5.2.05

Em caso algum os partidos podem ou devem ser confundidos com individualidades, ficarem reféns de personalidades, de tiques, de idiossincrasias avulsas. É igualmente claro que quando uma ou várias personalidades marcam, pela positiva, um partido político, têm por direito próprio o seu lugar na história.
Sá Carneiro, vulto imenso no PSD, é um referencial inestimável. E manter-se-á bem vivo enquanto perdurar na memória dos homens.
Mas os partidos valem pelas ideias, pelo conceito de sociedade que defendem, pelos valores, pelo respeito por todos e por cada um. Quanto mais elevados estes, maior o valor que representam, maior a reserva moral para a Nação, de que serão depositários.
PSL é do PSD. O PSD não pertence a PSL. Existe a obrigação, a meu ver clara, de apoiar o líder enquanto o fôr. Existe igualmente a necessidade de antecipar cenários, não do País, mas internos, ganhe ou perca as eleições do próximo dia 20.
O PSD está e estará sempre acima dos valores individuais "per si". O PSD é o somatório de valores individuais, que só farão sentido enquanto congregados em torno de interesses colectivos. A colectividade é o motivo e a razão da política. A política só o é enquanto fôr encarada como instrumento organizador da vida dos homens em sociedade.
Tem de se diminuir a tentação pelo mediatismo, pela vaidade, pela ostentação oratória. Só se deverá falar, políticamente, quando fôr imperioso fazê-lo e estejam em causa razões de inequívoco interesse nacional. Tudo o resto é gestão diária de um governo e a política faz-se igualmente, e muito, de silêncios, de trabalho de gabinete. A partilha da informação, de forma exgerada, é lesiva dos interesses do estado, o mesmo é dizer de todos nós.
Seja qual fôr o resultado de dia 20 de Fevereiro o PSD deverá entrar em contenção, ser circunspecto, na vitória ou na "derrota". Na verdade em democracia as derrotas são sempre pessoais. Os partidos nunca perdem, porque a regência democrática faz-se pela alternância. Ao invés, as vitórias são de todos, todos sem excepção, pelo simples acto de votar, de participar. O voto tem consequências e é nessa consciência que se pretende "educar" políticamente o votante. Mas na vitória ou na "derrota", a moderação será sempre um sinal de clarividência e inteligência política, mais ainda no Portugal de hoje que nada tem para festejar.

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