31.1.05


Hazel Soan Posted by Hello
A Viagem

Livre, isento, transparente,
Reluzindo na sua infinita bondade,
O Espírito vagueia presente
Na presença do sonho que o invade

A memória viva, segreda,
Num murmúrio audível, rouco,
Que a Vida traz e leva
E Quem não aproveita é Louco

Quantos feitiços ou querelas de Merlin,
Quantos sapos e mostrengos intuídos,
Nos invadem, nos incitam num sem fim
A Cometimentos e Feitos prometidos

A procura, a luta, a destreza,
Na busca incessante de um porto de abrigo,
Balança-nos de vaga em vaga, com leveza
Da suposta segurança ao eminente perigo

Damo-nos conta que cartas já não temos,
Apontamos então a Norte,
O vento muda, a tempestade abranda,
Mas logo aumenta e de maneira que tememos
que a luta recomece.
Vem aí nova demanda

Procurámos o conhecimento, o Conhecido.
Violámos princípios em nome do perigo.
Abrandamos a marcha, recuamos no tempo,
Analisamos a alma, o sentimento

Deitamos então fora a bússola,
o compasso, o sextante,
Navegamos à bolina, ao sabor do vento.
O horizonte é o Destino distante
A Viagem uma ode ao Talento

E quando pensamos estar certos
no errante caminho,
Num mar imenso, de um azul pungente,
Sem vento, ondas ou marés
Vemos, admirados, um brilho verde, reluzente,
Uma ondulação que não engana,
uma brisa refrescante
Que indica claramente que a terra se encontra não distante

Decidimos e aportamos.....
vencido que está o quebra-mar.
O verde, que víramos, compósito de um conjunto
homogéneo e resplandecente,
Mostra-se em toda a sua força, brilhando intensamente.

Meio coberto, é certo, descortinamos animal
Belo, vibrante, vivo e lesto.
Deusa Leoa que nos mede os movimentos,
esquadrinha o espírito, testa os intentos.

Quedamo-nos! Estamos em terra que não conhecemos.

Aprazível, acolhedora, porto de abrigo por certo,
mas por ora só admiramos.
Admiramos e não nos mexemos
mas foi do nada que lá chegámos.


(João Fernandes)

30.1.05

A ouvir, com atenção

LoopLess, boa música feita em Portugal. Posted by Hello

Kees Van Dongen
Kiki de Montparnasse Posted by Hello
Amar dentro do peito

Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.

(Barbosa do Bocage )
Olho no espelho e vejo-me,
Igual, sempre igual, nada alterado.
O tempo passa e protejo-me.

Olhando todos os dias, o tempo fica parado.


(João Fernandes)

29.1.05

Sábado à tarde, momentos de reflexão
e leitura.

Domenico Gnoli, 1967 Posted by Hello

28.1.05

Atrás de Tempo, Tempo Virá

Procuro entre as vagas do tempo
Uma doce candura, um sustento.
A vida que já corri,
Todo o momento.

Descubro, entre ventos e marés
O que quero, o que não quero, os revés.
As virtudes da vida, os solavancos,
As delícias e encantos.

De quem já viveu
Mas não o suficiente.
De quem procura Morfeu,
O inconsciente.

Procuro e encontro.

Na vida que me espera.
Na que já vivi.
No monumento de pedra.
No risco que corri.
Na ideia que tracei.
No homem de giz,
No estirador do pensamento
Onde tracei os sonhos.
Sonhos que vou percorrendo
Enquanto sigo os desenhos.

(João Fernandes)



Bom Dia

William Merritt Chase, 1887 Posted by Hello

27.1.05

Adaptação livre, muito livre de "Uma Ilha na Lua" de William Blake


"Vou começar outra vez", disse o Cínico.
"Rompeu Sócrates empertigado,
Enxuto e de queixo arredondado,
Que gostaríeis vós de receber?"

E o povo perguntou: " E quem é Sócrates , meu Senhor?"
O Cínico respondeu rápidamente:"É o deus da Medicina, Pintura, Perspectiva, Geometria, Geografia, Astronomia, Química, Mecânica, Táctica, Fraseologia, Mitologia, Astrologia, Osteologia, Somatologia, Teologia, Patologia e até Culinária - numa palavra, todas as artes e ciências são para ele como as contas do colar ao pescoço."
Chegados aqui, o Povo mostrou-se espantado e perguntou ao Cínico se Sócrates percebia também da Arte da Gravura.
Respondeu o Cínico que sim senhor, que sabia.
"Os pagãos na antiguidade costumavam ter deuses que veneravam e a quem faziam sacrifícios. Vocês devem fazer o mesmo com Sócrates agora", rematou o Cínico.
"Ah", disse o Povo, "E o Outro, também é tão instruído ?"
"Não", disse o Cínico. "Como é que podes ser tão néscio que penses que é?"
"Oh, eu não penso que ele é - só perguntei se é," disse o Povo.
"Como é possível pensares que não é e perguntares se é?" disse o Cínico.
"Oh não, Senhor. Eu pensava que sim, que ele era, antes de me dizer, mas depois fiquei a pensar que não é."
Diz o Cínico: " Em primeiro lugar pensavas que era, & depois, quando eu disse que não é, já pensavas que não é. Bem, eu sei que -"
"Oh, nada disso Senhor, eu pensava que ele não era, mas perguntei para saber se ele era."
"Como é que isso pode ser?", exclamou o Cínico. "Como é que podes perguntar, & pensar que ele não era?"
"Bem," disse o Povo, "veio-me à cabeça que ele não é."
"Mas porque é que então", insistiu o Cínico, "disseste que ele é?"
"Eu disse isso? Caramba! Não pensava ter dito tal coisa. Mas o que eu quis dizer. Eu - eu - eu não consigo pensar.. Caramba! Senhor, bem gostava que me dissesse como é que isto pode ser."
Então o Cínico pôs o queixo na mão & proferíu: "Sempre que pensares, deves pensar por ti mesmo."
"Mas como, Senhor! exclamou o Povo. "Sempre que penso devo ser eu a pensar? Mas eu penso que sim. Em primeiro lugar - ..."
"Ora, ora!" disse o Cínico. "Não sejas parvo." O Cínico então pôs-se a pensar: qualquer burro nato há-de dar um espertalhão , desde que seja devidamente educado. Se depender de mim, o Povo daqui a onze anos há-de ser um génio muito superior.
Neste momento fazem a sua entrada os Outros três filósofos, ( são cinco ao todo, contando com o Sócrates e o Outro ) dizendo em uníssono: "Vamos Povo! Diz lá qualquer coisa."
O Povo começou então: "Em primeiro lugar penso, eu cá penso em primeiro lugar que Sócrates é muito bom em Medicena, Fologia, Pistinologia, Aridologia, Arografia, Metamorfografia, Focinhografia, Suínogamia, Hinotomia, & atudo isso, mas, em primeiro lugar, ele comer minto pouco, suminalmente & ódepois morre!"
E foi assim que saíram todos da sala, & eles não puderam continuar a conversa neste propósito.
nota: o Cínico saíu de braço dado com os três filósofos da esquerda, de quem está orientado para a direita da plateia.

