18.1.05

Devoção
O vento sopra forte, de longe,
Traz frio, gelo, desconforto,
Traz a miséria do morto
Coberto nas vestes de monge.

Vida ao amor dedicada
A todos aqueles que servíu,
Vidas cheias de um vazio,
Na esperança mortificada.

Bornal de caridade à ilharga
Víu muita violencia e agrura,
A todos encheu de ternura.
A vida continuava amarga

Tudo que tinha intuído:
Os pobres sempre mais pobres,
Outros com ar de nobres.
Nada fazia sentido.

Nascemos todos iguais
Só por um simples segundo.
Tempo curto, que cava fundo
As diferenças, os sinais.

Daí para a frente é o norte,
A sina de todos nós.
Muitas vêm já dos avós,
Outras são-no por sorte.

Monge se fizera e assim sucumbiria.
Na igreja procurara o alento
A alegria, a irmandade, o sustento,
A razão da existência que tanto queria.

( João Fernandes )


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