31.1.10

A necessária solidariedade dos portugueses para com Portugal....
A catástrofe no Haiti tem sido objecto de acções de solidariedade, esperadas por parte da população portuguesa, dignas do maior registo.
Nós somos assim e ainda bem que o somos.
A transfiguração nacional, perante os desastres, é tal que leva sem qualquer tipo de dúvida a esquemas fraudulentos simples mas eficazes que, a única emoção que exploram, é a solidariedade. Nós somos e sempre seremos solidários. Nós misturamo-nos, convivemos e partilhamos sem vénia nem convénios. Somos assim, ponto: cidadãos do mundo por natureza.
Falamos ingles, frances e chinamarques com a maior das facilidades, mesmo que seja para dizer:
- Atira corda.
- What?
- Do you speak english?
- Yes!
- Então atira a corda porra!
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Somos assim.
A catástrofe no Haiti é visível. Terrível. Impressionante.
A sismologia ainda não consegue distinguir os sintomas. Contra a natureza nada podemos a não ser salvar vidas humanas. A sismologia ainda não o consegue; não é possivel, ainda, distinguir entre um conjunto de estímulos sismológicos e a eminencia de uma verdadeira catástrofe. Infelizmente.
Se tal já fosse possível, como aparentemente a vulcanologia está prestes a conseguir, seria possivel evacuar as populações e salvar milhares de vidas.
A ajuda, contudo, a ajuda humanitária, seria ainda assim necessária, sempre.
Mas a sismologia ainda não o consegue; ainda há pouco tempo a terra tremeu em Lisboa mas, por esse facto, não se justificaria a evacuação de Lisboa. Não se conseguem ligar os factos.
Mas a solidariedade está cá, nós somos solidários.
.
Vale este texto pela comparação possível com a situação que se vive no nosso país, Portugal.
Ao contrário da sismologia existem mecanismos que nos permitem antever o futuro próximo.
O futuro que nos espera é catastrófico e a economia e finanças não se compadecem: mostram-no à evidencia.
Contudo, por estranho que pareça (por razões que sucintamente se explicam à frente) a solidariedade nacional, reconhecida, não surge espontaneamente.
Ninguem acredita na evidencia do desastre, porque não se assume de forma horrenda, desfigurada; porque demora tempo; porque vai carcomendo mas não se mostra de uma só vez; porque é manhosa esta catástrofe, atrofiada no discurso de políticos manhosos, de palavras sedosamente embrulhadas em hipocrisia, interesses pessoais e muita atitude filisteia.
Mas Portugal é hoje uma zona de catástrofe.
Vivemos tempos horrendos, de descriminação sem igual, com um crescimento medonho da pobreza, com uma exclusão social terrível e total ausencia de coesão.
Estamos cada vez mais longe da nobreza obrigatória da nossa história e cada vez mais perto da mendicidade, pródiga nos países sem perspectivas, sem passado e sem futuro.
Portugal só tem presente e mau.
Presente mas mau.
Muito mau este presente.
Temos então que aconchegar fortemente esta ideia, este ideal, no nosso espírito, na nossa mente, na nossa alma: estamos mal e precisamos da solidariedade de todos.
A nossa solidariedade está à prova, nas circunstancias mais difíceis.
Estaremos à altura do desafio de compreendermos e, acima de tudo, percebermos que das nossas decisões de hoje, da nossa solidariedade, dependem as bocas de milhões de portugueses num futuro demasiado próximo ?
A solução reside na união de todos nós em torno de um projecto verdadeiramente nacional, aceite por todos e imposto por poucos como todos os grandes projectos. Projecto o qual nenhum dos actuais actores políticos tem capacidade de concretizar, desde o Presidente da República, passando pelo Primeiro-Ministro até qualquer dos políticos profissionais tranversais a todas as forças políticas conhecidas.
O projecto é de todos, a obrigação da sua implementação corresponde a uns poucos.

28.1.10

Serov
As despesas com pessoal no sub-sector estado, durante o ano de 2009, rondaram os 13 mil milhões de euros.
Custos com a administração pública à volta dos 18 mil milhões de euros no mesmo período.
Somados estes valores obtemos 31 mil milhões de euros (o valor deve ser superior nas contas do INE).
As pensões pagas pelo estado resultam num valor de cerca de 14 mil milhões e estas, sim não podem sofrer alterações (pensões de invalidez, velhice e sobrevivencia).
O défice esperado para 2010 equivale (nas contas do governo e expostas no OE) a 14 mil milhões de euros, o equivalente a uma redução de 40% nos gastos com vencimentos do sub-sector estado e na administração pública.Esta redução levaria o défice a zero. Uma redução de metade implicaria um défice de 4,5%. As contas são fáceis de fazer.
A solução da redução dos gastos do estado passa pela redução de vencimentos dos funcionários publicos (como acontece na actividade privada). Ou há uma redução dos salários na função pública e das despesas públicas, nas administrações central e locais, ou será inevitável a necessidade de despedir funcionários públicos.
É de crer que ninguém, entre uma solução ou outra, opte pelo despedimento de milhares de funcionários públicos (mais de 200 mil trabalhadores).
A coragem política para reduzir a despesa pública é fundamental. Não pode passar pela redução da despesa na saúde, justiça e educação. Tão pouco pode passar pela redução do investimento no saneamento básico, nas condições de vida dos cidadãos e da capacidade de competição dos municípios. Quaisquer dos investimentos mencionados concorrem para o aumento da produtividade, contribuindo para o crescimento da competitividade do país.
É necessário criar uma nova consciencia nacional: já passou o tempo de consumir; agora é chegado o tempo de fazer sacrifícios enquanto estes ainda valham a pena. Depois, bem, depois já será irremediavelmente tarde.
O tempo não é de manifestações de rua, reivindicativas de direitos impossíveis, mas de um profundo sentimento social, de uma assumpção da necessidade de nos protegermos uns aos outros. Temos de fazer sacrifícios, todos sem excepção.
Já não estamos no país dos 1.000 euros (vencimento mais comum nos ultimos anos); já entrámos no país dos 600 euros (para os licenciados, muito perto do salário mínimo nacional). Todos os restantes portugueses, não licenciados, são já parte da enorme mole humana que compõe o desemprego estrutural nacional. Estes, como os demais, necessitam de ser apoiados e, mesmo assim como bem sabemos, terão de fazer exercícios dificílimos de equilíbrio financeiro mensal, para que uma família consiga "viver" com 480 euros mensais.
Coragem política precisa-se.
Ninguém se iluda, estamos mesmo na situação dramática tão bem definida com uma célebre frase de um célebre portugues: estávamos à beira do abismo mas conseguimos dar um passo em frente (desta vez é mesmo assim, mesmo a sério, acaso não se mude tudo - de forma voluntária ou imposta - a começar pelas mentalidades)
É do valor do défice de 2010 que se deverá duvidar....

