7.6.05

Na Corda Bamba Monetária, Último Sopro Da Economia Moribunda

No debate do Prós e Contras de ontem sobressaíu a preocupação evidente de Miguel Beleza com a situação económica perfeitamente dramática que Portugal vive e a possibilidade de alguns dos fundamentos da UEM (União Económica e Monetária) poderem ser postos em causa e mesmo ruírem.
A preocupação com a moeda única chegou a ser lancinante e com inteira razão!
As paridades fixadas para as várias moedas nacionais apontaram, no caso nacional, para o valor de 200,482 escudos por cada euro.
A derrapagem, diria mesmo despistagem total com consequente "espetanço" da nossa economia, desde 1999 até hoje (não que as razões não sejam anteriores, porque são e muito, mas naquela data e já com alguma cosmética foi o valor obtido), colocou fortemente em causa essa paridade, ao ponto de se poder garantir que, se fosse fixado agora, seria um valor totalmente distinto - atrevo-me a dizer que andaria na casa dos 277 escudos por euro.
Assim sendo, a paridade actual dos 200,482 escudos é inteiramente irreal, ficcionária, não representando a diferença entre as actuais economias nossas parceiras na zona-euro e a nossa própria economia (as paridades, mesmo sem euro, não representam fidedignamente a pujança económica dos países quando comparados entre si, mas são indicadores expressivos).
O que deveremos então esperar da zona-euro: a manutenção ad aeternum das paridades fixadas em 99 ou uma reavaliação das economias, passados 5, 10, 15 ou mesmo 20 anos da constituição da moeda única?
A situação não é imutável e uma de duas coisas sucederá, aquando de uma próxima reavaliação das economias onde circula a moeda única: a) revisão das paridades ou; b) redução dos montantes de circulação de moeda, pelo BCE.
Num ou noutro caso as consequências funestas para Portugal não serão muito diferentes se a decisão tomada fosse acabar com o euro na Europa. Funestas e verdadeiramente dramáticas, essas consequências arrastariam, inexorávelmente, a nossa economia para a ruína.
Só que existe um dado que não pode ser escamoteado: na ruína já nós estamos, com "ratings" internacionais a apontarem a economia nacional como economia de algum risco e, se a situação dramática ainda não é de morte certa, deve-se à fixação da paridade, ainda em vigor, ser totalmente artificial.
Já estamos a viver do passado, baseados na história da família, para suportar penosamente a decrepitude do presente e a angústia no futuro.

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