31.1.07

Ou sai o Ministro ou cai o Governo...

«Portugal é um país competitivo em termos de custos salariais. Os custos salariais são mais baixos do que a média dos países da UE e a pressão para a sua subida é muito menor do que nos países do alargamento»
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Manuel Pinho dixit, na China, perante empresários e políticos chineses.
E, assim, pela voz do Ministro da Economia, passa uma imagem brutalmente negativa da economia nacional por duas razões, a saber: (i) baixos salários representam baixas qualificações de toda a força activa nacional; (ii) baixos salários significam fraca competência e eficácia do empresário português e da indústria e serviços nacionais.
Estas afirmações são proferidas numa economia pujante, a crescer a um ritmo impressionante e que hoje é noticiada a nível mundial, com enorme repercurssão. Tudo o que lá seja feito ou dito sofre um efeito amplificativo medonho. E o que foi dito é, claramente, que a mão-obra nacional está abaixo, em qualificações, da mão-obra dos países de Leste membros actuais da UE, bem como que a indústria nacional vive de salários baixos e não de produtividades elevadas.
É o pior que pode ser dito sobre um País que é membro da CEE/UE desde 1986. É afirmar, claramente, que somos o terceiro mundo europeu. Há coisas que podem ser pensadas, mas nunca podem ser ditas ou escritas. Mais ainda, se estamos a falar de um Governo que colocou a tónica no desenvolvimento tecnológico.
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Sem qualquer demagogia, antes com elevado sentido de estado, afirmo: Manuel Pinho ou pede a demissão ou deverá ser exonerado. Caso contrário, o governo terá de explicar porque permite este tipo de comentários, numa visita oficial, de um seu ministro e, ainda, se é este, de facto, o pensamento reinante nos nosso actuais governantes. Se fôr, tanto trabalhadores como empresários deverão retirar a confiança política ao governo PS; se não fôr, o ministro está em gravíssima dissonância e deverá sair.
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Pergunta: em que condições e com que autoridade se sentará Manuel Pinho a uma qualquer mesa de concertação social ?
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Eu, como cidadão português, a quem pedem sacrifícios constantes, sem nada dar em troca, após vinte anos de adesão europeia, sinto-me vendido em saldos e duplamente defraudado com esta afirmação de um ministro, por mim e pelo futuro que espera a minha descendência.
Ou o ministro sai ou o governo cai!
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P.S. falar de salários baixos na China é, no mínimo, uma imbecilidade.

26.1.07



Julia Trotter

O problema é a DESPESA, o Défice é efeito...

Fale-se muito menos em défice e fale-se muito mais em despesa pública.
O défice é resultante da diferença (que por definição é negativa) entre o rendimento e a despesa.
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Se há uma dificuldade notória em controlar o défice, mesmo com manobras que envolvem aumento da carga fiscal (já pesada), alienação de património público, venda de participações do Estado em empresas e recuperação de passivo fiscal, é porque o Estado não consegue reduzir a despesa.
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A solução passa, então, pela redução da despesa. Porque despesa num País há só uma: a resultante do somatório da despesa do Estado com a das famílias. Quanto mais consome o Estado menos consomem as famílias.
Se em conjunto, ou isoladamente, consumirem demais, de duas uma: ou há um aumento do investimento ou um aumento do endividamento. Como o investimento não entra, só sai, a solução passa pelo endividamento, como se verifica pelo recente anúncio de nova emissão de títulos do tesouro. Então, a necessidade de endividamente conduz à conclusão, fácil, de que cada vez se consome mais
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Verifica-se, então, que o Estado continua a funcionar muito mal, que o Governo não tem soluções (politicamente aceitáveis) para diminuir a sua despesa e que a oposição é frouxa ou má, porque, na realidade, a diferença entre uns e outros acaba onde começam os privilégios da classe política, que nestas coisas de rendimentos e mordomias é muito apolítica.
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Quantos milhares de portugueses que tiveram ou têm ligações a partidos políticos, que foram detentores de cargos públicos e/ou privados continuam a gozar de regalias que ofendem a moral e os princípios ? Muitos! Todos eles acumulando reformas de cargos anteriores com remunerações de cargos actuais. E quanto custam estes muitos milhares por ano ao Estado ? Muito! E todos os outros que não exercem funções produtivas e se encontram, simplesmente, encostados ao Estado ? Muitos também, mais em número que não em custo.
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Tudo isto implica um cabaz de despesas pesadíssimo, que este País já não comporta, acrescido de todas as outras extravagâncias, como viagens, motoristas a torto e direito, secretárias, estudos, pareceres, consultorias, projectos e projectistas, redecorações de gabinetes. A lista seria infindável. Mas desta despesa ninguém fala, porque todos comem.
Fala-se e sempre do défice, como se de uma causa se tratasse. Não é causa, é efeito.
As causas são outras. Acabe-se com estas, que se acabará com o défice não produtivo e, aí, começará uma nova esperança de vida para os portugueses.

