25.4.11

A inevitabilidade da Moratória

Podem políticos e economistas enfeudados a partidos políticos, afirmar que Portugal não pode pedir a reestruturação da dívida soberana, porque as pessoas de bem - o estado português no caso - pagam as sua dívidas atempadamente. Mesmo que para esse cumprimento se tenha de pedir dinheiro emprestado; mesmo que quem empresta saiba, com toda a certeza, que sem empréstimo o incumprimento é certo - com esta certeza, quem empresta manda de facto e é o único que manda.
Depois, o que se verifica é que a economia é estrangulada com as exigências de quem empresta, cuja preocupação é recuperar o dinheiro emprestado, acrescido dos juros devidos, sem qualquer preocupação de crescimento económico do devedor. Mais tarde, o destino, com empréstimo, é o mesmo que sem empréstimo: o devedor tem de assumir a impossibilidade de cumprir o serviço da dívida, como bem nos mostra a Grécia. Moratórias, reescalonamento da dívida e todas as manobras financeiras possíveis, são colocadas então em prática. Para quê, pergunta-se; nessas condições já o estado parece uma pessoa de bem? Porque primeiro fingíu tentar cumprir, sabendo dessa impossibilidade, e só depois assume que não pode? É uma vez mais só uma questão de mera hipocrisia?
Bom, é que no fim a conclusão é óbvia: estamos todos fartos de mentiras e hipocrisias. Se é por estas razões não vale a pena estarmos a estragar, ainda mais, o cenário.
Portugal está a ser escrutinado, exposto, mal tratado, situações que viveria se assumisse que não podia pagar, por agora. Vive estas situações e sujeita-se a medidas económicas que só o enfraquecem, por não fazer o óbvio, afirmar o inevitável: não pode pagar, não tem condições para honrar as dívidas. Mas, ao contrário do que "doutas" figuras afirmam, Portugal não é o incumpridor: quem incumpre é a classe política que, há 37 anos, expolia Portugal. São os nomes dos incumpridores que se sujeitam à má fama, nunca um país com quase 900 anos de História, nem o seu povo.

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