Na vida sentida, vivida, esfolada, sentida, amada, partilhada, vivida, gozada, esforçada, encontro o gosto agri-doce da existência sublimada, da razão orientada, dos comportamentos cinzentos ou de cores garridas, das acções irreflectidas ou pensadas, do carinho recolhido, da ternura expendida, do amor tantas vezes esbanjado, outras bem aproveitado.
Enfim! O esplendor da vida, dada e recebida.

Bom Dia!

26.1.05

DIES IRAE

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do dedo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

( Miguel Torga )

Degas Posted by Hello
A vida desconhece o perdão,
A vida sempre perdoa, contudo.
Estranhos desígnios serão....
Dirão vós. Eu fico mudo.

Mas o mundo não presta, afirmam.
Pelo contrário!... É belo, lhes digo.
Se movido pela sedutora paixão
De uma relação, de um abrigo.

Um homem vale porque ama,
Na alma ardendo em desejo.
Nas paixões loucas em chama,
Corpos nús, lábios num beijo.

( João Fernandes )


Qualidade, muita qualidade no erotismo na cidade.

25.1.05

A crescente tentação de abraçar estrepitosamente o federalismo conduzirá ao mais que provável desaparecimento do Estado-Nação como o conhecemos e, com ele, à morte anunciada da política. Qualquer que seja a tradição de enquadramento do debate político, este exige um corpo político. É o corpo político que permite aos cidadãos de um país expressarem, na obediência às leis, o seu "patriotismo institucional". No mundo complexo de relações que se tem criado cada vez se torna mais difícil e penosa a missão da política em ser instrumento organizador da vida dos homens em sociedade, surgindo sim, já quase como uma actividade secundária e inadaptada aos problemas colocados na actualidade. A crise de políticos e de ideias políticas advém desta dificuldade adaptativa. Perde-se a organização piramidal do poder, perdendo-se a componente hierarquizante da lei. As grandes decisões já não originam as pequenas decisões. A crise da concepção espacial do poder repercute-se, assim, na formação das decisões. O debate político, entendido como debate de princípios e ideias, debate ideológico, sobre a organização da sociedade, esfuma-se, desagrega-se, reflexo da desagregação do processo de decisão e da sua profissionalização. Numa democracia avançada é cada vez mais difícil à classe dirigente conseguir uma visão geral das questões, sendo mais visíveis os interesses particulares, das grandes empresas, dos estados mais ricos, dos "lobbies" poderosos que não funcionando gratuitamente, tenderão a beneficiar aqueles em detrimento dos mais pobres. A actividade de "lobbie" não significa, forçosamente, algo de reprovável moralmente, e na maioria das situações não o será, mas no jogo de interesses na obtenção da informação, impera cada vez mais a lógica do "saber é poder". O engano existe na ideia generalizada de que o interesse geral nasce, naturalmente, da confrontação honesta e honrada dos interesses particulares.
A política existe como resultante de um contrato social que precede e ultrapassa todos os interesses particulares. Se se abandonar este princípio, reduzindo a política a uma ferramenta de "mercado", o espaço de que dispõem os políticos ficará irremediávelmente ameaçado, tendendo a desaparecer, pela simples razão de não ser possível ao mercado fixar valores para o interesse nacional, delimitando a equidade e solidariedade exigíveis. Se o colectivo nacional não é um dogma mas sim uma opção, ninguém disporá dos meios capazes para fundamentar essa opção com critérios idênticos aos que guiam a sua acção na gestão dos próprios interesses. Não há dogma económico que se possa substituir à evidência geográfica e histórica de uma nação. As democracias liberais sempre distinguiram e fizeram questão na distinção, entre esfera pública e privada, conciliando a lógica unidimensional dos interesses com a tradição humanista de que toda a pessoa é um sujeito. O cidadão moderno era um ser bidimensional, preservando uma certa unidade interior em cada uma das facetas da sua vida. Abandonando o postulado da proeminência da política, a separação entre público e privado banaliza-se, pulverizando a ideia de próprio sujeito, pilar fundamental da democracia liberal. O mesmo homem pode pertencer, em simultâneo, a um partido político, a uma administração de empresa, a uma associação representativa dos cidadãos, mas perante a impossibilidade de se dividir infinitamente, não escapará a um conflito de interesses. Assim, quais os problemas a tratar e como os hierarquizar. Ao perder a dimensão temporal, fechando-se em situações em vez de se organizar à volta de princípios, o debate político esvazia-se de substância. O passo seguinte é a "mediatização" em crescendo a que se assiste hoje em dia, para gáudio dos "media", em que o efémero se substitui à consciência de um destino comúm, vivido em continuidade.
O homem político, a par do jornalista, organiza as percepções colectivas. Vivem um do outro, gerem o tempo e a imagem. As conferências de imprensa ultrapassaram, em mediatismo, as cimeiras de chefes de estado. A televisão impõe o seu ritmo ao próprio debate político. O político tenta gerir percepções, tão efémeras quanto os interesses que as sustentam. Temos, doravante, uma sociedade fragmentada, sem memória, que só encontra a unidade na sucessão das imagens que os "media" lhe devolvem de si mesma, a cada semana.
Talvez assim se perceba a polémica, feita de avanços e recuos, em relação aos frente a frente televisivos, protagonizada pelos actores levados à boca de cena, neste acto de eleições legislativas. Uma má "performance" e a sala fica às moscas.
Desde a sua origem - a cidade grega, a polis - a política tem sido a arte de governar uma colectividade de homens definidos pela sua ligação a um determinado lugar - cidade ou nação. Se a solidariedade não está já confinada à geografia, se acabarem as cidades, as nações como as interiorizamos, será que poderá haver política ?
Soneto
Pára-me de repente o pensamento
Como se de repente refreado
Na doida correria em que levado
Anda em busca da paz do esquecimento.

Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado.
Pára e fica, e demora-se um momento.

Pára e fica, na doida correria.
Pára à beira do abismo, e se demora.
E mergulha na noite escura e fria.

Um olhar de aço, que essa noite explora.
Mas a espora da dor seu flanco estria,
E ele galga e prossegue sob a espora....

( Angelo de LIma )
Bom Dia

Edward Hopper Posted by Hello

24.1.05


Em 1895 abre, em Paris, a galeria "Maison de L ´Art Nouveau",
onde são expostos objectos de joalharia, de novo desenho,
denotando grande influência oriental. Em 1990, na Exposição
Mundial, René Lalique converte Paris na capital da joalharia,
com o retumbante êxito da sua nova colecção de jóias, da qual
a imagem reproduz uma pregadeira em forma de libélula. Posted by Hello
Também Sou Candidato

O Meu Programa

Área Política e Social:
  1. Função Pública - não haverá redução de postos de trabalho nos próximos quatro anos. Será feita uma reavaliação funcional e recolocados todos os funcionários que apresentem taxas de produtividade, nas funções que actualmente desempenham, abaixo dos 65 %. O Estado será empregador líquido nos próximos quatro anos, garantindo um desemprego estrutural que não ultrapasse os 4 %. Tendo em vista os objectivos descritos, o Estado procederá a cortes salariais - com excepção das forças militares, militarizadas, policiais e de segurança - por escalões de vencimentos actuais, que implicarão, no escalão mais baixo reduções de 7,8 %, nos escalões intermédios 10,6 % e nos escalões mais elevados 17,4 %, estimando-se uma redução média nos vencimentos de 9,3 %.
  2. Educação - não se procederá a qualquer reforma educativa nos próximos quatro anos. Igualmente os manuais escolares do 1º ao 12º anos serão os mesmos, pelo menos nos próximos quatro anos, evitando despesas às famílias. No final da legislatura o ensino universitário público será onerado, estimando-se que as propinas anuais oscilem, consoante os cursos, entre os 5.000 euros e os 15.000 euros. O aumento das propinas seguir-se-á a um esforço por parte do Estado, nos próximos quatro anos, de dotar as universidades públicas com os mais modernos meios de investigação disponíveis, bem como garantir uma massa cinzenta ao nível docente elevada e de inquestionável qualidade, recorrendo, se necessário, a docentes não nacionais. Os alunos abrangidos por estas novas medidas verão os seus cursos serem financiados pelo Estado, o qual será ressarcido, por prestações mensais no valor e quantidade a acordar com o formando, após a entrada deste no mercado de trabalho. O pagamento referido poderá sê-lo em parte por prestação pecuniária e noutra parte por serviços prestados nas comunidades onde estejam inseridos.
  3. Saúde - acréscimo substancial da formação em medicina e áreas afins, pelo aumento da oferta do ensino público, bem como pela possibilidade dos cursos serem abertos à iniciativa privada, desde que sejam ministrados por entidades com ligações sólidas e comprovadas a unidades hospitalares igualmente privadas. Todos os reformados e pensionistas, sem excepção e independente do montante de transferencias que recebam do Estado, terão direito a saúde gratuita, quer no SNS, quer nos hospitais públicos. Os contribuintes e familiares de contribuintes líquidos para o Estado, terão direito a assistência hospitalar nos moldes actuais, devendo reforçar-se a ideia da necessidade da constituição de seguros de saúde que cubram eventuais percalços. Em quatro anos, todos os contribuintes deverão fazer prova de terem subscrito um Seguro de Saúde com entidade financeira estável e credível.
  4. Reformas e Pensões - serão aumentadas por escalões e gradualmente, no próximo ano, pois a vida não pode esperar, estimando-se que o escalão mais baixo seja aumentado em 25 % e o mais elevado em 3,5 %. A cobertura do aumento de despesa gerada, será garantida pelas medidas descritas na área económica, pelo aumento da disponibilidade das famílias, pelo aumento de liquidez das empresas e consequente aumento da verba a receber pelo Estado, proveniente da cobrança de impostos.
  5. Policiamento - aumento do policiamento nas áreas urbanas e rurais. Aumento da capacidade de intervenção das forças policiais, pela sua crescente responsabilização. Aumento dos efectivos. Diminuição da taxa de criminalidade existente para metade, nos próximos quatro anos.
  6. Eleições e votos - manter-se-á o presente sistema de atribuição de lugares parlamentares. Envidar-se-ão esforços no sentido de fazer promulgar legislação que permita aumentar o período legislativo de quatro para cinco anos. Que as maiorias qualificadas sejam obtidas, em segundo mandato consecutivo e exclusivamente neste, com únicamente 33 % dos votos expressos, através de um sistema de atribuição de lugares no Parlamento Nacional que despenalize o exercício do poder, no primeiro mandato. Procura-se, assim, que as legislaturas sejam cumpridas integralmente nos primeiros cinco anos e que, a haver segundos mandatos, o sejam em pelo menos três anos, restando, no máximo dois para atitudes eleitoralistas. Dois em cada dez anos e não, como actualmente, dois em cada quatro anos.
  7. Após o segundo mandato a atribuição de lugares volta a efectuar-se como se de primeiro mandato se tratasse.

