«Portugal é um país competitivo em termos de custos salariais. Os custos salariais são mais baixos do que a média dos países da UE e a pressão para a sua subida é muito menor do que nos países do alargamento»
~
Manuel Pinho dixit, na China, perante empresários e políticos chineses.
E, assim, pela voz do Ministro da Economia, passa uma imagem brutalmente negativa da economia nacional por duas razões, a saber: (i) baixos salários representam baixas qualificações de toda a força activa nacional; (ii) baixos salários significam fraca competência e eficácia do empresário português e da indústria e serviços nacionais.
Estas afirmações são proferidas numa economia pujante, a crescer a um ritmo impressionante e que hoje é noticiada a nível mundial, com enorme repercurssão. Tudo o que lá seja feito ou dito sofre um efeito amplificativo medonho. E o que foi dito é, claramente, que a mão-obra nacional está abaixo, em qualificações, da mão-obra dos países de Leste membros actuais da UE, bem como que a indústria nacional vive de salários baixos e não de produtividades elevadas.
É o pior que pode ser dito sobre um País que é membro da CEE/UE desde 1986. É afirmar, claramente, que somos o terceiro mundo europeu. Há coisas que podem ser pensadas, mas nunca podem ser ditas ou escritas. Mais ainda, se estamos a falar de um Governo que colocou a tónica no desenvolvimento tecnológico.
.
Sem qualquer demagogia, antes com elevado sentido de estado, afirmo: Manuel Pinho ou pede a demissão ou deverá ser exonerado. Caso contrário, o governo terá de explicar porque permite este tipo de comentários, numa visita oficial, de um seu ministro e, ainda, se é este, de facto, o pensamento reinante nos nosso actuais governantes. Se fôr, tanto trabalhadores como empresários deverão retirar a confiança política ao governo PS; se não fôr, o ministro está em gravíssima dissonância e deverá sair.
.
Pergunta: em que condições e com que autoridade se sentará Manuel Pinho a uma qualquer mesa de concertação social ?
.
Eu, como cidadão português, a quem pedem sacrifícios constantes, sem nada dar em troca, após vinte anos de adesão europeia, sinto-me vendido em saldos e duplamente defraudado com esta afirmação de um ministro, por mim e pelo futuro que espera a minha descendência.
Ou o ministro sai ou o governo cai!
.
P.S. falar de salários baixos na China é, no mínimo, uma imbecilidade.