24.6.07

É fundamental, o Referendo...

O primeiro-ministro disse também que está recordado que se comprometeu com a ratificação por referendo, mas que a sua prioridade, para já, é "transformar um mandato num tratado".

A vaidade acima de tudo.
Ninguém explica o que está verdadeiramente em causa, mas todos se afadigam em defender o tratado, como se os restantes, aqueles que estão calados, que não são políticos filiados a viver do sistema e que são a maioria esmagadora da população fossem, todos, uns mentecaptos. Não são.

Felizmente, há países onde o tratado terá de ser referendado e, onde espero, a cultura do povo se faça sentir de forma capaz, ao invés do que vai acontecendo por cá.

23.6.07

A despesa com carência...de inteligencia

«...sustentabilidade orçamental para o Estado português», visto que «a consolidação total do investimento inerente ao projecto não terá grandes repercussões nos primeiros anos»

Palavras grandes na apresentação do modelo de negócio da RAVE (Rede Ferroviária de Alta Velocidade).
Grandes não em todos os sentidos, nem no menos mau dos sentidos. As palavras são "grandes", porque são proféticas. E sabe-se que há profecias péssimas, aterradoras.
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Se de uma profecia se trata, terá de se interpretar o seu sentido, para perceber a mensagem. Essa interpretação não necessita de cabálas nem de recorrer a métodos semelhantes aos enumerados por Dan Brown. Bastará uma leitura do passado recente (SCUTS) e uma coerente aplicação do conhecimento actual para se perceber todo o sentido:
quando os custos não produtivos surgirem, já Sócrates e demais que lhe são próximos estarão a (a) jogar golfe); (b) dirigir um qualquer conselho de administração ou comissão executiva, enquanto jogam golfe ou;(c) à frente de uma qualquer comissão ou alto-secretariado da UE, das NU ou quejando, a viajar pelo MUndo e a jogar golfe:
os meus filhos e os filhos de todos os outros andarão, em 2013, com uma enorme dor de cabeça, a tentarem perceber como é que vão pagar os custos das SCUTS, de uma qulaquer OTA e do TGV, entre todos os outros custos gerados pela Estado.
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Foi fácil não foi?
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Isto das despesas com período de carência são óptimas, quando a responsabilidade de liquidação recai sobre outros que não nós próprios.
Será que posso aplicar o mesmo princípio na aquisição de uma casa em Miami; um veleiro de 20 metros; uma outra casa em Paris (sei exactamente onde) e ainda uma em NY (sei também onde seria); um jacto privado e ainda obter verbas avultadas para subsidiar todas estas despesas?
Vou pensar sériamente no assunto. Se arranjar solução de consumir tudo isto sem me responsabilizar pelo pagamento, prometo escrever, aqui, a solução, desde que não a digam a muita gente.

20.6.07



FulvioMendes

A importancia do depois de amanhã

Errantes estávamos na loucura do pensar, na arquitectura das coisas, desvarios de mentes perturbadas ou entregues a exercícios de loucura, que perdemos a noção do tempo, do espaço, do rigor e da estima.
Queríamos tudo sem querer nada.
Pegávamos com a mesma facilidade com que rejeitávamos.
Vivíamos na ilusão, de uma criação obstipada, entupindo o canal do pensamento e libertando os gostos e odores fétidos da infecção.
Via-mo-nos a nós e a quem estava perante nós, na primeira linha, sofrendo de uma profunda bizarria: não víamos mais nada.
Quem não vê não imagina e, sem imaginar não cria.
Nada criámos então, agora que assentamos ideias, a não ser a convicção que o amanhã não depende sequer do agora, mas acima de tudo do depois de amanhã.
Que assim seja, então, agora que o percebemos: errantes continuamos no desvario e loucura do pensar.

A solução correcta: Portela + 1

Aeroporto: a solução da manutenção da Portela, aproveitando por exemplo Alcochete como apoio é, claramente a melhor solução.
Não hipoteca as próximas gerações de froma significativa e não parte para um precipício fundado no aumento de turismo e tráfego aéreo, que a expressão numérica que nos é apresentada, define claramente como megalómana, senão insana.
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Esta situação faz-me sempre recordar o afanoso empenho, daqueles que viam na Swissair a salvação para o problema financeiro da TAP.
Depois víu-se como foi com a Swissair. E adivinha-se como teria sido com a TAP.

