30.9.11

O Euro no centro da crise.....

Muito embora os países periféricos da Zona Euro (ZE) não tenham feito tudo bem feito, as injecções de capitais e as paragens súbitas desses mesmos inflows, empurraram-nos para a crise financeira.
A esta luz, parece claro que ao invés dos enormes "buracos" serem resultado directo de uma política financeira e fiscal desastrosa ou de consumo excessivo, os défices observados são a contrapartida necessária e inevitável desses enormes fluxos de capitais externos, provenientes dos países mais poderosos da ZE. Igualmente, ao invés de preocupações com taxas de inflação acima da média e deterioração da competitividade desses países, serem sinais de laxismo fiscal e de ineficiências laborais, a valorização do euro, inevitável, é a principal causa das ineficiências, pelos mecanismos que levaram à criação destes défices nas contas-correntes dos países mais fracos na ZE.

Sem retirar culpas próprias - a crise é tão grande que há espaço para todos e tudo - a verdade é que, uma vez adoptado o euro como moeda comum, várias forças se conjugaram no sentido de empurrar as economias mais fracas para situações de crise financeira extrema, independentemente da gestão da coisa pública por parte dos governos.
Mais do que a irresponsabilidade governativa, a moeda comum é, ela própria, a base da crise actual.

12.9.11

Os erros do BCE

Os maus da fita, hoje, são os países que não respeitaram o défice, que gastaram o que não podiam, os que não produzem. Por tanto, terão de ser responsabilizados e pagar a factura. O primeiro a preparar-se para fazer face ao custo é a Grécia.

Mas será que todos os males são devidos a estes malandros que, ao contrário da formiga, agiram como a cigarra?
Não creio.

Por pontos: a política do BCE tem sido direccionada, unicamente, para o controle da inflação na zona euro. Na ultima reunião, onde deveria ter baixado a taxa de juro de referência, optou por a manter. Esta política de manutenção da inflação faria sentido, se acaso estivessemos em fase de crescimento económico, porque uma inflação controlada tem os seus efeitos positivos. Mas não, não estamos. Pelo contrário, vivemos tempos de recessão económica, onde a questão inflacionista não se coloca.

Esta constatação conduz-nos a outra: e se tivessemos a nossa própria moeda, o escudo?
Imagine-se o Reino Unido (RU): não concedeu espaço ao euro e manteve a Libra. Acaso se fala na dívida pública inglesa, pelo menos ao nível do que se fala e especula sobre os países da zona euro? Não. Porquê? Porque o RU pode emitir moeda através do seu Banco Central.
Dir-me-ão: cunhagem de moeda conduz a inflação. Respondo: e é grave? Nem de perto, porque em clima de recessão económica nem acredito que a cunhagem de moeda gerasse qualquer tipo de inflação que se visse.

E no espaço euro? Os países perderam a capacidade de cunhar moeda porque perderam a moeda. Quando surgiram os primeiros problemas, derivados da crise financeira internacional, o BCE virou costas aos países do euro e os países viram-se na necessidade de se financiar internamente, através das instituições financeiras locais, que por seu turno se endividaram externamente. Os países endividaram-se também externamente, por ser impossível financiarem-se só internamente, mas entretanto esgotaram o sistema financeiro local.

Onde entra o BCE (Banco Central Europeu) neste imbróglio? O papel do BCE, desde o início da crise, foi marcado pela incompetência. Porquê? Porque ao substituir-se as moedas locais por uma moeda única, os países necessitavam de um Banco Central que agisse de acordo com as necessidades das economias. Como se constata, financiar as várias economias, atempadamente, teria evitado a exaustão do sistema financeiro dos países da zona euro. Por outras palavras, sendo necessário injectar liquidez, o BCE deveria ter comprado dívida aos países, libertando as instituições financeiras locais dessa responsabilidade. Mas não o fez.

Nas duas últimas semanas começou a fazê-lo, mas tardiamente. Mesmo assim, foi criticado e travado por interesses vários e conhecidos. mas como afirmo, já o fez tardiamente, quando já se encontravam esgotadas todas as soluções.
Agora, não resta outro caminho se não continuar a alimentar as várias economias, com a espanhola e italiana à cabeça. É possível? Não creio. Por estas razões, acredito que o sistema económico, como o conhecemos, está por semanas.
Os tempos que se aproximam são uma incógnita, para a Europa e para o Mundo, mas o fim da União Europeia e do euro está próximo.

11.9.11

Hoje.....




Hoje, 11 de Setembro, para lá das memórias que fustigam as almas e horrorizam o espírito, há uma certeza: acabar com o terrorismo implica acabar, de vez, com a lavagem de capital. Por outras palavras, exige acabar com a corrupção e os negócios ilícitos.

Sair, não sair....

Sair ou não sair da zona euro.
Se a Grécia colapsar - como tudo indica - e sair da zona euro, é impensável o colapso dos bancos gregos, porque não importa se a dívida externa grega está fixada na moeda única: pura e simplesmente os gregos não vão pagar nada, durante muito tempo, e irão reestruturar essa mesma dívida. Não esquecer que terão moeda própria e poderão cunhar a quantidade necessária para financiar a sua economia. A paridade com o euro não é fundamental, como não foi para a Argentina, quando decidiu abandonar a paridade em relação ao dólar, atravessando-se à frente do que eram as recomendações do FMI.
O mesmo princípio aplica-se a qualquer um dos países do euro.

6.9.11

Não há perigo de uma NOVA recessão

O Presidente do Banco Mundial afirma que não acredita que o mundo esteja à beira de uma nova recessão. Claro que não. Não está. Os EUA não criaram um único novo posto de trabalho no mês de Agosto (mão-de-obra rural não incluída, como sempre). Em Julho tinham criado 55.000 novos postos de trabalho. Entretanto têm 14 milhões de desempregados. estes são números animadores, sem dúvida nenhuma. Não, o mundo não vai entrar numa nova recessão; o mundo está a viver a mesma recessão desde 2007. Só que a recessão está cada vez pior e, como já passaram mais de 6 meses, teoricamente já podemos falar em depressão. Mas o senhor tem razão: não há o perigo de uma NOVA recessão. Nova nunca.