15.2.11

Viver para o momento.....

Fico sempre espantado com os dados que são emanados pelo governo.
Segundo parece, de acordo com as fontes oficiais do costume, as exportações portuguesas aumentaram. Ora este aumento prefigura um paradoxo.

Razões: antes da crise financeira e económica havia uma expectativa de tendência para as exportações (o mesmo é dizer nas importações, porque só há uma coisa havendo outra) no mundo industrializado, casos dos EUA e da Europa.

Para os países que não foram afectados no seu sistema financeiro, as importações desceram cerca de 5% face ao que era esperado (a tendência).
Nos países afectados no sistema financeiro, casos dos EUA e Europa, a queda situou-se em cerca de 25% em média, face aos números esperados nas importações, ou por outras palavras, o comércio internacional caíu, em média, 25%. Nestes países não é expectável que o comércio internacional venha a recuperar nos próximos anos. Assiste-se a uma queda acentuada nos primeiros dois anos da crise e, depois, a uma estagnação, derivada dos problemas com um difícil acesso ao crédito, sobre-endividamento, em suma, as conhecidas dificuldades.

Nós portugueses estamos a importar menos, porque estamos a consumir menos, mas parece estarmos a exportar mais: se os outros estão a importar menos, como é que nós estamos a exportar mais? E, acima de tudo, o que é que estamos a exportar em maior quantidade? Não são automóveis nem bens de equipamento. O que será então?

Clara, claríssima, parece ser a conclusão a tirar: exportámos mais vinho e cortiça e etc., em 2010, porque estávamos a fazer um mau trabalho até aí..... o que não poderíamos ter exportado antes se soubéssemos o que fazer, se fossemos conduzidos por gente capaz, gente que estivesse colocada a todos os níveis, das empresas às associações empresariais, dos institutos públicos aos gabinetes onde se cozinha a governação do país.
Mas não temos essa gente, não somos conduzidos numa perspectiva de eficiência e eficácia. Somos malevolamente empurrados para uma cultura de desresponsabilização, para uma postura de indiferença, para um estado de letargia que nos mata.
Mata-nos a nós e aos que se nos seguem.
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Nota fantástica: há sempre uma boa notícia económica para dar, por parte do executivo, mas o desemprego está sempre a crescer; todos os dias cresce.

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