1.2.11

Jorge Lacão afirma que os administradores das empresas públicas ganham em demasia, quando comparados com o Presidente da República e com o Primeiro-Ministro.
Ponto de situação: não sou gestor público e concordo com a afirmação,senão vejamos: como é possível que os gestores públicos ganhem tanto ou mais que os privados ?
Vamos por partes: (1) os gestores são responsáveis pela boa gestão dos activos que lhes estão confiados; (2) os gestores são responsáveis pelos orçamentos aprovados e pelos resultados obtidos; (3) os gestores são responsáveis pelos endividamentos, tendo de convocar Assembleias Gerais, quando os montantes e a montagem das operações requer a validação dos accionistas; (4) os gestores são responsáveis pelo bom cumprimento fiscal e pagamentos à segurança social.
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Enumeradas só algumas das responsabilidades que recaem sobre os gestores das empresas, encontramos alguma comparação possível entre gestores públicos e privados ? Nenhuma.
Os gestores públicos não respondem perante o fracasso da gestão dos activos, não respondem pelos orçamentos fixados, não respondem pelos financiamentos (que são autorizados pela tutela), não respondem perante a máquina fiscal ou a segurança social.
Conhecemos n exemplos de gestores privados que são perseguidos pelo fisco, através do direito de reversão. Conhecemos algum caso de gestores públicos?
As empresas públicas têm prejuízos imensos, pagam os salários religiosamente e ainda lhes sobra papel para pagar impostos? Alguém acredita?
Verifique-se e a conclusão será simples.
E os orçamentos?
São constantemente ultrapassados, desrespeitados, sem que haja qualquer tipo de penalização.
Os actuais gestores públicos são inimputáveis, pelos vistos, e como inimputáveis que são não podem ser responsabilizados. Assim sendo, devem, de facto, ganhar muito menos do que ganham.
Claro que pagando menos recebe-se menos; mas assim como assim, se a falta de qualidade já é habitual, que se pague menos.

Uma última palavra para as associações patronais deste país: ou estão cegas ou vendidas.

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