A propósito de "O Referendo e o Futuro da Construção Europeia" no bloguitica
A análise efectuada, de uma forma ligeira mas que pretende desmistificar a discussão, poderia ter alguma validade caso se tratasse, de facto, de uma questão emotiva, montada e alavancada em argumentos básicamente considerados na esfera do sentimento nacional, do património histórico, das ideias e convicções dos povos aglutinados em espaços geográficos. Se assim fosse, os motivos em meu entender já seriam suficientes, mas aceitaria que se pudessem considerar intenções emocionais e, acima de tudo, estéreis na argumentação, perante os sinais evidentes de perca da identidade colectiva, transmitida nas argumentações políticas, nos manuais escolares e na ausência das ideias. Todos temos o direito de valorizar mais ou menos as situações e os temas, de acordo com a importancia relativa que lhes atribuímos e os ensinamentos recolhidos.
O problema - para dor da alma e nossa infelicidade - não se resume a esse argumentário, mas ultrapassa-o largamente na vertente económica. O tempo da construção europeia já lá vai. A década em que o dinheiro virtual circulava à velocidade das ideias foi a de 1990. Se a aproveitámos bem ou menos bem, ou mesmo mal, são contas de outro rosário.
Este, com que agora nos confrontamos já não é um tempo de convergencia. É total e integralmente um tempo de divergencia e, quanto maior o aprofundamento, maiores as divergencias entre as economias europeias, bem como a sua capacidade de intervenção política.
Para países como Portugal significa ficar irremediávelmente atrasado (a estrada é unica e não permite ultrapassagens), definitivamente dependente da boa vontade (leia-se esmolas ou indemnizações, como se quiser) da "boa e velha" Europa que nunca se preocupou connosco e, bem pelo contrário, mostrou sempre distanciamento e mesmo desprezo pela nossa cultura e história. A marca Portugal não existe.
Há uns anos atrás, um reputado cidadão europeu, alemão de origem, dizia num circulo fechado, numa conversa "política": " Na futura Europa e no espaço de 20 anos, Portugal representará para os parceiros europeus o mesmo papel que Cuba de Fulgêncio representou para os EUA".
Esta conversa passou-se em 1992.
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