10.6.09

O que o CDS/PP tem de fazer até Outubro....

O crescimento à esquerda nestas eleições, implica uma outra leitura; existe capacidade de crescimento à direita, desde que o discurso verta ideias que não se aproximem abusiva e despropositadamente da Europa, bem como defenda um Estado de política económica não liberal, supervisor mas igualmente interventor.

Manuela Ferreira leite e o PSD têm maior dificuldade em fazê-lo, por razões óbvias.
Paulo Portas e o PP estão mais bem colocados para assumir esse discurso.
Por um lado Portas não é, na sua trajetória política, total e imediatamente identificável com a Europa, por outro, tem condições de injectar no partido caras novas, que defendam aquelas ideias convictamente e que, a par de figuras conhecidas do PP, ajudem a transmitir essa perspectiva política e a vontade de mudança. Se assim o fizer o CDS/PP, sózinho, tem condições de ultrapassar os 12% e formar governo com o PPD/PSD.
Se não tiver coragem política para assumir um discurso mais "fechado", as portas ficam claramente abertas para a chegada de uma nova força política à sua direita, que implicará a canibalização do partido.

HartwigDilling

O pior ainda não passou....

Há uma tendência crescente para considerar que o pior da crise financeira já passou.
Não passou, infelizmente; os mercados são , por natureza, eufóricos e o que hoje valem nada tem a ver com a economia real, pelo que vão continuar a subir e a descer por razões que nada têm a ver com aquela realidade.
A economia real continua a descer, sempre, e continuará por 2010.
Desengane-se quem pensar o contrário.

O BPP é caso encerrado para o Estado..e bem.

O Primeiro-Ministro e o Governo têm razão quando falam de diferenças entre a situação do BPN e do BPP. Quando a crise estalou no primeiro, a generalidade da população estava fortemente afectada psicológicamente com a crise financeira. Qualquer movimentto negativo poderia causar uma reacção de histeria, conducente a uma corrida às poupanças, independentemente das instituições financeiras e da sua credibilidade.
Assim, a atitude a tomar agora com o BPP é a correcta, porque a não intervenção neste banco não acarreta qualquer risco para o sistema financeiro na generalidade.
Fica, contudo, por explicar porque razão a intervenção no BPN foi descurada do ponto de vista dos interesses dos contribuintes, pela forma como se revestíu.

8.6.09

O que espero hoje do dia de ontem...

As eleições para o Parlamento Europeu mostraram uma vez mais o desinteresse que merecem, por parte dos eleitorados dos países que não são, claramente, os mandantes desta Europa de caciques, da Europa dos fortes e dos fracos, uns eternizados fortes e outros eternamente fracos.
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Os eleitores não podem sentir apetência perante um projecto cartelizador de algumas economias, correspondentes a um número reduzido de países, que se constituem num directório imponente e redutor em relação aos interesses dos demais. Assim mesmo percepciona a Europa Durão Barroso, sabedor que está da importância de gozar do apoio de alguns, poucos, para garantir o cargo de presidente da Comissão.
Se é verdade nesta matéria, é verdade em todas, como bem sabemos. Mas este directório até poderia não ser mau se os interesses, como sempre o são por definição, não fossem egoísticos. Para além, claro, da própria organização da União Europeia que até podia ter a mesma moeda, mas comportar-se como uma Zona de Comércio Livre.
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No geral, as políticas despesistas dos governos socialistas foram penalizadas; a primazia do conceito de que a estrutura gasta primeiro e procura as receitas depois, a par de uma atitude passiva para com a economia e os mercados, conduz a crises políticas, sempre aceleradas quando se conjugam com crises económicas e financeiras.
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Por cá ficou claro que o governo perdeu, por ora, a base de apoio que lhe permitiria sustentar algumas decisões polémicas, que começam nas grandes obras públicas e acabam nos chips das matrículas dos automóveis. Se, a meses das eleições, se pede acção governativa e não mera gestão, também se pede contenção na decisão de investimentos que podem esperar algum tempo mais até serem postos em marcha. Estes investimentos, por serem pesados e de difícil ou mesmo impossível recuperação económica, implicam um esforço enorme para as gerações vindouras e para qualquer acção governativa; hipotecar o futuro próximo, mais do que já se encontra, sem saber ainda o custo interno de toda a turbulência financeira e económica mundial é, claramente, um colossal erro de gestão. Pretender avançar com investimentos desta envergadura implica incluí-los no programa eleitoral e sujeitá-los ao voto popular. A meses das eleições não faz sentido que não se meça, pela vontade do voto, a vontade da população em avançar por caminhos megalómanos.
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Os resultados de ontem acresceram à ética que deveria presidir nestas decisões - o adiamento até ao período pós-eleitoral - um outro factor determinante: a falta de legitimidade para empreender investimentos públicos ou, mesmo, tomar medidas impopulares, como sejam os já mencionados chips nas matrículas, expressão menor de uma outra maior: coertar os direitos, as liberdades e garantias consagradas na Constituição.
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O voto de ontem expressa insatisfação com o caminho tomado pela governação em Portugal.
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Ontem não votei Europa: ontem votei para que o partido Socialista fosse travado nas suas intenções. Ontem depositei nas mãos da oposição a responsabilidade de travagem da política socialista suicida. Hoje espero que a oposição faça bom uso do poder que lhe foi conferido, legitimamente e que o Senhor Presidente da República faça a leitura correcta dos resultados eleitorais.
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Ontem não esteve em causa quem é que obtinha mais uns tachos em Bruxelas; ontem esteve em causa a condução política de Portugal e a resposta foi clara: ASSIM NÃO!