Área Económica:

  1. Investimento do Estado - o Estado caminhará no sentido do aumento do investimento público, até que este represente cerca de 12,5 % do investimento total. A capacidade geradora de receitas, por parte do Estado, esgotado que está o modelo dos impostos directos e indirectos, passará no futuro pela geração de receitas provenientes de investimentos públicos efectuados, pelo efeito da multiplicação.
  2. Famílias - o endividamento das famílias é demasiado elevado. Nos próximos 18 meses regulamentar-se-á a actividade bancária e para-bancária de forma a que o financiamento ao consumo seja efectuado com respeito pela integridade do equilíbrio financeiro das famílias, da honra e do bom nome a que todos têm direito.
  3. Medidas de excepção - Todos os créditos concedidos às famílias serão objecto dos seguintes ajustamentos: capital - redução de 25 % do capital incial em dívida. Juros vencidos - redução de 80 % do seu valor, com novo plano de pagamentos. Juros vincendos - recalculados com base no novo valor de capital em dívida, não podendo a taxa de juro ser superior ao somatório resultante da taxa de juro de referencia do Banco Central acrescida da taxa de inflacção e de um "spread" nunca superior a 1,25 %.
  4. Impostos na Banca - regime de excepção para o sector bancário, nos próximos quatro anos, não devendo o sector em impostos pagar, em média, mais do que 7% dos resultados apresentados.
  5. Salários - pacto de regime com as empresas. Congelamento dos salários nos próximos quatro anos, em consonância com idêntica medida a tomar pelo sector público.
  6. Emprego - Obrigação das empresas em aumentarem os postos de trabalho, por cada ano, em 4,5 %, tendo como base de cálculo o número de funcionários no exercício anterior.
  7. Congelamento da actividade sindical e patronal durante os próximos quatro anos, quando entendida como interventiva socialmente e desestabilizadora. Continuação do diálogo com as centrais sindicais, bem como com as entidades patronais, com sentido de Estado e virado, o diálogo, para a a construção e rectificação do que se entender necessitar de melhorar e/ou modificar.
  8. Qualidade de Vida - análise às condições urbanas. Promoção da concorrencia entre edilidades. Revisão da lei do arrendamento. Atenção às externalidades. Promoção do investimento nacional e estrangeiro, baseando a captação num aumento exponencial da formação da mão-de-obra disponível, em articulação com a política educativa e os polos de desenvolvimento científico e industriais.

É fácil promover um programa, fazer umas contas e prometer coisas. O mais difícil é cumprir, principalmente num País que apresenta cada vez menos soluções, onde não existe capacidade de impôr medidas de excepção e que se encontra cada vez mais dependente do exterior.


Manhã cinzenta, enevoada,
Fria, densa e constrangida,
A cor onde anda.... foragida.
A alma, essa, está apagada.

A bruma toca-nos envolvente,
Procurando ela própria o calor.
Sente-se nos ossos essa dor
No corpo sonâmbulo, dormente.

O Sol é luz, vida, existência,
É presença obrigatória.
Manhã assim... sem glória,
Dispenso-a, em consciencia.

(João Fernandes)


Bom Dia

Pissarro Posted by Hello

23.1.05

Homenagem

Winston Churchill.
Vulto incontornável da História Universal Posted by Hello
E todos os outros ?
Está prevista para amanhã o início de uma vaga de frio intenso em Portugal. Não chove, ressente-se a economia, a saúde e a temperatura. Todos os três baixam na exacta medida da diminuição da pluviosidade.
Penso naqueles que não têm abrigo, em todos os outros, que por precárias condições financeiras, embora abrigados, não gozam dos privilégios dos aquecimentos e de roupas próprias para dias de Inverno frios.
Não estamos habituados ao frio - só de alma.
Espero que a vaga não passe disso mesmo, de uma previsão.

Outros prazeres. Posted by Hello
Thomas Chatterton (1752-1770), um jovem poeta de Bristol, suicidou-se aos dezassete anos de idade. Escreveu versos em inglês arcaico atribuindo-os, contudo, a autores forjados, nomeadamente Thomas Rawley, um monge que teria vivido no séc. XV. Chatterton era afinal o autor dos manuscritos que dizia ter encontrado na igreja de St. Mary Redcliffe, em Bristol. Apesar de ter sido denunciado em meados de 1769, o que levou a que quase todos os seus escritos seguintes fossem recusados pelas revistas literárias, a discussão sobre a autenticidade dos poemas e dos manuscritos continuou noa anos seguintes. Em 1777 foram coligidos e publicados em livro, pela primeira vez, os poemas de Thomas Rawley. Em 1803, numa edição por subscrição, saíram finalmente como obras de Chatterton.
É quase impossível não deixar de traçar paralelismos com certos comportamentos actuais. Se as situações parecem atrair a curiosidade são de imediato exploradas, independentemente da sua qualidade. Thomas Rawley era tão conhecido quanto Chatterton, mas uma diferença existia: enquanto o primeiro vivera no séc. XV, o segundo era contemporâneo no séc. XVIII e um total desconhecido. A obra, em inglês arcaico, foi alvo de publicações e posterior discussão, porventura sendo estes, sinais de uma evidente qualidade então reconhecida. Contudo Chatterton, após as primeiras denúncias, não mereceu, sequer em nome próprio e já sem qualquer embuste, que a sua obra fosse publicada na imprensa da época. Tinha ou não qualidade ? Valia pela antiguidade, mais do que pela erudição ? Se sim, porque razão foi publicada por mais duas vezes, a última das quais em nome do legítimo autor ? E será a antiguidade das coisas sinónimo imediato de merecida atenção ? Ou deverá a qualidade imperar, em todas e quaisquer circunstancias ?
Inclinamo-nos para esta última. Definitivamente. Bem como defendemos que a qualidade, salvo honrosas excepções, é um dom que se pode ter, mas igualmente perder. Por exemplo, a idade faz-nos perder algumas qualidades. Essa perca pode ser mais ou menos notória, mas existe, pode ser mais ou menos tardia, mas será inevitável. Quem já produzíu com qualidade pode deixar de o fazer. As obras - no sentido isolado do termo - ao contrário, quando são credoras de admiração sê-lo-ão sempre, porque a obra é estática, não sofre erosões,é eterna. As obras, quando consideradas no seu conjunto, são mutáveis, tanto pela evolução, como pela demonstração de retrocesso. Nesses momentos, particularmente, a opinião sobre o seu criador degrada-se, são subvalorizadas. A evolução implica, bastas vezes, a divisão do acto criativo em períodos. Estes são depois avaliados e catalogados como mais ou menos ricos, de maior ou menor exaltação das capacidades e génio do seu autor.
No nosso País estamos repletos de exemplos de qualidade, que demoraram o seu tempo a pontificar e fortalecer merecida fama e de outros, que sem qualidade, mas por estarem na "moda", foram guindados para patamares que o tempo se encarregará de colocar nos devidos lugares. O tempo é um amigo fiel da verdade das coisas. Nada lhe escapa.
Também na política estes princípios se aplicam. Senão como explicar que Mário Soares afirme que o povo português é "burro" caso não dê uma vitória clara, por maioria absoluta, ao PS e que Freitas do Amaral apele ao eleitorado do PSD que não vote em Santana Lopes. É o ocaso de duas figuras públicas, com lugar na história de Portugal, o segundo com intermitências de avaliação e o primeiro destinado a pertencer à galeria dos famosos, porventura na sala dos horrores. Nada que apoquente o Dr. Mário Soares, que se fosse católico, creio eu, até preferiria o inferno......eu preferiria e sou católico. Os meus amigos ou já foram - felizmente ainda muito poucos - ou irão todos lá parar. Que seca que seria então o Céu......

22.1.05

Bom Dia

Edward Hopper Posted by Hello
"Podem os indivíduos levar vidas separadas no tempo e no espaço, mas, no fundo, muito para além do espaço e do tempo, podemos ser todos parte de um mesmo corpo".
Einstein e Freud juntos, o melhor de dois mundos, na concepção de Durrel, ou a influência hindu num espírito ocidental.
A interacção entre universos paralelos, um interno ( a mente ), outro externo ( o meio ) e a interacção com a alma - os vários egos.

21.1.05

Sabedoria
É necessário recuperar a sabedoria, no sentido mais amplo do termo, o mesmo é dizer, preservar a independencia de espírito, não só das armadilhas da ditadura do pensamento e acção política, mas sobretudo do empobrecimento das consciências.

( João Fernandes )
Fundamentação Fiscal
A coerção política do Estado justifica-se pelo objectivo redistribuição, atendendo à impossibilidade de confiar na redistribuição voluntária.
Em períodos recessivos, se o Estado optar por uma política contraccionista, aumenta o número de empresas que fecham, o número de desempregados cresce, o montante das transferencias para as famílias aumenta, - i.e., fundo de desemprego - aumentando a despesa pública não produtiva e diminuindo a receita fiscal. Aumenta, concomitantemente o défice, pelas piores razões. Mas serão todos os défices maus ?
Não, até os há bastante saudáveis e virtuosos, desde que correspondam a geração de riqueza e capacidade de reembolso. O problema é, então, qualitativo - como se gasta!.
Mas esta capacidade exige competências reforçadas de gestão da coisa pública, exigindo, simultâneamente, crescente responsabilização pelos resultados obtidos na gestão pública, pela receita e despesa.
Sem estes atributos não existe capacidade de fundamentar a coerção política fiscal sobre os contribuintes, pois estarão estes a dispôr de valores que muito para além de cumprirem a sua obrigação social, são utilizados erradamente, perdendo a sua capacidade multiplicativa.
Porventura, o Estado português, à míngua de receitas fiscais e inexistência de receitas extraordinárias, se veja forçado a jogar todas as semanas no euro-milhões, no totoloto, totobola e lotaria e ainda necessite, perante a incerteza das citadas fontes de rendimento, de jogar nos casinos, na vermelhinha e toda a espécie de raspadinhas que proliferam no mercado. Ou talvez, nesse dia, quando as receitas forem muito diminutas se assista a uma aplicação correcta dos dinheiros colocados à disposição do Estado. Mas o tempo perdido já terá sacrificado mais uma ou duas gerações de portugueses.

Bom Dia
Ian Sidaway, aguarela Posted by Hello
A Receita do Dia

Miami Beach
Num shaker meio-cheio de cubos de gelo, deitar:
  • 4/10 de scotch (ou bourbon)
  • 3/10 de vermute branco seco
  • 3/10 de sumo de laranja

Agitar e coar directamente para copos longos.

20.1.05

Razões para a miséria....

Não é possível separar o trigo do joio, quando se fala em condições de vida, bairros degradados, consciência cívica, humana e paternal, condições económicas e assistência social.
Os bairros pobres, da periferia, existem porque o estado-providência não funciona. As famílias são empurradas para vidas que não queriam, para ambientes que detestam, de início, mas onde após alguns meses de integração acabam por se adaptar. Que remédio! As carências são muitas, a todos os níveis.
Quando somos acordados com a notícia de que uma casa ardeu e morreram duas crianças ente os 4 e os 6 anos, porque os pais não se encontravam em casa no momento da desgraça, estamos todos a ser conduzidos, indecentemente, num engano. Porque a notícia se destina aos mais esclarecidos, áqueles que vêem a TV e lêem os jornais. Destina-se àqueles cujas vidas não tocam aquelas que são mostradas e que desenvolveram um espírito crítico muito especial: todos os que não vivem pelos nossos padrões vivem erradamente, ou por outras palavras, o problema reside em cada um deles, encarado individualmente.
Não poderá existir maior engano. A vida é fruto das circunstâncias e o meio ambiente é fundamental na sua percepção. Se existem pais que abandonam os filhos por umas horas, porque se vão instalar a ver televisão num qualquer café rasca de um qualquer bairro degradado é, precisamente, porque foram inseridos e vivem num ambiente onde a dignidade humana foi reduzida ao zero, onde a consciência se perde e os valores não existem. A assistência social é um mito, o País votou-os ao esquecimento porque não apresentam condições económicas consideradas mínimas para serem consideradas como pessoas. Não interessam nem são interessantes, não decidem eleições (nem sequer votam).
Insiste-se na construção de bairros de realojamento que ab initio são guetos, para guardar esta miséria toda junta, longe dos outros olhares (longe da vista, longe do coração).
Os valores que contam são estipulados pelo preço do metro quadrado dos terrenos e da habitação. Misturar portugueses de condições sociais variadas é um mau negócio para os construtores civis, para as Camaras Municipais, enfim, para todos os agentes envolvidos.
Entende-se então e dá-se como bom o princípio que uns têm direito a uma vida normal e que outros nem tanto. Depois, para apaziguar consciências, basta dizer, com convicção: coitados tiveram azar!
A mim não me basta esta justificação. Quero outras: quero saber porque razão é voz corrente que nas adjudicações públicas os bens transaccionados custam 3 a 4 vezes mais o seu valôr de mercado; porque razão cada vez que muda um governo se trocam os automóveis e se redecoram os gabinetes; porque razão é tão difícil para uns arranjar o primeiro emprego ou manter o que têm e para outros essa dificuldade não existe; porque razão a saúde e a educação não chegam a todos de igual modo e idênticas condições.
Adorava saber porque raio numa sociedade dita democrática não nascem todos iguais e ninguém com responsabilidades parece preocupar-se um chavo com isso.
O que é Portugal hoje? Um País? Um cabaret? Um antro de medíocres e psicopatas? Uma associação de malfeitores?
Não sei ou não quero responder, mas uma coisa sei: este não é o meu País, não o reconheço!

19.1.05

Alvorecer. Despertar consciente da mente.
Retoma dos sentidos, das sensações, dos prazeres.
O beijo da mulher e dos filhos.
O convívio com os amigos.
Trabalhar, amadurecer, aprender. Escrever.
VIVER.
Bom Dia
Stephen Crowther Posted by Hello

18.1.05

Devoção
O vento sopra forte, de longe,
Traz frio, gelo, desconforto,
Traz a miséria do morto
Coberto nas vestes de monge.

Vida ao amor dedicada
A todos aqueles que servíu,
Vidas cheias de um vazio,
Na esperança mortificada.

Bornal de caridade à ilharga
Víu muita violencia e agrura,
A todos encheu de ternura.
A vida continuava amarga

Tudo que tinha intuído:
Os pobres sempre mais pobres,
Outros com ar de nobres.
Nada fazia sentido.

Nascemos todos iguais
Só por um simples segundo.
Tempo curto, que cava fundo
As diferenças, os sinais.

Daí para a frente é o norte,
A sina de todos nós.
Muitas vêm já dos avós,
Outras são-no por sorte.

Monge se fizera e assim sucumbiria.
Na igreja procurara o alento
A alegria, a irmandade, o sustento,
A razão da existência que tanto queria.

( João Fernandes )


16.1.05


William M. Harnett
Objectos para um momento de ócio, 1879 Posted by Hello
Pois quem suportaria as chicotadas e mofas do mundo,
A tirania do opressor, a insolência do orgulhoso,
As dores do amor desprezado, as delongas da lei,
A arrogância do poder..... ?

( solilóquio " Ser ou Não Ser" )
William Shakespeare
Hamlet
Curiosamente, sobreveio-me um pensamento interessante e pertinente quando observava, numa sala de espera de um qualquer consultório em Lisboa, um lindo e enorme peixe dourado, num aquário pequeno, desmesuradamente pequeno para o tamanho do animal.
Embora bem alimentado o bicho não gozava da liberdade, sequer, de se poder movimentar com àvontade. Fê-lo contudo, frenética e loucamente, quando resolvi ligar e desligar num ápice, o percursor de injecção de alimentos dentro do meio aquático a que está confinado. O "reflexo de Pavlov" estava lá todo, todinho. O bicho ganhou asas ao ponto de saltar, por uma vez, para fora da própria água e suspender-se, por momentos, no ar. Curiosamente é fora de água que o peixe morre e, mesmo assim, quis-me parecer que aquele momento foi o único de verdadeira liberdade que gozou enquanto o observei ( umas boas 3 horas ).
Curiosa foi, igualmente, a impossibilidade de evitar a comparação, entre o peixe na redoma, bem nutrido mas na redoma, e todos os executivos ( nunca gostei da palavra ), políticos e demais funcionários, que atingindo determinados patamares de reconhecimento social se encontram totalmente vendidos a quem os mantem, ou seja, às chefias superiores, àqueles que efectivamente controlam os "reflexos de Pavlov".
Estes "peixes" discutem mordomias como a marca e modelo do carro de serviço que vão utilizar, os PPR que vão gozar, o tempo de férias de que vão disfrutar, o número de vencimentos anuais que vão auferir e respectivos montantes. Depois é vê-los aceitar e acatar todo o tipo de situações, de constrangimentos, de humilhações mesmo, nalguns casos. O "leit motiv" é, contudo, permanecer nas boas graças e poder disfrutar das regalias bem visíveis, bilhete de identidade de reconhecimento do sucesso profissional e social alcançado.
Mas na verdade são infelizes. Permanecem "dentro de água" toda uma vida, mas sem espaço, com ideias mas, bastas vezes, incapazes de as exporem, com receio de serem profissional ou políticamente "incorrectos". Os momentos de liberdade só existem quando se salta para fora do meio, mas isso significa a "morte". A reforma chega e, com ela, o desenrolar de uma série de frustrações que definham, matando lentamente. São incapazes de fazer qualquer outra coisa que não seja trabalhar bajulando. A 2ª mais importante que a primeira, pois é essa que desencadeia o mecanismo de "alimentação" e, por consequencia, o "reflexo pavloviano". Sem este, nada mais existe: nem ideias próprias, nem vontade própria. Foram de há muito suprimidas, reprimidas, esquecidas.
Após tantos anos não existe, sequer, consciencia de classe. Não existe classe.
Existe uma reforma e a ténue e vaga esperança de que alguém, mais novo, mostre disponibilidade para ouvir, vezes sem conta, histórias passadas, normalmente envolvendo e exaltando nomes que a outros nada dizem, mas que para os próprio representam o poder "itself", escamoteando, através de uma falsa conivencia que nunca existíu, a amargura de uma existencia pessoal e profissional que não passou de uma miragem e que, a haver coragem na assunção de uma vida desperdiçada, o seu íntimo ditaria que fossem mais denegridas do que aclamadas.
Mas quem é que tem coragem, no fim da vida para dizer: A MINHA VIDA FOI UMA MERDA, totalmente inaproveitada e vendida a demasiados bens materiais.


Edward Hopper
Pessoas ao Sol, 1960 Posted by Hello

15.1.05


Estéticamente belo e intensamente sugestivo. Posted by Hello
Receita do Dia

Dente de Tubarão
aperitivo
Num shaker meio-cheio de cubos de gelo, deitar:
  • 3/1o de rum
  • 2/10 de vermute seco
  • 2/10 de sumo de maracujá
  • 1/10 de sumo de limão
  • um golpe de angustura

Agitar e coar directamente para taças de cocktail


11.1.05

DESEJO

Manhã cedo na Avenida
Cruzo-me com Rita, a adorada.
Cabelo ao vento, saia rodada,
Largo sorriso, toda sabida.

Um dia terei, estou confiante,
Oportunidade de chegar tão perto,
Que todo eu, decerto
Saltarei frenético, arfante.

Todos os dias me cruzo,
Será hoje, amanhã ?
Levo uma flor, uma maçã ?
Quero embalá-la para meu uso.

Ganho coragem.
Chegou o dia,
Digo: Bom Dia!
Ganho vantagem.

Ela parou, agradeceu.
Pisquei-lhe o olho, vi-lhe o decote.
Saracoteou-se a bela, lisonjeada.

Senti-lhe a coxa, o que é que me deu!
Minhas mãos voaram com um só mote.
Suspirou fundo, sentiu-se amada.

Vamos para minha, para tua cama,
Tanto me faz, quero é ir.
Quero sentir todo o fluir
De meu corpo na tua chama.


( João Fernandes )



10.1.05

Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.

( Luís de Camões )

9.1.05

A Propósito de Futebol e Fair-Play
Três situações:

  • a equipa A tem a bola e verifica que um jogador da equipa B está necessitado de assistência. Atira a bola fora. Existe Fair-Play. A equipa B repõe a bola com um pontapé para a frente, para uma zona próxima da área da equipa A. A bola é devolvida mas para uma zona de jogo diversa da incial. Falta de Fair-Play da equipa B.
  • a equipa B ganha uma bola a um jogador adversário, que pretendendo travar um ataque perigoso, se atira para o relvado, queixando-se. Não existe Fair-Play na atitude de atirar a bola fora, mas tão sómente ingenuidade. Total falta de fair-play do jogador que simula a falta. Contudo o público assobia e os jogadores da equipa A insurgem-se. Deturpação do conceito de Fair-Play.
  • a equipa A tem a posse da bola. O jogador da equipa A que conduz a bola verifica que um colega está caído. Atira a bola para fora. O jogador é assistido. A equipa B, com posse de bola, devolve a bola à equipa A. Não existe Fair-Play, mas tão sómente deturpação do conceito. O jogador da equipa A que atira a bola fora toma a decisão baseado na necessidade de ter 11 elementos em campo. É uma atitude que é tomada tendo como objectivo manter a equipa na máxima força. O adversário não tem de devolver a bola.

Em conclusão diria que, exceptuando a primeira situação e mesmo assim esta só em parte, o Fair-Play é um conceito totalmente deturpado. Qualquer mente esclarecida e culta percebe a deturpação que vigora.

Proponho, então, que se volte ao velho esquema de ser o árbitro, enquanto juíz e avaliador do jogo, determinar quando este deve ser interrompido. Caso não veja alguma situação terá a oportunidade de contar com a ajuda preciosa dos seus auxiliares.

E já agora, para quando dois árbitros no terreno de jogo, possibilitando um ajuizar dos lances muito maior, bem como o posicionamento de um deles na linha final, sempre que se desenrolem ataques no último terço do campo.


LOJA VIRTUAL.
A pechincha do dia (só para membros Gold)

Confortável. De pele genuína. Sestas garantidas. Posted by Hello

Central Station, NY Posted by Hello

Valiosa contribuição para a compreensão do pensamento de A. Einstein.
Capa da 1ª edição, datada de 1989. Posted by Hello
A receita do Dia (a partir de hoje )
PinK GiN
num copo de mistura com cubos de gelo, deitar:
  • 4cl de Gin
  • 2 golpes de angustura

Agitar bem. Coar para uma taça de cocktail arrefecida. Servir com uma garrafa de água mineral fresca, sem gás.

Sweet Martini

Num copo de mistura com gelo deitar:

  • 7/10 de Gin
  • 3/10 de vermute tinto

Misturar energicamente com a colher e coar directamente para taças de cocktail. decorar com uma cereja.


Reflexo

Num gesto se exprime
A maneira, o sentido
A atitude sublime
D´um toque polido

Na totalidade exarada,
A educação apreendida
Atenção empenhada
Na cultura absorvida

Meus Pais, Quanto Vos devo
Nem eu sei ao certo.
Tudo que sou é acervo
Do Vosso Amor e Afecto

( João Fernandes )



6.1.05

A Administração

Bush disponibilizou, por agora, mais de 350 milhões de dólares para ajudar o esforço de recuperação dos efeitos devastadores do "Tsunami". Foram igualmente os primeiros a aparecer com ajuda humanitária e forças médicas e militarizadas nos momentos subsequentes ao cataclismo. Os EUA sabem dizer presentes quando se espera que o façam e, acima de tudo, quando as outras potências se encontram depauperadas, a viver das "pratas da avó" e de tiques senhoriais.
Agora não se ouve o Bloco de Esquerda ( O que são ? O que querem ? ), o P. Comunista ( Quem foram ? Saberão o que querem ? ) nem o P. Socialista ( Não sabem quem são! Sabemos o que querem! ) dizerem uma palavra que seja sobre a ingerencia americana em mercados de milhões de pessoas. Mas os americanos são os únicos que têm uma verdadeira política externa. São também os únicos a poder ajudar de facto, seguidos por novas potencias como a Austrália
Excelente chapelada G. W. Bush. Grande lição à Europa que tem vivido à sombra da economia americana desde a 2ª GG. Um viva sentido aos EUA, a única e verdadeira democracia mundial.
TEMPO
Antes de Tempo. Com Tempo.
Sem Tempo. A Tempo.
Fora de Tempo. Tanto Tempo.
Tanta falta de Tempo.
O Tempo confinado no Tempo.
O Tempo assumido a Tempo.
O Tempo, esse Grande Arquitecto.
Vamos a Tempo ?
Teremos Tempo ?
Que faríamos com Tempo!
Que faremos com este Tempo!
Passar o Tempo.
Desperdiçar Tempo.
Ganhar Tempo. Perder Tempo.
O Tempo, esse Grande Arquitecto.
O Tempo Perfeito ? 9 Meses de Gestação

( João Fernandes )



