27.10.08

Small is beautiful...

Ao contrário do que foi anunciado há muitos anos, por vendilhões de teorias em todo o mundo - incluindo "doutos" economistas portugueses, que ao abrigo de funções políticas se vestiam (e ainda vestem) de roupagens discursivas pretensamente sofisticadas, falando para audiências de políticos, empresários e advogados, impreparados económicamente - defendiam o "big is beautiful" e anunciavam a morte do pequeno e médio negócio, ao contrário destes vendilhões percebe-se, agora, a preocupação por parte dos governos em tentar evitar o inevitável: declínio da pequena e média empresa, a queda da classe média.
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Vendilhões de pacotilha, todos sem excepção, que compram todos os best-seller que saiem dos pretensamente gurus económicos, adaptam o que lêem e repetem sem pensar.
A todos esses há que dizer agora (a alguns, tão cheios de si e empertigados que são, será mesmo necessário gritar): big is necessary but, SMALL IS BEAUTIFUL.

22.10.08



AlbrechtDürer

O que tem de ser feito para mudar...

Há um problema no discurso político grave: nos temas que verdadeiramente interessam actualmente, as soluções de uns terão de ser iguais às soluções de outros. Ou seja e por outras palavras: governo e oposições terão de estar de acordo em relação às matérias fundamentais, porque os problemas que se colocam dependem muito do exterior e, só em parte, da acção política interna.
No restante, nas questões de pormenor, há espaço para a divergência política.
O problema reside nas grandes questões e na agenda política de cada um. Aqui chegados aparecem as grandes diferenças: se o discurso tem de ser o mesmo, ganha politicamente quem conseguir soletrar as reformas primeiro ou mesmo, sendo bastante, quem as conhecer e souber aplicar.
É uma questão de gritar: cheguei primeiro!
Mas porque onde falta a vontade política de aceitar as igualdades, sobeja o medo político, assistimos ao caricato de discutir candidatos autárquicos a um ano de distância, a silêncios e enfados, a arrogâncias e, acima de tudo, a muitas asneiras políticas, a cedências e a promiscuidades inaceitáveis.
Exige-se classe política à classe política. Exige-se inteligência, respeito e rapidez. Exige-se que governo e oposição se compenetrem que nos representam a todos, que em conjunto representam o Estado e que o Estado somos todos nós.

O peso e cor das Palavras....

Primeiro não era nada; depois era um problema americano, para ser resolvido por americanos; de seguida era qualquer coisita mas nada de preocupante; posteriormente seria um princìpio de recessâo, como os inìcios de gripe, mas estaria tudo bem rápidamente, como as gripes; finalmente poderia ser uma recessão, lá para o distante 2009.
HOJE é uma recessão global, apelidada por alguns, muitos, analistas como severa: recessão severa.
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Será uma recessão severa uma depressão ligeira (hoje) ? E amanhã o que será?
Maniqueísmos.
Chamem-lhe e classifiquem-na como quiserem mas ponham as economias a funcionar, para que o túnel onde irá aparecer a luz comece a ser uma realidade.

20.10.08



AlistairLittle

Certezas...

Como vai ser a época das festas este ano para o comércio? Muito pouco favorável.
Como irá ser o próximo ano ao nível do turismo? Fraco, garantidamente fraco.
Como vão estar as exportações? Mal na certa.
Como vai estar a economia? Em perca.
Quando entramos em recessão? Já entrámos, independentemente da cosmética dos números, já lá estamos.

19.10.08



FranzUnterberger
Crise financeira: Governo holandês injectou 10 mil ME no ING, um dos maiores bancos do mundo.

Trichet acredita que situação bancária está em «vias de normalização».

Entendam-se......

