis da Telefónica, aprovada por mais de 70% dos accionistas em assembleia-geral.

"O governo considerou que estava em causa o interesse estratégico de Portugal", disse o Presidente da República.
Não deixa de ser curioso, mesmo um puro exercício de hipocrisia, que o país mais protecionista e lobista da União Europeia venha invocar regras, regulamentos e supostas virtudes europeias de combate aos protecionismos.