Aprecio esta coluna, o ror das vezes pela análise descomplexada, fácil na leitura e na exposição dos factos e igualmente pela lucidez analítica. Assim, leio-a sempre que compro o semanário. (Nem sempre o compro porque estipulei há muito tempo uma verba para dispender com jornais e, de cada vez que aumentam, divido o montante fixado pelo valor unitário e assim determino o número de exemplares a adquirir anualmente).
Voltando ao artigo de opinião, as razões para estarmos no bom caminho, na opinião de NS, estão directamente relacionadas com as medidas de combate ao défice, sendo a contestação alargada sinal de que são vários os interesses atingidos, gerando-se assim uma correspondencia inequívoca entre o aumento da contestação (de vários grupos socioprofissionais) e a qualidade inequívoca do pacote de medidas anunciadas pelo governo.
- já sei que as medidas preconizadas "mexem" com quase toda a actividade económica, ao nível quer da produção quer dos serviços;
- sei igualmente que as medidas tomadas se destinam a conter a despesa;
- sei também que o Investimento Directo Estrangeiro cai todos os anos em Portugal;
- também sei que a capacidade de investimento português está francamente cerceada por falta de capacidade de poupança da sociedade;
- que o desemprego aumenta e, tendencialmente, crescerá afectado por um expoente intimamente relacionado com o pacote de medidas anunciadas;
- que o poder de compra se degradará ainda mais;
- a (pouca) produção tenderá a cair, bem como os serviços, à medida que cair a procura;
- mais fábricas irão fechar, implicando o engrossar do desemprego;
- que o ciclo vicioso se manterá, porquanto as medidas de excepção para contenção da despesa deixarão de o ser, passando a ser prioridades indissociáveis de um País com uma tesouraria fraca, com dificuldades de cumprir os seus compromissos.
Assim uma coisa eu sei: o governo tomou medidas para redução da despesa, num País onde o rendimento per capita já é muito baixo.
Outra coisa eu também sei: não ouvi, até agora, nenhuma medida concreta que me faça ter esperança de que a riqueza nacional vai aumentar. O Estado demite-se da função de reanimador da economia, deixando esse papel aos privados. Os privados estão exauridos económica e financeiramente, sobre- endividados, não parecendo ser possível aumentar os recursos por via do investimento interno, mesmo quando considerados um ou outro grupo económico que o pudessem fazer mas que não fazem, e bem, porque o mercado português está "chupado" e não goza de qualquer elasticidade na procura, não estranhando assim que desviem esses investimentos para o exterior.
Coisas complicadas estas! Para respeitar o défice, em virtude de um estado "gordo" o governo não faz investimento público e a consequente política contra-cíclica. Por outro lado, se o estado emagrecer, ficamos com 1oo.ooo licenciados na rua , provocando uma agitação social culta, diferente, mais eficaz.
Tempos difíceis estes. O Estado precisa de inverter a tendencia de estagnação da economia portuguesa. É sua obrigação fazê-lo, mas as medidas que toma são recessivas.
Visto de fora, o País não é atractivo. Não goza de competencias específicas, a legislação de trabalho é rígida, a mão-de-obra é cara e pouco preparada, a burocracia muita, a transparencia política e legislativa nenhuma, o estado é lento e pesado.
Eu titularia: ESTAMOS SEM CAMINHO E SEM SAÍDA
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