4.7.05

SONETO

Apartava-se Nise de Montano,
Em cuja alma, partindo-se, ficava,
Que o pastor na memória a debuxava,
Por poder sustentar-se deste engano.
Pelas praias do Índico Oceano
Sobre o curvo cajado se encostava,
E os olhos pelas águas alongava,
Que pouco se doíam de seu dano.
«Pois com tamanha mágoa e saudade
(Dizia) quis deixar-me a que eu adoro,
Por testemunhas tomo céu e estrelas.
Mas se em vós, ondas, mora piedade,
Levai também as lágrimas que choro,
Pois assim me levais a causa delas.»

(Luis de Camões)

1 comentário:

isabel mendes ferreira disse...

,,,a causa das coisas ou a falta de causas leva-nos a confundir a beleza das coisas...coisa feia o esquecimento...!? bom dia.