8.4.05

PÁTRIA

Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro.

Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável.

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento.

E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas.

- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento

Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro

Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo.

(Sophia De Mello Breyner)

1 comentário:

isabel mendes ferreira disse...

Boa tarde venho só celebrar a beleza do Poema e da Pintura.Nenhum reflexo porém reproduz nem o todo nem a parede da memória. Pátria é só o que somos nunca onde estamos.Pátria é o chão da alma.que voa...voa...voa...até ás palavras interditas.