Pretender que há um empolamento do défice em 2009 para apresentar resultados em 2010 (como se um défice de 8,3% fosse um bom resultado, mesmo que considerado na comparação com o ano anterior) é um disparate. Equivale a afirmar que a República correria um risco de 365 dias, com aumentos de juros sobre a dívida pública, redução da liquidez disponível por consequencia da dificuldade de obter ajuda financeira externa, pressão especulativa sobre os default swaps da dívida, análise ainda mais negativa da governação, com consequente aumento da pressão sobre o serviço da dívida e da capacidade de cumprimento das obrigações nacionais, na expectativa de no final de 2010 apresentar o parco resultado de redução de 1%.
Acresce que as dificuldades que atravessamos são reais e têm origem nos gastos públicos. A exposição internacional dos 9,3% de défice não compensaria nunca a suposta redução de 1% prevista orçamentalmente para 2010.
Pelo contrário, acredito que o número que merece reservas é o referido défice projectado de 8,3% para este ano; quero crer que será muito superior, infelizmente.

27.1.10

O que aí vem equivale ao que não queremos.....
Escrevi aqui há muito tempo que o défice seria de 9,4% quando se dizia que pouco passaria dos 5%. reescrevi que o défice seria eese no Programa eleitoral do PPM que redigi sozinho, apresentado em Setembro de 2009.
Leio e ouço agora que é a grande surpresa, a enorme surpresa. Para quem ?
Surpresa, este décife, só para os que andam distraídos ou são aldabrões.
Não há surpresas. Como não há diferenças entre este orçamento e os anteriores, nem mesmo em relação às promessas feitas de reduzir o défice e aumentar o PIB (Produto Interno Bruto); 1% o primeiro; 0,8% o segundo. Compare-se com os numeros apresentados para o orçamento de 2009.
Alguém acredita que seja para cumprir? E mesmo que fosse, para que serviria?
Para a RUA, todos, JÁ !!!
Vamos a cenários:
(1) O que temos certo: Portugal vai incumprir (no serviço da dívida) no 2º semestre de 2010;
(2) A especulação (a minha):
1. Saída da zona euro: o argumento da solidez da zona euro, que servíu para defender a exigencia da nossa entrada não se aguenta com a insolvencia de Grécia e Portugal ( a Espanha pode aproveitar a boleia para garantir o instrumento de política cambial perdido);
2. manutenção na zona euro con redução compulsiva da circulação de euros em Portugal (redução de 1/4 da moeda em circulação). Não necessito de especificar as implicações das duas hipóteses referidas anteriorment;
3. A Espanha aproveita a boleia e sai da zona euro; Portugal adopta a peseta. Porquê ? Porque quem manda numa economia é quem lá tem o dinheiro investido e, acaso ocorra a adopção do escudo podemos contar com uma desvalorização da "piastra" nacional" em cerca de 35%. Se adoptarmos a peseta teremos uma desvalorização à volta dos 20% (do mal o menos).
Estes são os cenários para os quais teremos de nos começar a preocupar desde já, porque o futuro (mau) começa dentro de seis meses.
A menos que alguma coisa mude: gente séria começa a governar o país e os outros vão todos responder pelos seus actos e devolver a riqueza roubada a Portugal.
Os maus políticos, os maus jornalistas, os oportunistas, os vendidos, os que compraram valores, todos estes e todos os outros esconjuro-os, a todos sem excepção.

26.1.10

O continuar de uma política falsa e manipulada; para quando o encarar da realidade ?

Não conheço o orçamento mas não preciso, para saber que não serve.
Um orçamento que aponta para um crescimento de 0,7% do PIB faz-nos acreditar de imediato que o crescimento será de 0% ou mesmo negativo.
A incapacidade de Portugal cumprir com as suas obrigações está garantida, bem como a aproximação à média europeia está definitvamente enterrada.
Eu preferia que não houvesse acordo orçamental, que a situação se partisse de imediato, que a crise social estalasse e que o incumprimento se verificasse; quanto mais depressa se encarar a realidade mais depressa se atacam os problemas.
Mudem-se os tempos, mudem-se as vontades.

22.1.10

A dívida pública nacional mais que triplicou no mês de Dezembro de 2009, quando comparada com o período homólogo de 2008.
Portugal vai ficar de tanga em seis meses, ou seja, vai incumprir no período de seis meses. Estamos de tanga.