19.5.10

As razões estão todas à vista, mas as mentiras acentuam-se.....e os erros cometem-se à velocidade do avanço do caos económico e social....
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Paul Krugman escreveu ontem, no New York Times, que ".... os salários nos países periféricos da Europa, como Portugal e Espanha, têm de baixar 30 por cento face à Alemanha". Acrescentou ainda que "... com uma moeda única, um ajustamento a choques requer ajustes nos salários. E como os países periféricos da Europa passaram de um crescimento a uma recessão, o seu ajustamento tem de ser feito em baixa".

Ou seja e por outras palavras: ou se abandona a zona euro, que equivale a dizer que se tem uma arma de política monetária, capacidade de flutuações cambiais, equivalendo ainda a dizer que, ao desvalorizar-se a moeda em 30% (mesmo que por força do abandono da zona euro) se desvalorizam os salários em cerca de 20 % (tem de se contar com o que é produzido em Portugal) e se ganha competitividade ou; os ganhos de competitividade, mantendo-se a zona euro, só se conseguem com salários mais baixos entre 20 a 30% , quando comparados com a média alemã.
Já tinha sido escrito, por mim, aqui e aqui.
E o que dizer das dificuldades de endividamento das instituições financeiras nacionais nos mercados internacionais ?
Bom, se temos que contribuir com uns milhares de milhões, de acordo com o que foi oficialmente anunciado, como parte do pacote de ajuda à Grécia ( que não é para cumprir, de facto, mas é o que está escrito e afirmado aos mercados), como é que os mercados reagem ?

Fácil: se os portugueses não têm dinheiro para eles e terão dificuldades a muito curto prazo para cumprir o seu serviço da dívida, vamos emprestar para que ainda o enterrem na Grécia ? Não, não vamos.

Onde está a competitividade do país ? Onde está a vontade de mudar ? Como se irá comportar uma economia muito fraca, com um aumento da carga fiscal que era, antes de aumentos, já de si insustentável ? Como se estão a comportar as receitas fiscais ? A criação de riqueza ? O dinamismo económico ?
Não se vislumbrando respostas satisfatórias a estas questões, vamos emprestar dinheiro a quem vai, depois, gastá-lo sem que o gasto seja produtivo e, ainda por cima, sendo parte deste dinheiro para aplicar numa economia que está ainda pior.
Não, não vamos. E daqui surgem as dificuldades.
A ser verdade a notícia publicada sobre o tesouro inglês e a passagem de pasta, percebe-se que os ingleses tenham dito não, rotundamente não, a qualquer ajuda à Grécia. Com coragem.
Nós, como estamos sempre de chapéu na mão, assustados com a possiblidade de virmos a necessitar de ajuda identica dentro de muito pouco tempo, dissemos logo que sim.
Esquecemos que nem para a Grécia a ajuda vai ser dada/disponibilizada na totalidade (garantíu para já a solvencia dos problemas em Maio) porque é uma impossibilidade europeia (ver aqui), então muito menos Portugal gozará de qualquer pacote de ajuda.
Mais depressa somos corridos da zona euro, juntamente com gregos e espanhóis, do que entrará uma piastra europeia em Portugal.
Coragem precisa-se.
O país está falido e só é possível encontrar soluções se se conseguirem encarar os problemas; e mesmo assim, a ver vamos.....



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