Défice Democrático em Portugal
Quando dois jornais de abrangência nacional decidem, na mesma semana, hipotecar parte da respeitabilidade que lhes seria ainda imputável, entrando ostensivamente na campanha eleitoral e, de uma forma descarada, tomando partido pelo PS através de uma tentativa de descredibilização acelerada do líder do PSD, no que é já mais desespero do que racionalidade, deixa-se cair em definitivo a isenção, ou o que restava dela, na capacidade de informar, através de uma tentativa tão inapta quanto desavergonhada de manipulação da opinião pública.
Se, como pretendem fazer crer, PSL está descredibilizado perante a massa votante e as eleições ganhas pelo PS, mais por demérito daquele do que por mérito de Sócrates, não se percebe esta atabalhoada "campanha" de última hora para denegrir a imagem de PSL e, concomitantemente, do PSD. E de última hora - perfeitamente racional e preparada entenda-se - porque no caso do Expresso, jornal semanário, o que foi escrito já não tem possibilidade de ser emendado. O "timing" escolhido foi propositado para impossibilitar a retratação pública.
Igualmente a bizarra tentativa de conluiar o jornal Público com os estrategas de campanha de PSL, no sentido de terem "armadilhado" a notícia sobre Cavaco Silva com aquele jornal, é de uma demência feroz, como se não se soubesse para onde "cai" a redacção do Público, o respectivo director e o bloco accionista.
O Expresso é lido por gente formada, culta, conhecedora e consciente. A menos que José António Saraiva considere que o País está tão mal que mesmo estes já não têm capacidade crítica e de análise. Desengane-se então! Ainda não está tão mal, por muitos esforços que sejam feitos nesse sentido.
O que importa, contudo, é a análise possível a estes súbitos desarranjos mentais.
Será que o PS está próximo de uma maioria absoluta? Ou o pedido desta última, de uma forma cada vez mais acentuada pelo seu líder, esconde uma de duas possibilidades: a) o PS não tem a certeza de ganhar; b) o PS, mesmo ganhando, não consegue formar uma maioria com qualquer força política porque PSD/PP garantirão a maioria dos lugares no Parlamento ?
O despudor das notícias mencionadas levam a pensar que estamos perante a hipótese b), sendo qualquer uma das duas sub-hipóteses ainda não descartáveis nesta altura e, daí, o desespero. Já se disse tanta coisa nestes últimos cinco meses que é aterrador, para algumas pessoas que sempre estiveram mal-intencionadas, pensar que a hipótese b) é viável. Já o tentaram com Paulo Portas, sem resultado, não esqueçamos.
De qualquer forma estamos perante o avacalhamento da informação, perante uma demonstração cabal de que o País está entregue a incapazes, seja qual fôr o quadrante onde se posicionem. O País fede. A incompetência grassa. Os "lobbies" mal intencionados multiplicam-se como coelhos, só não se percebendo como - da maneira que o fazem - se conseguem multiplicar.
Há que atentar na consciência e gerar mecanismos de defesa para a informação que chega do exterior. Mais do que nunca o País precisa de pensar em si, em conjunto, e deixar cair a opinião de uns poucos, que de portugueses já nada têm . Esta última semana deverá ser de reflexão e, vote-se onde se votar, o voto deverá ser em consciência e não um voto induzido e manipulado. Que se vote CDU ou PP, mas que se vote porque se acredita que esse é o melhor caminho para Portugal.
O que se pede é honestidade moral e intelectual, e essa a população nacional tem de sobra. Os outros, poucos, que se danem.
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