Sem Sentido
Percebo que políticamente se utilizem os argumentos possíveis contra os adversários, na busca de crescentes apoios às ideias e projectos defendidos.
Já não percebo que, após decisão do Governo - esteja ou não em gestão, está em funções - de investir 135 milhões de euros em meios de combate a incendios, que nos últimos anos têm destruído recursos naturais tão preciosos, contribuindo para aumentar a miséria do País, ainda mais quando estamos num ano em que manifestamente o tempo seco que se faz sentir rivaliza com os verificados nos últimos dez anos, se apelide de eleitoralista tal medida.
Pergunto-me: é ou não necessário investir em meios de combate aos incendios ? Têm-se ou não gasto fortunas a contratar meios a países terceiros, não para prevenção aos incendios, ou o seu combate "in tempo", mas tardiamente, quando esses meios nos são colocados à disposição por aqueles que no-los cedem e mesmo assim dependentes da sua possível necessidade, por parte destes, a qualquer altura, como já aconteceu com Espanha.
Dotar as corporações e a protecção civil de meios é eleitoralista ? Mesmo que o seja dirige-se ao bem comum e, assim, digo convictamente: VIVAM AS MEDIDAS ELEITORALISTAS!

4.1.05

E Agora Pôncio.......
Honestidade exige-se. Pôncio Monteiro dá uma entrevista à TSF onde declara, solenemente, que não fará campanha ao lado de Rui Rio.
O que esperava depois ? Que outros quisessem fazer campanha a seu lado ? Para Pôncio o futebol é mais inportante que a política. Santana Lopes devia ter percebido isto há muito tempo. Também há muito tempo que Pôncio mostra maior apetencia pela chicana futebolística, poupando-nos ao ressabiamento político, que tanto tem contribuído para a sua descridibilização. É melhor um País sem Pôncio, que um Pôncio na Assembleia, a chupar o nosso dinheiro e a pensar no futebol.
SEJA HONESTO sr. poncio.

A Polémica do Cartaz......
Cavaco Silva não quer aparecer no cartaz que faz referência aos vários líderes de Governo, membros do PSD.
A solução é simples: colem os cartazes e borrem, de preto, a cara de Cavaco. Poupa-se nos cartazes e na memória do Povo.

A um mês e 16 dias.....
de eleições assiste-se a um contínuo ruído que mais não pretende que descridibilizar, ainda e sempre, PSL.
Astérix diria: " Roma é mais poderosa que a Gália, mas o meu pilo é mais forte que o teu externo"......
Se as bases parecem estar satisfeitas com o seu líder, prometendo que a afluência a estas eleições possa ser bastante movimentada, o mesmo não acontece nas cúpulas. Bebem e comem todos da mesma malga, há muitos anos. Conhecerão, seguramente, muitos podres uns dos outros, dormirão melhor uns que outros, mas que raio, o que pode assustar assim tanta gente, ao ponto de não darem tréguas a PSL desde Julho de 2004 ?
A questão é pertinente, porque é do passado recente que se trata e do nosso futuro, que se hipoteca. Pouco importa quem critica. Pacheco Pereira ? Já esteve em Bruxelas. Ou, por outras palavras, já gozou dos favores do sistema. Marcelo R. de Sousa ? Goza dos favores do sistema sistemáticamente. Tudo lhe é permitido dizer. E ainda lhe pagam para isso. Régiamente. Curioso que tenha tido oportunidade de falar como líder de um partido político e tenha falhado.
Mário Soares ? Cavaco Silva ? O primeiro bebia Möet, quando o segundo bebia Teobar ( tinto ou branco, tanto faz ). A diferença mantém-se: o primeiro tem uma quinta em Nafarros; o segundo tinha uma vivenda de nome MAriAni ( imaginam um nome destes ? Nem vos digo donde vem porque já perceberam claramente - piroso, piroso, piroso ). Ambos se julgam iluminados - com muitas lampadas fundidas. O segundo que não existem políticos competentes no activo, o primeiro que um governo de salvação nacional, hoje em dia, chama-se PS. Salvação do PS, entenda-se. Mas será melhor um do PSD ? Não, vos digo, é igual. A diferença reside em PSL. É um político. Os outros não sabem o que são. Mas será PSL capaz, sózinho, de fazer algo de positivo pelo País ? Claro que não!
Vai ganhar as eleições ? Vai!! Vai governar com quem ? Primeiro terá de governar com a comunicação social. Esta terá de ser mais construtiva, para que os homens de bem que existem em Portugal encarem a actividade pública como um desafio sério e não um sério desafio de verem as suas vidas devassadas ( é aqui que o dogma de Cavaco Silva se afirma como verdadeiro ) . É primordial. Depois que chame a si gente capaz de um empenhamento sério com o País e consigo próprio. Ministros que falem menos para o exterior e conversem mais no interior do Governo: menos protagonismo.
Que PSL seja ele próprio - demagogo - capaz de tomar medidas extremas, capazes de convencer os portugueses de um desígnio nacional.
Dêem tréguas pessoais. Assumam que o País não comporta os vencimentos que tem. Todos. Assumam ainda que a culpa não é de um, dois ou três, mas de todos, sem excepção. Todos contribuíram em 30 anos de desvario.
Chegou a altura de mudar, seja de que maneira fôr. Qualquer mudança é válida. Qualquer uma!


3.1.05

Mais vale tarde....
Regressei encostado ao Natal - Quadra para ser vivida em Família - e não a 16 como previsto. Nova Iorque é sempre destino adequado e, nesta época, quase obrigatório, ao mesmo tempo denso, desafiante e envolvente.
Fim de Ano de permeio e eis-me de volta a este espaço. Tempo também de meditação.
Estar ausente do País, nos dias que correm é algo que se assemelha muito a uma telenovela.
Pode passar um mês sem que se veja para não perdermos pitada. E este facto, por si só, faz-nos pensar e, concomitantemente, repensar a escrita. Não estaremos nós próprios a repetir-nos, numa escrita sem sentido, só porque consideramos esta um dos exercícios mais entusiasmantes para o intelecto ? O outro será, porventura, pintar! Para mim é!
Há, então, que ponderar e recomeçar conscientemente. Espero tê-lo conseguido.
I´M BACK!!
Junto duas imagens que falarão por agora.
A escrita continua...dentro de momentos.

Fabulosa NY Posted by Hello