Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro.
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável.
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento.
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas.
- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo.
(Sophia De Mello Breyner)
1 comentário:
Boa tarde venho só celebrar a beleza do Poema e da Pintura.Nenhum reflexo porém reproduz nem o todo nem a parede da memória. Pátria é só o que somos nunca onde estamos.Pátria é o chão da alma.que voa...voa...voa...até ás palavras interditas.
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