Não é consensual que a globalização da produção seja uma realidade.
Alguns autores afirmam que o que se verifica é mais uma regionalização da produção.
Em defesa deste argumento, Oman apresenta duas características do processo de produção actual:
1) a parcela de trabalho pouco qualificado nos custos totais da produção decresceu consideravelmente, reduzindo a importância de relocalizar a produção para áreas com baixos salários;
2) a flexibilidade da produção e a especialização aumentou a importância da proximidade entre produtores e consumidores (localização global) e entre produtores e fornecedores de componentes (regionalização da produção, acentuada pela diminuição das barreiras tarifárias dentro dos blocos regionais).
Wells argumenta que as multinacionais americanas organizam a produção numa base regional, pois os ganhos da produção à escala global são pouco significativos, as economias de escala são igualmente importantes e os sistemas mundialmente integrados de produção são mais difíceis de gerir do que os sistemas à escala regional.
A extensão da globalização da produção depende também da natureza da indústria.
A produção de certos bens (como os automóveis) é mais global que outros (têxteis, comida). Estes últimos estão mais sujeitos ao gosto dos consumidores locais, o que torna a estandardização difícil.
As indústrias ligadas às tecnologias de informação, certos serviços (banca, seguros) são mais globalizáveis do que outras indústrias. As indústrias globais vendem os seus produtos no mundo inteiro e integram as suas actividades ao longo de vários mercados nacionais. A natureza, características e estratégias destas indústrias varia consoante a natureza e estrutura dos seus mercados.
Estas e outras razões, que a serem descritas exaustivamente tornariam este texto enfadonho, explicam porque razão algumas empresas nacionais são mais apetecíveis do que outras, fomentando jogos de especulação e futuros incertos.
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O recente exemplo do Millenium BCP é caso paradigmático.
A uma estratégia de crescimento induzida pela vontade de aumentar a influência, quer a nível nacional, quer internacional, mas sem defender a autonomia da instituição e deixando-a, claramente, à mercê de avanços externos, contrapõe-se a vontade de quem, tendo construído a instituição, Jardim Gonçalves, não a quer ver derreter no bolso de um grande banco espanhol.
Até podemos pensar que são todos Opus Dei, mas talvez seja igualmente verdade que uns são mais Opus nacional e outros mais Opus original.
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Entre uns e outros, prefiro os nacionais.
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No meio de tudo isto aparece, sempre, a parda figura (não poderia ser figura parda; não tem estudos para isso) de Joe Berardo, que mais não quer que realizar mais-valias, à custa de quem não interessa.
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Um dia gostava de poder aparecer no meu País, dizer que tinha ganho uma fortuna "lá fora" e comprar tudo o que me apetecesse, sem ter o Estado e o fisco à perna. E sem ninguém conhecer a verdadeira proveniência desse dinheiro, nem sequer se ele me pertenceria, de facto.
Que o homem compra muita coisa e muito de tudo, é uma verdade irrefutável.
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