25.1.07



Albuquerque Mendes

Carmona não tem condições para continuar...

Carmona diz e cito: "...não existir qualquer condicionamento legal ou político à normal prossecução do mandato".
Diz Carmona, mas está errado. Falta-lhe o mais importante: a confiança política. Faltando esta falta o capital político e, sem este, não pode prosseguir o mandato. Não é uma questão de dever, é uma questão de poder, e nestas condições não pode.
Mais: acaso estará este mandato a decorrer de uma forma normal ? A resposta é, claramente, não! Desde a mal explicada divergência camarária com Maria J. Nogueira Pinto até à situação actual, tudo são enormes pontos de interrogação nesta gestão autárquica.
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Acaso não estava Carmona na Vice-Presidência da Câmara, quando ocorreram os factos agora geradores de polémica e alvo de investigação ?

Estamos a acabar...devagar

3ª feira, almoço debate. Convidado, Ernani Lopes.
Resumo da alocução: uma enorme caixa de vulgaridades, embrulhada em papel de lustro arrogante.
Debate final; nenhum. Está tudo dito, não está ?
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E este discurso pseudo-sofisticado vazio, falho de sentido, visão e conhecimento, estes vendilhões de que se vai fazendo este País, estas falácias que nunca mais acabam.
Portugal acabou, verdadeiramente, no dia em que Sá Carneiro e Amaro da Costa foram assassinados. E a culpa é de todos nós. Não há inocentes.
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A economia portuguesa está a abrandar. Ao contrário do discurso político, estamos a cair. Bastará comparar este com as medidas que são impostas no terreno.
É isso, a discrepancia está lá, toda.

Singularidades...

A escrita é, simultâneamente, um desafio intelectual entusiasmante e uma ferramenta de perfuração do pensamento. A mim, particularmente, agrada-me escrever. Contudo, últimamente, tenho-o feito menos do que gostaria. Razão: temo que a escrita fique carregada de azedumes, de alguma raiva contida, tantos os dislates que presencio e tal o caminho que o País, económico-socialmente, vem percorrendo. Gosto de escrever, respeito a sua idiossincrasia, agrada-me a contundencia construtiva. Detesto criticar sem elucidar, sem apontar, directa ou enviezadamente, caminhos passíveis de conduzir a soluções.
Tudo o resto não é, exactamente, escrever mas muito mais relatar, descrever.
Mas o que fazer neste Portugal tão pequenino, mais pequeno que aquele que remontando a 1940 se assemelha a um augúrio azedo dos deuses, senão ir descrevendo, penosamente, a bizarria da política nacional, esperançosos não no verbo mas na espada. Vejamos então algumas singularidades:
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1. Câmara Municipal de Lisboa sob investigação e logo em matéria tão delicada como o urbanismo.
Em simultâneo Lisboa está esventrada, imunda, coberta de publicidade asfixiante, pejada de miséria que, na sua larga maioria, nem fala português e, agora, de sinais reguladores de velocidade horríveis e de agentes da autoridade e outros, pseudo agentes semelhantes a hortaliças, que passam multas a torto e direito, mas não nos defendem do importúnio e da insegurança gerada pela galdeiragem mal-cheirosa do Leste (leia-se romenos). Há alguma coisa que se possa acrescentar à descrição ? Nada a não ser dizer, aos responsáveis autárquicos, demitam-se! E vale a pena ? É claro que não. A nossa palavra e representação cívica e política só têm voz e, especialmente, valôr, três semanas de quatro em quatro anos.
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2. A criação de um imposto sobre ofertas pecuniárias de valôr igual ou superior a 500 euros. A legislação já existia, ficámos a saber, só não tinha norma. Agora tem. Se fôr entre familiares directos a oferta só (?!!?) paga imposto de selo. Entre todos os outros pagará, cumulativamente, IRS. Em qualquer dos casos, todos os valores terão de ser declarados.
Esta lei (custa-me chamar-lhe lei, porque à lei associo as noções de justiça e equidade) é abstrusa conquanto: implica mostrar, por declaração, a quantidade de ajuda e apoio monetário recebida, sem que o Estado se esforce, modificando comportamentos, para que essa ajuda deixe de ser necessária, ou sendo-o, seja o próprio Estado a fornecê-la. A este comportamento chamo de voyeurismo baixo. Acresce que a isenção de IRS nas situações de ascendentes e descendentes directos, esquece, para todas as outras situações, um princípio fundamental de qualquer estado de direito democrático, - a Solidariedade. Com esta lei a solidariedade passa a ser taxada, ou melhor, somos instigados a deixar de ser solidários e a tornar-mo-nos nuns egoístas (que já somos) desprovidos de sentimentos. Algo mais a acrescentar? Nada, está descrito. Talvez sugerir, entre dentes: esta não é para cumprir e quem o fizer é parvo!
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3. Assistir na noite de ontem ao debate sobre a Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (vulgo TLEBS) e constatar que a referida terminologia irá ser revista por dois especialistas nomedados pelo Ministério da Educação (exacto dois e não uma comissão mais ampla, como se imporia), sendo que pelo menos um deles acumula as seguintes características:
i) é um defensor acérrimo da TLEBS, constatável através de alguns artigos de sua autoria dados à estampa na imprensa nacional; ii) a sua consorte é co-responsável pela feitura da mencionada TLEBS; iii) é revisor científico da editora responsável pela publicação da nova gramática decorrente da aplicação da TLEBS; iv) colocado perante a quase certeza da sua mais que questionável imparcialidade analítica e da incompreensão da sua nomeação, atendendo ao histórico mencionado e às inevitáveis relações que ferem, mortalmente, qualquer código deontológico e de comportamento exigíveis a um qualquer cidadão sério e honrado, responde, desaforadamente, que a pergunta deverá ser colocada ao Ministério da Educação, entidade que o nomeou.
Também aqui haverá algo a acrescentar ? Nada, só descrever, como foi feito. Talvez um pequeno conselho; somos capazes de um dia destes nos cansarmos, todos, de sermos tomados por parvos, tantos anos seguidos. Ou talvez não e então, para os que ainda têm uma pinga de vergonha e decência na cara, restar-lhes-à emigrar e aconselhar o mesmo a todos os outros que lhes são chegados.
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Pessoalmente preferia a primeira possibilidade, essa mesma, a da porrada, mas se não fôr possível, paciência.

