29.9.10

A inevitável necessidade de redução da Despesa Pública.....


Considerar que as deduções à coleta em sede de IRS é um desperdício, como o fez o Senhor Secretário de Estado, constitui-se em si mesma como uma afirmação que desperdiça o "nosso tempo", porque verificamos que o tempo dado ao governo, que é o "nosso tempo", tão necessário para a resolução dos graves problemas que o país atravessa, não é aproveitado pelos governantes.
As deduções à colecta são um factor de justiça na redistribuição dos rendimentos, permitindo em simultaneo um aumento da liquidez disponivel para as famílias. O nível de impostos em Portugal impede as famílias de fazerem qualquer tipo de poupança e, concomitantemente, impossibilita um aumento do consumo, tão necessário para a recuperação económica.
A carga fiscal é pesadíssima e desproporcionada: a classe média é a mais afectada e todos sabemos que um país saudável necessita de uma classe média sólida.
Reduzir as deduções à colecta, aumentar o IVA, em suma aumentar directa e indirectamente a carga fiscal é intolerável para a economia nacional; alimentar um estado gordo à custa de uma população magra é um erro fatal.
É precisamente na Despesa Pública que os cortes têm de ser efectuados.
Cortar na despesa pública não implica cortar na Saúde e na Educação em si mesmas.
Implica, sim, cortes em todos os gastos estúpidos, burocráticos, de má prática de gestão, de uma frota automóvel inacreditável (mil milhões de euros de custos anuais), de salários de milhares de funcionários públicos que nada produzem, pagos através de todo o aparelho estatal, todas as empresas estatais, todas as fundações, institutos públicos, scuts (custaram e ainda custam uma barbaridade por ano) e todas as restantes empresas onde o estado está presente indirectamente, bem todos os subsídios que contribuem para a manutenção de uma situação de laxismo na sociedade.
A empregabilidade criada pelo estado disfarçou, durante anos, a ausencia de competitividade de Portugal, encapotou o encerramento de empresas importantes para a nossa economia . industria pesada - e a falencia do sector agrícola. Durante anos viveu-se uma mentira do tamanho do mundo, resguardada também por todos os valores que entraram via Bruxelas, que todos teimaram em chamar de subsídios, mas que de facto não se trataram senão de indemnizações.
Cortar na despesa é fundamental e a única política possível de controlo orçamental; qualquer outra - aumento de impostos - contribui directamente para a retracção económica, para o avolumar das dificuldades do país, das famílias, do desemprego, aumento da miséria do Estado.
É fundamental que o estado deixe de comer, em despesa corrente (a despesa não produtiva) um pouco mais do que metade de toda a riqueza nacional.
Mas não é este o cenário que se nos apresenta; pelo contrário, o deficite público será em 2010 superior ao de 2009: pelas contas actuais, o deficite deverá chegar aos 10,3% contra os anteriores 9,4% (e já estou a considerar uma redução no 13º mes).
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A sensação que tenho - sensação ? - é que ninguém sabe mais o que fazer deste país. É uma sensação estranha, arrepiante, perigosa, assustadora.

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