Há coisas que têm de ser ditas quando se ocupam cargos com responsabilidade política...há outras que se dizem quando essa responsabilidade não existe. Para os segundos há liberdade de palavra e acção; aos primeiros exige-se moderação no comentário político mas acção concertada com a situação, ou seja, diz-se uma coisa mas finta-se o discurso com acção efectiva diferente.
Espero que Trichet esteja a agir em conformidade, mas sinceramente não acredito, pelo passado próximo e longínquo. A acção do governador é pautada pelos interesses alemães, que neste momento são sombrios, nebulosos e, na generalidade, andam à deriva... a procura de uma zona de influência geográfica com os custos de consolidação da Alemanha parecem, neste momento, contraditórios.

16.10.08



PaddyBurrow

Alterar impostos de forma indirecta, mas muito mais interessante....

Alterar os impostos sobre as empresas é errado e não traz benefícios reais à economia, mas tão sómente ao capital investido, na forma de aumento dos dividendos.
Correctamente, dever-se-ia considerar a formulação de uma política capaz de conduzir ao investimento, através da alteração de outros instrumentos, capazes de capitalizarem as empresas e, em simultâneo, reduzirem o imposto a pagar, sem que para tal fosse necessário baixar a taxa de IRC. Assim teremos:
(1) aumento das taxas de Amortização de activos, corpóreos e incorpóreos - esta medida permite aumentar os custos, diminuir a carga fiscal pelo aumento dos custos e, ao mesmo tempo, capitalizar as empresas, porque as amortizações são custos na conta de Ganhos e Percas, mas são fundos que subsistem em tesouraria;
(2) acabar com o pagamento por conta do imposto sobre os rendimentos;
(4) receber o IVA efectivamente cobrado e não o IVA "facturado". A máquina fiscal tem instrumentos capazes de, hoje, controlar quem pagou o quê e a quem.
Com estas alterações, criavam-se condições de aumentar as vantagens competitivas do país na captação de investimento, nacional e estrangeiro, ao mesmo tempo que se conduzia a política económica no sentido da criação de riqueza nas empresas.
Estas são medidas fáceis e possíveis.
Baixar taxas de imposto são medidas que não conduzem a nada de positivo, mas são fáceis políticamente.
O que se pede são medidas eficazes económicamente; se estas forem tomadas a política e o país saiem a ganhar.

Ainda não estamos lá...

É fácil perceber que não basta anunciar injecções de capital; primeiro, porque o capital a injectar é insuficiente; segundo, porque a economia real já começou a resvalar; terceiro, porque não há dinheiro que valha aos derivados de risco.
As subidas que vão animando as bolsas devem-se a movimentos especulativos - short-selling.
As descidas são fruto da situação económica real - falta de liquidez e confiança nos mercados.
A intervenção estatal é necessária, mas não basta intervir ao nível das instituições financeiras; é necessário nacionalizar parte das grandes fortunas (mesmo grandes fortunas) acumuladas em ouro, em diamamantes, em cobre, ou seja, parte de todo aquele dinheiro que serve de reserva pessoal e não está aplicado em actividades produtivas. Só com a coragem de repor parte dos ganhos com a sistematização da especulação, será possível remendar o sistema económico e disponibilizar liquidez para os meios de produção e para o consumo.
Mas é necessário atentar que ninguém, mas mesmo ninguém, precisa de comprar só por comprar; é necessário consolidar o que se está a produzir, deixando que a investigação avance mas a incorporação das inovações se faça de uma forma mais compacta, para que as mudanças sejam grandes e justifiquem a troca comercial do bem por dinheiro e não, como hoje acontece, se troquem objectos não por necessidade mas por novidade.

13.10.08

Paul Krugman

Finalmente Paul Krugman obtem a distinção e reconhecimento mundial há muito merecido.
Krugman é um economista que funciona fora do "stablishement" há muitos anos. Defendeu várias posições polémicas e demorou a ser aceite como autor e economista consagrado por ser difícil, por ter um discurso discordante....
É o pai da geografia económica, cujos princípios deveriam ter sido seguidos há muitos anos pelo nosso país.

8.10.08

Farto de teimosias....