19.1.07

As mudanças sucessivas no ensino...

O Secretário de Estado da Educação informa-nos que não percebe o falatório em redor do TLEBS, porque, inclusivé, existem outras modificações do ensino educativo em curso.
Será suposto ficarmos descansados por conhecermos este facto?
Ou, ao invés, ficarmos ainda mais preocupados?
Tenho a certeza de que deveremos ficar todos muito preocupados.
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As mudanças sucessivas que ocorrem no ensino em Portugal defendem interesses que nada têm a ver com a preparação cultural e técnica de um Povo, mas muito mais com interesses privados, sórdidos na sua dimensão económica e financeira. Pior ainda, a verificação da navegação à vista, à bolina, que continua a fazer parte do nosso dia a dia político.

15.1.07

Pensamento Sentido...

Tenho pena, muita pena, que Zapatero vá perder as eleições.
A esperança, única e ténue, é que o seu legado seja, já, uma questão imutável.
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É que em Portugal temos tantos legados assim; por que não ter esperança em legados vizinhos?
A nova Ferrari 2007


e o novo McLaren 2007

11.1.07



Chris Bennett

O Charme Discreto da Cortesia....

Na sociedade actual, onde abunda a vulgaridade, é absolutamente necessário redescobrir o charme discreto da cortesia.
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De acordo com Marie de Tilly, professora especializada no ensino de boas maneiras em Paris, a avaliação que fazemos dos outros, quando conhecemos as regras, passa por três etapas: nos primeiros 20 segundos somos julgados pela nossa aparência, nos 20 segundos seguintes somos avaliados pelo nosso comportamento e, por fim, nos últimos 20 segundos pelas primeiras palavras proferidas (escolha e utilização da linguagem oral).
Assim sendo, aquilo que mostramos no primeiro minuto é determinante na avaliação que, alguém polido e educado faz da nossa pessoa, bem como é importante na impressão que induzimos junto daqueles que, desconhecedores das boas maneiras, sentem a diferença induzida pelo comportamento, postura e verbo.
No caso dos homens alertaria para a importância do cuidado colocado nos sapatos, mas essencialmente, a todos os níveis, para a necessidade da utilização de palavras de saudação, como bom-dia, e de agradecimento, como obrigado(a), imperativas no correcto relacionamento social e demonstração de respeito por terceiros.
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Há uma razão forte para incrementar as boas maneiras: à medida que a incivilidade vai tomando conta da sociedade, todos nós vamos ficando menos tolerantes à falta de educação e savoir-faire, o que nos torna a todos, baseado o raciocínio neste pressuposto, pouco ou nada tolerantes para com alguns (muitos) comportamentos enraízados neste nosso País.

4.1.07



John Arbuckle

Uma Questão a Rever...

