Curiosa a forma como governo e oposição lidam, diáriamente e de há longas semanas, com a questão da "necessária" reforma do estado-previdência.
.Os cortes propostos nas pensões, os benefícios que terminam (caso da viúva ficar com direito a 1/2 da reforma do conjuge, em caso de falecimento deste), implicando uma rotura na expectativa dos benefícios futuros, traz consigo uma enorme contradição: QUANDO SE CRIARAM REFORMAS ONDE ANTES NÃO EXISTIAM quer pela especificidade das funções, quer pelos montantes, quer pelos anos de exercício de funções; QUANDO SE LEGISLOU SOBRE MECANISMOS COMO O SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL; QUANDO SE INTRODUZÍU O CONCEITO DE MÍNIMO DE SUBSISTÊNCIA; QUANDO SE AUMENTOU O VALÔR DO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO, sempre se julgou que o Estado estaria a consumir proveitos gerados na economia.
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Puro engano. O Estado não estava a gastar rendimentos gerados. O Estado estava a consumir receitas acumuladas durante anos, por todos aqueles que agora vêem as suas pensões de reforma, a dignidade numa provecta idade ameaçada. Estão goradas as expectativas no futuro em todos, os que estão reformados e os que estão no mercado de trabalho. O Estado sucks e os políticos destilam mentiras.
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Acaso não são estes políticos os mesmos que se atribuíram, de há trinta e dois anos, as regalias que os colocaram a salvo de qualquer intempérie? Que força moral têm agora para falar?
Nenhuma! Absolutamente nenhuma.
As reformas são mais do que necessárias (irem a tempo é outra história) mas a estes políticos falta-lhes credibilidade para as empreender.
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Nota de rodapé: a 1ª República, no finzinho, também começou a esbracejar com a corrupção....
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