20.4.09

O que deveríamos estar a fazer....

Os políticos, todos eles, andam entretidos à volta de assuntos menores (não pela importancia intrínseca para o País e toda a população, porque são matérias fundamentais, mas pela perca de oportunidades de cativar capitais para Portugal que permitam, posteriormente, através de mecanismos de criação de riqueza, gerar soluções para esses mesmos problemas) como a educação, que está mal e continuará mal, até que se faça uma reforma de fundo. Exemplo: em qualquer país do mundo a primitivação e integrais são dados até ao final do secundário, excepto em Portugal. A saúde que ainda não é para todos e continuará sem ser, enquanto se mantiver uma política de proteccionismo à classe médica, entenda-se, todos aqueles que exercem a profissão baseados na prática da consulta particular e na dificuldade de acesso à carreira. Igualmente a actuação fiscal que não leva em conta os golpes fortíssimos que vai desferindo na, já de si, fraquíssima liquidez do país. A evolução tecnológica, com discussões sobre o Magalhães ou falácias como a Quimonda.
A justiça que é matéria fundamental para arregimentar "boas-vontades" exteriores, igualmente se encontra mal e vê o seu funcionamento deteriorar-se, com noticias difundidas mundialmente, atrasos conhecidos e leis pouco claras, fomentadoras de interpretações várias, afastando investimentos de Portugal por falta de credibilidade. Também a ausência de uma política séria de educação ao nível matemático e económico, deteriora a imagem do país externamente. Por último a ausência de discussão política séria faz pensar, com razoabilidade, que o estado de coisas é para manter.
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Estas são causas, entre muitas outras, que por serem mal conduzidas e discutidas dão a falsa ideia de que, entre governo e oposição, não há diferenças na abordagem dos problemas. E, no entanto, são estes os problemas que os portugueses mais sentem, os mais prementes, a par da deterioração do nível de vida, independentemente de os conseguirem isolar todos ou terem uma visão mais de conjunto.
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A preocupação deveria ser tida na retenção de capitais em Portugal e na angariação de mais liquidez, através de medidas atractivas, abstendo-se Portugal de entrar em discursos demagógicos e defesas quixotescas, de temas que são lançados por outros, por conveniência pública, mas que não pretendem fazer cumprir em nenhum momento - caso das off-shores - por contraponto com os nossos políticos, afadigados na defesa destes temas que a nós nem sequer nos deveriam preocupar, quanto mais merecer-nos qualquer tipo de referência.
A política externa deveria ser agressiva e dotar de meios económicos superiores as Necessidades, para que o corpo diplomático português pudesse agir de forma célere e eficaz e, também, em várias frentes.
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Portugal deveria investir na educação, para garantir a formação de uma geração de ouro daqui a vinte anos, ao mesmo tempo que conduziria recursos, parcos neste momento mas preciosos para nós, para a nossa economia. Deveria ter uma política agressiva face à União Europeia e não subserviente, mostrando distanciamento em relação às políticas monetárias, sociais e fiscais.
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Deveria igualmente assumir posições de inovação no combate às dificuldades do sistema financeiro, mostrando capacidade de engenharia financeira e de ultrapassar paradigmas.
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Deveria revoltar-se, com o discurso projectado externamente através das Embaixadas, tal como toda a propaganda sobre as medidas anunciadas anteriormente, para vender a imagem de um Portugal político mas igualmente económico e financeiro, fraco momentaneamente nestas premissas, mas capaz de responder melhor que países que já foram fortes e que hoje mostram fraquezas preocupantes - caso da Suiça.
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Aproveitar o estar na União Europeia para dar maiores garantias externas e, em simultâneo, distanciar-se das políticas extremistas, económicas e fiscais, através de discurso político forte e convincente, assumidas pela mesma União.
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Fazer-se falar nos aerópagos internacionais e, principalmente, junto daqueles que tendo imensas fortunas têm hoje enormes preocupações. Atestar as vias de comunicação existentes no país e adicionar a vontade histórica do povo em fazer coisas, principalmente grandes cometimentos, em alturas difíceis - jogar com a História. Vivemos numa era em que são necessários grandes cometimentos e enorme coragem, principalmente política.
A economia está em viragem e a política não pode convergir com a economia. A solução passa pela clivagem e por dar a conhecer essa vontade de clivagem.
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Os tempos têm de ser entendidos como de guerra e agir politicamente como nas guerras; esforço unificador interno; políticas de alianças agressivas e egoísticas externamente. São estas as nossas necessidades actuais e, sinceramente, não vislumbro ninguém que as tenha percepcionado ou sequer percebido o seu alcance e sua premência.
Por isso é tão importante virar uma página na classe política portuguesa.

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