Porquê a insistência na manutenção e mesmo aumento das taxas de juro, para depois, num dia, baixar a taxa 1/2 ponto percentual. Porquê a teimosia do Banco Central Europeu, se era previsível que um abaixamento da taxa de juro era, definitivamente, necessária e económicamente fundamental. Porquê tanta teimosia do sr. Trichet?
Baixar quando é inevitável, acarreta menor obtenção de ganhos do que baixar quando se percebe que esse é o caminho, porque nos adiantamos e fazendo-o, mostramos estar melhor preparados para perceber as envolventes, os reflexos e as consequências.
O mundo financeiro está cheio de gente que só tem "ar", que se dá ares, mas que de economia e finanças pouco ou nada percebe.
E serve de alguma coisa, o abaixamento? Não, porque o problema, agora, é de falta de liquidez e o dinheiro, consequentemente, vê aumentado o seu custo, mesmo que a taxa do BCE baixe.

Agora como antes, o futuro da UE está traçado...

Em Maastricht fixaram-se os critérios de convergência e o PEC, tendo como objectivo evitar défices orçamentais excessivos e generalizados, fixando a manutenção do défice orçamental dentro de um valor de referência (3% do PIB). Esta medida visava combater o laxismo dos países do Sul.
Em virtude dos critérios fixados, um país da UE que se encontrasse altamente endividado e numa conjuntura de recessão nacional, ficaria inibido de usar políticas fiscais expansionistas, por temor aos limites do tratado, representando aquela inibição uma perda de elevado custo, sob a óptica da autonomia da política monetária nacional.
O PEC apertava assim e ainda mais, a camisa-de-forças fiscal.
A protecção que o PEC garante à moeda única advém da teoria das Zonas Monetária Óptimas (ZMO) que nos diz: um país pode abdicar da utilização do instrumento cambial para fazer face a problemas de ajustamento interno e externo resultantes de um choque assimétrico, se existirem, em alternativa, mecanismos automáticos de ajustamento, a saber três:

(1) mobilidade internacional de factores;
(2) flexibilidade salarial;
(3) transferências financeiras.


A teoria desenvolveu-se num ambiente em que o trade-off inflação-desemprego constituía a referência fundamental para a condução das políticas macroeconómicas.
Entretanto o trade-off deixou de ser considerado como existindo no longo prazo. As variações cambiais deixaram de ser vistas como uma forma eficaz de assegurar a competitividade externa das economias, para passarem a factores de amplificação dos desequilíbrios internos e externos e de perda de credibilidade das autoridades monetárias.
A teoria evoluíu, passando a dar maior atenção aos diferenciais das taxas de inflação entre países e à existência de processos de convergência económica, como condições para o sucesso da introdução de uma moeda única.
A teoria das ZMO fornece o referencial mais utilizado para avaliar os prós e contras de abdicar da moeda nacional. Os custos da moeda única situam-se ao nível da estabilização macroeconómica, os benefícios ao nível, sobretudo, dos ganhos de eficiência microeconómica.
Todos os países são diferentes, ocasionando, dessa forma:

(i) diferentes respostas aos choques assimétricos
(ii) diferentes preferências em termos de desemprego e inflacção
(iii) diferenças nas instituições do mercado de trabalho

(iv) diferenças quanto à mobilidade laboral e flexibilidade salarial
(v) diferenças nas taxas de crescimento económico dos países
(vi) diferenças nos sistemas fiscais
(vii) diferenças no grau de abertura.


Do lado dos benefícios teremos:

(a) redução dos custos de transacção
(b) redução das taxas de juro
(c) diminuição da inflação
(d) diminuição da incerteza cambial.


O recente alargamento da UE, que passou a contar com 27 membros, acarretou como esperado problemas a vários níveis, destacando-se a diluição do conceito de criação da UE (dos princípios criadores); transferencia do projecto da UE para a arquitectura política e a não existência de ideias francamente mobilizadoras.
Mantêm-se contudo os critérios de convergência fixados em Maastricht.
E como foram calculados os critérios ?