A discussão da questão do aborto não deve ser colocada ao nível dos custos para o Estado, ou mesmo da maior ou menor moralidade associada à matéria.
A questão poderá (deverá) ser equacionada no patamar respeitante ao envelhecimento populacional.
Não faz grande sentido permitir movimentos migratórios e, em simultâneo, discutir aberturas na lei a uma maior flexibilidade na decisão de abortar.
Não faz sentido falar em envelhecimento populacional e liberalizar, para além do que é responsávelmente necessário (liberdade de decisão em casos de violência sexual, ambiente familiar ou mal-formações congénitas, entre outras realidades todas elas passíveis de ser avaliadas), a capacidade de recorrer a serviços abortivos.
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Na Alemanha foi instituído um valor de € 25.000 por cada recém-nascido, por casal, como forma de incentivar ao rejuvenescimento populacional.
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Andamos, uma vez mais, a discutir o sexo dos anjos no momento errado, ou por outras palavras, gastamos o latim com questões que não são, verdadeiramente, importantes.
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Não estará na altura de perceber que há um Mundo que gira à nossa volta, e que só com muito empenho da nossa parte passaremos a girar com ele ?

3.1.07

Escrever

Se eu pudesse havia de... de...
transformar as palavras em clava!
havia de escrever rijamente.
Cada palavra seca, irressonante!
Sem música, como um gesto,
uma pancada brusca e sóbria.
Para quê,
mas para quê todo o artifício
da composição sintáctica e métrica,
este arredondado linguístico?
Gostava de atirar palavras.
Rápidas, secas e bárbaras: pedradas!
Sentidos próprios em tudo.
Amo? Amo ou não amo!
Vejo, admiro, desejo?
Ou não... ou sim.
E, como isto, continuando...

E gostava,
para as infinitamente delicadas coisas do espírito
(quais? mas quais?)
em oposição com a braveza
do jogo da pedrada,
da pontaria às coisas certas e negadas,
gostava...
de escrever com um fio de água!
um fio que nada traçasse...
fino e sem cor... medroso...
Ó infinitamente delicadas coisas do espírito...
Amor que se não tem,
desejo dispersivo,
sofrimento indefinido,
ideia incontornada,
apreços, gostos fugitivos...
Ai, o fio da água,
o próprio fio da água poderia
sobre vós passar, transparentemente...
ou seguir-vos, humilde e tranquilo?

(Irene Lisboa)

2.1.07



Dale Erickson

O Mau Exemplo...

Cinco medidas (5), foram enumeradas como de péssima gestão de aplicação da moeda única num estado comunitário. Todas as cinco dizem respeito a Portugal, apresentado como mau aluno da zona euro. Tudo o que há a evitar, dizem os especialistas.
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Responsáveis: um (o maior) é Presidente da República; outro é Presidente da Comissão Europeia; e o outro é Alto Comissário das Nações Unidas.
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Compensa a mediocridade, no "nosso" (deles) País.
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A quem compensaram, então, para merecer tão altos desígnios?
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A todos, sem excepção, lhes digo: subscrevam o livro de Almeida Santos, esgotem-lhe a edição, emoldurem-no e, principalmente, inspirem-se para escreverem as suas memórias futuras.
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Seria esta, afinal, a "Boa e a Má Moeda" ?

Acabar com o terrorismo....

"ETA «liquidou processo de paz»
O governo espanhol anulou definitivamente todos e quaisquer contactos com o grupo separatista basco ETA, anunciou hoje em conferência de imprensa o ministro da Administração Interna de Espanha, Alfredo Perez Rubalcaba".
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O artigo sairá no Sol.
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Quando Baltazar Garçon se preocupou em inculpar elementos do governo socialista espanhol, pela constituição de "brigadas da morte" cujo objectivo era a liquidação da ETA, a atitude foi aplaudida e os ministros julgados e condenados, e as eleições perdidas.
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É bom que, de uma vez por todas, se interiorize uma verdade absoluta: um terrorista nada mais sabe fazer do que ser terrorista. Por outras palavras, não existe integração social possível para um terrorista.
A um terrorista só se deseja um único destino: a morte. A única forma, possível, de liquidar um terrorista é pela aplicação directa dos seus próprios métodos: o terror.
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Liquidem os terroristas e os que lhe são próximos - algo que o terrorista faz sem que lhe doa a consciência - e os terroristas diminuem, primeiro, e desaparecem depois.
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Foi isto mesmo que fez a Alemanha (ainda Ocidental) e nunca ninguém levantou a voz contra.
Deixemo-nos de hipocrisias. Quando a "tribo" é ameaçada, faz-se frente ao agressor. Fortalece-se a unidade e transmite-se força e poder.
Tudo o resto é assunto de agendas pessoais e interesses obscuros.