As eleições e os candidatos

Notoriamente, como havia previsto, com a mesma facilidade que qualquer um de vós o fez, a questão aeroporto de Lisboa foi empurrada para as calendas gregas, leia-se após eleições para a CML e Presidência Portuguesa da UE, por forma a facilitar ambas as situações.
O Ministro até já aceita estudos sobre a Portela + 1. Aceita tudo agora, depois de afirmar "jamais, jamais".
Temos levado com cada um (isolado ou grupos) que, por vezes, me ponho a pensar se não será de facto sina nacional este penar, que Luis Vaz tão bem descreveu em relação às paixões.
Porque tem de se estar apaixonado por este pedaço de terra e os seus vultos e História, para nos mantermos fiéis e perseverantes nesta condição, que a todos parece cada vez mais isolada, de cidadão nacional de um Estado-Nação chamado Portugal.
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António Costa tão depressa clama pela Igreja, como aceita que a sua mandatária para a juventude afrime que, acaso seja promolgudada legislação que permita os casamentos homosexuais, tais enlaces se possam realizar no Salão Nobre dos Paços do Concelho, como, até, no dia de S. António. Pasme-se! Casamentos gays no dia do Santo padroeiro de Lisboa, depois de se aludir à Igreja como uma entidade fundamental. Estão todos loucos (foi assim que os romanos acabaram)!
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O debate na Sic Notícias mostrou um António Costa vacilante, uma Helena Roseta firme, um Telmo Correia muito bem, um Negrão a piscar o olho às propostas de Roseta, um Ruben sempre igual, um Zé de que ninguém precisa e um Carmona que aceitou, vezes sem conta, que a palavra suspeição e ausência de gestão saltita-se no debate, sem haver uma reacção verdadeira de repúdio. Sentia-se que Carmona estava diminuído (embora a situação não seja nova).
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Falaram de coisas interessantes, pena é que nenhum de nós acredite que sejam possíveis. Porquê? Porque não vai haver dinheiro para as boas ideias, até falta e muito, e porque sabemos, igualmente, que o betão será, agora e sempre, a alavanca de financiamento desta e das outras Câmaras.
As boas ideias não passam de boas intenções. A realidade, depois, é outra. Infelizmente.
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A cidade tinha tudo a ganhar em tornar-se atractiva, um pólo aglutinador das populações. Tornar-se-ia competitiva, ofereceria saneamento e transportes melhorados, locais de lazer apropriados, cinemas e teatros arranjados, prédios recuperados, face limpa, asseio nas ruas, melhor qualidade de vida, maior rendimento económico, maior poder financeiro.
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Esta cidade branca tem, precisamente, esse defeito: o branco suja muito.
Para manter a bonita luz de Lisboa é necessário gastar muito dinheiro em limpeza a seco.
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Ninguém vai ter maioria absoluta. Vão ter de coabitar. Sei que António Costa vence as eleições. Preferia Roseta ou Negrão. Gostaria que o Zé saísse e pagasse o pesado custo de atraso das obras do Marquês, não só à Câmara, mas igualmente ao pequeno comércio. Carmona vai ficar - vamos ver quantos lisboetas estão de férias em 15 de Julho. Se forem, essencialmente, os bairros sociais e populares a votar, ainda podemos ter surpresa - espero que sem um pelouro importante. Não porque entenda que deva ser penalizado por estar envolvido num qualquer processo, nada está provado e até prova em contrário...mas porque acredito, pelo que vi e vejo, que a questão é do foro da incompetência, muito mais do que qualquer outra razão.

15.6.07

O grandíloquo vaidoso vazio de pensamento

"A Europa necessita de um compromisso sobre o novo Tratado para dar um sinal claro à sua economia, aos seus cidadãos e ao mundo de que o processo europeu vai avançar", disse Sócrates.


Quanto à economia sei quais os resultados práticos do compromisso: mais poder concentrado num directório de 4 a 5 países, com um deles a comandar, claramente, as directrizes de acção e actuação da UE, só podem significar aumento do poder económico das grandes corporações e uma crescente aglutinação do poder financeiro. A isto chama-se strategie du poisson.
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Em relação aos cidadãos, estes revêem-se na política, como arte de governar uma sociedade organizada, composta de homens, definidos pela sua identificação geográfica, patrimonial, cultural. Não sendo a solidariedade um dado mensurável e encontrando justificação na limitação espacial, ao substituir-se por interesses económicos, a solidariedade espacial sucumbe, colocando em causa a função essencial da política, bem como o seu lugar no ordenamento da sociedade.
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Num mundo onde a riqueza nasce da desmultiplicação das ligações de capital e alianças internacionais há que evitar as perturbações, o imprevisto e o incontrolável. É necessária uma ordem que não sobrevenha, exclusivamente, do poder económico - este não conhece cor, credo, nacionalidade - mas igualmente do reconhecimento das similitudes, do espaço geográfico, dos interesses comuns.
É assim que imaginamos a União Europeia ? Nem nos nossos melhores sonhos!


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A pretensão de combinar uma multitude de interesses e dimensões - polítca, cultural, económica e mesmo militar - aprisiona a própria concepção espacial do poder, em virtude do próprio espaço deixar de ser um critério fundamental de avaliação.


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Pretende-se federalismo ?


O federalismo clássico nasceu de uma lógica de solidariedade baseada na lógica geográfica: o município pertence à região; a região pertence ao Estado.


É esta pirâmide geográfica que permite organizar, a diferentes níveis, a vida política: os espaços de solidariedade autárquicos de nível local, regional, nacional, fixando os cidadãos em cada um dos diversos níveis, as suas prioridades, os seus anseios, em suma a vontade comúm que consubstancia a definição de política em si mesma.


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Aos olhos do Mundo, não é o federalismo que se desenha num qualquer tratado constitucional. Aos olhos do Mundo passa a noção do Directório, da centralização do poder económico, da colonização de uns países europeus por outros, poucos em número, enormes em poder. Passará certamente a ideia que o capital se poderá instalar, coligar, absorver e devorar recursos, garantindo, em simultâneo, a riqueza de uns e a desilusão/trabalho de outros.


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Espanta que os pequenos países se afadiguem tanto, em torno de ideais colonizantes, dominadores, superior e patriarcalmente apadrinhados pela Alemanha e pelo equivocado poder político francês.


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São estes, em meu entender e de forma muito resumida, os sinais claros que a UE, enquanto instituição e jogo de poder quer transmitir.


São estes os sinais claros que os países da UE, na sua maioria, querem passar ? A resposta é, claramente, não!


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Falta substância a José Sócrates. Falta-lhe perspicuidade.

O camaleão socialista

"O candidato do PS à CML destacou hoje a importância da Igreja Católica para o futuro da cidade em áreas como a acção social e a defesa do património histórico".

Pergunta a António Costa: enquanto Ministro esteve contra a reordenação do cardeal patriarca de Lisboa - o mesmo é dizer a Igreja - no protocolo do Estado, aquando este tema foi discutido ?

Porque é certo: a considerar o papel da Igreja fundamental em Lisboa, a capital, considera-se fundamental no País, por maioria de razão.
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É António Costa, o mesmo que foi Ministro, que agora afirma/admite que: "...A Igreja Católica é depositária de um valioso património histórico essencial ..." e "...A Igreja Católica conhece a cidade, os seus dramas sociais e tem uma relação profunda com as pessoas. As instituições ligadas à Igreja Católica são parceiras da cidade no acolhimento e na ajuda às populações."
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Se conhece Lisboa, conhece o País, porque a Igreja está em todo o lado, e se está em todo o lado está igualmente nas escolas, onde quase tudo começa, desde o acolhimento, à ajuda e, não menos importante, à transmissão do património histórico.
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Foi igualmente este Governo, no qual Antóinio Costa era o número 2, que deu instruções para a retirada dos crucifixos de todas as escolas do País.
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Já o afirmei antes: num Mundo em decomposição de valores, aceito que se discuta o dogma religioso mas não aceito que se perca o normativo religioso, porque as normas que a Igreja transmite devem, obrigatóriamente, ser seguidas por todos, independentemente de se acreditar ou não no dogma. E porquê? Porque são boas, tanto na essência como no caminho que ilustram e apontam, ao nível do carácter, do comportamento moral, da compreensão e da acção social.
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Alguém, de boa fé, aceita criticar a forma como Jesus é apresentado pela Igreja, a sua maneira de viver, de partilhar, a abnegação constante, a vontade indómita de lutar políticamente contra o poder instituído que considerava iníquo e, igualmente importante, a capacidade de sofrer, aceitando o seu sofrimento como exemplo para todos os outros ?
Foi este conjunto de valores, inscritos nos crucifixos, substantivamente, que o Governo pretendeu erradicar das escolas ?
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São estes os valores a que António Costa apela agora, na altura de cativar votos ?

4.6.07

Atenção às manobras totalitárias...

A ideia, perigosa, de poder obrigar os autarcas (assume-se que outros cargos públicos, por arrastamento) constituídos arguidos em processos, a terem de suspender obrigatóriamente os seus mandatos, é, uma vez mais, um sinal claro de uma tendência totalitária para a arte da governação.
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De acordo com a definição, o arguido presume-se inocente até estar condenado definitivamente (até ter transitado em julgado a sentença que o condenou, isto é, já não ser possível recurso).



Definido o estatuto de arguido, não se percebe a obrigatoriedade da suspensão de mandato.


Aos olhos da opinião pública, ressaltará sempre um sinal de culpa clara, mesmo antes de esta estar formada.


Clara é, igualmente, a situação de evidente exposição pública a que estão sujeitos todos os que optam, pela via política ou outra, por estarem continuadamente na mira das notícias, delas tirando proveito. Esta exposição pública tem coisas de bom, mas tem igualmente muito de mau, pela devassa a que sujeitam as vidas dos visados.


Contudo, argumento por argumento, nenhum se pode sobrepôr ao princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição, e da necessidade de caber a quem acusa o ónus da prova de culpa.
Assim sendo, não tenho qulaquer dúvida em considerar despropositada a medida proposta e, ademais, atentatória dos direitos consagrados na Constituição Portuguesa, por definição, direitos fundamentais.