É possível demonstrar a relação entre o défice orçamental e a dívida pública em % do PIB, com uma simples relação matemática: d=yb, em que d=D/Y, b=B/Y e y=dY/Y, onde D é o défice orçamental, B a dívida pública e Y é o rendimento, todos em valores absolutos, excepto o rendimento (valor nominal).
Aplicando as condições do tratado, a igualdade d=yb reduz-se a: 3%=5% x 60%, o mesmo é dizer, assumir o crescimento do produto nominal em 5%, valor próximo do que se registava na Alemanha na altura da fixação. Existíu então, como agora, arbitrariedade na fixação dos critérios, nada tendo a ver com a teoria das ZMO.
Ao alterar as regras do PEC, que como se víu foi "construído" à imagem e semelhança da economia alemã não merecendo, por tanto, uma defesa fervorosa nos seus princípios, os países passam a estar sujeitos a critérios menos rígidos do ponto de vista da despesa, influenciando directamente o défice orçamental e os diferenciais das taxas de inflação entre países da zona euro e os critérios de convergência. Os pilares de sustentação do euro desmoronam-se. Ninguém pode acreditar, em seu juízo, que perante o deslizar de umas economias em relação a outras as paridades fixadas se possam manter. Não existem sistemas de vazos comunicantes entre as economias europeias, (não existe um sistema fiscal único, não existe um modelo de estado-providencia único) .
Nada é certo neste momento, a não ser que os interesses alemães passam pelo centro e leste europeu, os francesses pela manutenção da ideia política subjacente às CE, os ingleses pela manutenção do binómio liberdade de movimento de capitais-política monetária controlada, com taxa de câmbio flutuante e Portugal bem encostadinho a Espanha, cheio de problemas estruturais, a produzir muito pouco e a consumir mais do que pode.

A recente reunião do denominado G4, mostra claramente uma Europa dividida por interesses económicos regionais, a várias velocidades, como sempre esteve, mas desta feita assumidamente. Por outras palavras, mostra o fim inexorável da UE.

5.10.08

Questões de "timing"...

Mas, e apropósito: não foi o Presidente desta República que veio a público afirmar, depois de saber que os grandes investidores institucionais se tinham retirado da bolsa de valores de Lisboa, que se estaria a vender "gato por lebre"?
Este senhor parece ter a tendência para afirmar aquilo que todos já sabem, com um "timing" muito seu...


AnnabelGosling

O mau governo e a péssima oposição....

Não comento o discurso do Presidente da República, a propósito do 25 de Abril. Há muito que me recuso a comentar as opiniões daqueles que considero inúteis e responsáveis, políticamente, pela situação caótica em que vive mergulhado Portugal.
Não posso deixar passar em claro as reacções da oposição; não importa se ou com comentários, positivos ou negativos, ao discurso do Presidente da República, a oposição se faz ouvir. O que importa é saber se é igualmente da responsabilidade da oposição o estado do país e, aqui chegados, a resposta é simples: É!!!
A responsabilidade é de todos, porque, de forma simples, se pode afirmar, sem erro: o governo é e age de acordo com a competência da oposição e, se temos um mau governo é, tão sómente, porque temos uma péssima oposição.

Má decisão...(esperando enganar-me)

Temo que a decisão de aprovar o plano Paulson tenha tido razões eleitorais. Não afirmo em definitivo esta leitura porque gostaria, em boa verdade, de acreditar que a injecção de liquidez agora decidida seria a suficiente para estancar a crise e, em simultãneo, marcar o início de período menos conturbado.
Não acredito contudo que assim possa ser, infelizmente. Acaso o tempo me dê razão, veremos quão inútil e pernicioso foi este esbanjar de riqueza e os resultados económicamente maléficos que irão arrostar para os EUA e, por inerência, ao resto do mundo.