20.2.05

Perigos de uma viragem à esquerda (radical)
A conflitualidade de interesses entre a capacidade de escolha ideológica e a realidade económica das famílias, leva estas (e muito bem na linha de defesa dos seus interesses), bastas vezes a optar por soluções políticas alternativas sem se dar conta se está a pintar o País de uma cor ou de outra. Portugal está hoje pintado de encarnado (mistura do rosa com o vermelho) e, quer queiramos ou não, este dado é relevante na opção de escolha do destino do IDE. Quando nos confrontamos na "guerra" de captação de investimento com países saídos do socialismo de leste europeu, onde vingam tendências nacionalistas fortes, aliadas a naturais espectativas de liberalização dos mercados, este dado não nos indicia nada de bom.
Porquê? Porque se por um lado é verdade que a maioria absoluta do PS impede a entrada da CDU ou do BE no governo, minorando os estragos, sabendo-se que hoje é cada vez mais ténue a diferença entre o centro-direita e o centro-esquerda e que o capital tende a não diferenciar ambos os lados, acreditando até, muito provávelmente e com razão, que o "laissez-faire" normal nas políticas "socialistas" actuais lhe são propícios (criando ricos e não riqueza), não é menos verdade que este "laissez-faire" não é exequível com as necessidades actuais do País. Serão então necessárias medidas anti-populares, que este ou outro qualquer governo sério não deixará de considerar fundamentais para a regeneração do tecido (ou melhor, farrapo) económico português. Estas medidas serão, decerto, mal aceites pela população. E é aqui que reside o busílis! Se perante medidas impopulares, a tendência do eleitorado se manifestar pela crescente penalização do centro - seja agora de direita ou de esquerda - e continuar a fazer crescer a esquerda radical "trotskista"(BE) e a CDU (modelo soviético) ainda mais acima do já preocupante patamar onde hoje se situou - estes acima da democracia-cristã e aqueles a apenas um ponto percentual, totalizando o centro-direita nacional sómente 36% - raciocínio plausível no contexto da análise dos resultados de hoje, que invocam à (má) memória os conturbados idos de 70, então o grande capital internacional provávelmente optará pela máxima "wait and see", dizendo que pouco lhe importa o "wishfull thinking" e perguntando, muito concretamente, "where is the money?".
E esta é uma pergunta a que nenhum governo conseguirá responder sem o próprio IDE (investimento directo estrangeiro) e, sem respostas, também não conseguirá trabalhar serenamente, com tempo e paciência na condução do País num rumo de crescimento económico sólido.
É o ciclo vicioso e pouco ou nada virtuoso de uma economia depauperada, num mundo onde o capital não conhece fronteiras e a comunicação é global, para o bem e para o mal.

Sem comentários: