Significa este facto, que Portugal faz parte de um núcleo de países que adoptou uma única denominação para as suas moedas.
Mas significará que em Portugal circula a mesma moeda que na Alemanha?
À priori tudo indica que sim, porque a designação das moedas é a mesma. Estamos habituados a reconhecer as moedas pela sua designação; assim faz sentido que se pense tratar da mesma moeda. Mas será?
Vejamos: (1) a Alemanha paga, neste preciso momento, uma taxa de juro nos mercados financeiros, para financiar a sua economia, mais baixa que a que Portugal paga; (2) essa taxa, por ser baixa, implica que as yelds das bonds alemãs são baixas (%), o que implica que há uma valorização do valor par dessas bonds; (3) a atitude dos mercados perante as bonds alemãs é de esperar pela maturidade (soi-disant) e não a da especulação, corolário do que foi escrito anteriormente; (4) Esta atitude dos agentes financeiros implica confiança na economia alemã, o mesmo é dizer, o reflexo da prestação económica é positiva nos instrumentos financeiros, moeda incluída.
E Portugal?
Portugal tem: (1) Difícil acesso aos mercados financeiros internacionais; (2) paga uma taxa de juro sobre os financiamentos externos insustentável, quando comparada com a tx de crescimento do PIB (decréscimo nos últimos dois anos e ss); (2) a tx de juro paga, por ser alta, acarreta yelds altas sobre as emissões de obrigações nacionais; (3) Portugal está sujeito a especulação por parte dos mercados - pressão sobre o valor facial das suas obrigações - resultante do descrédito sobre a prestação económica nacoanl; (4) A atitude dos agentes financeiros demonstra a desconfiança que passa sobre a condução económica do país.
Parece então claro que: (a) a economia continua a ser a garante da avaliação do desempenho dos países; (b) a moeda e o seu valor é uma resultante de (a); (c) sendo a tx de juro sobre os capitais externos emprestados, substancialmente superior em Portugal que na Alemanha, torna-se claro que a moeda não é encarada da mesma maneira, ou seja; (d) o euro português não é o mesmo que o euro alemão.
Reflexo directo da economia, a moeda portuguesa afastou-se da alemã. O euro não vale o mesmo, caso contrário o comportamento dos agentes económicos seria idêntico num caso e noutro, com relação às economias mencionadas.
Ressalta ainda uma outra falácia política:não há viralidade na ZE. Acaso houvesse, a má prestação económica, á vez, de Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e também frança, teria atingido de igual forma todos os países da ZE, tendo estes de pagar nos mercados financeiros taxas de juro idênticas; por outras palavras o dinheiro seria igualmente caro ou barato para todos. Ora não é este o caso.
Para Portugal existe uma tx de juro alta, diferente da espanhola, melhor que a grega e muito pior que a alemã. O mesmo é dizer, é sobre a prestação económica que incide a avaliação, repercutindo-se esta na avaliação do risco dos países.
Ainda de outra forma e por palavras mais sensatas: não existe um euro enquanto moeda. Existem muitos euros, todos diferentes e que por mero acaso, hoje têm a mesma denominação.
mas em Portugal já não é o euro que circula. Talvez seja a piastra portuguesa, conforme existe a piastra grega e a irlandesa, e a espanhola, e a italiana, todas diferentes mas tão distantes do euro alemão.
Dizer-se que se corre o risco de deixar o euro, é o mesmo que afirmar que corremos o risco de perder as províncias ultramarinas.
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