Muito embora os países periféricos da Zona Euro (ZE) não tenham feito tudo bem feito, as injecções de capitais e as paragens súbitas desses mesmos inflows, empurraram-nos para a crise financeira.
A esta luz, parece claro que ao invés dos enormes "buracos" serem resultado directo de uma política financeira e fiscal desastrosa ou de consumo excessivo, os défices observados são a contrapartida necessária e inevitável desses enormes fluxos de capitais externos, provenientes dos países mais poderosos da ZE. Igualmente, ao invés de preocupações com taxas de inflação acima da média e deterioração da competitividade desses países, serem sinais de laxismo fiscal e de ineficiências laborais, a valorização do euro, inevitável, é a principal causa das ineficiências, pelos mecanismos que levaram à criação destes défices nas contas-correntes dos países mais fracos na ZE.
Sem retirar culpas próprias - a crise é tão grande que há espaço para todos e tudo - a verdade é que, uma vez adoptado o euro como moeda comum, várias forças se conjugaram no sentido de empurrar as economias mais fracas para situações de crise financeira extrema, independentemente da gestão da coisa pública por parte dos governos.
Mais do que a irresponsabilidade governativa, a moeda comum é, ela própria, a base da crise actual.
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