9.4.10

Os países vão à falencia mas não fecham......
A necessidade de prover a Grécia de meios financeiros, capazes de sustentar as suas obrigações para com os credores, é inevitável. O problema surge quando não se vislumbra o "como".
O acordo de princípio dos países da zona euro para assumirem a ajuda, com uma suposta flexibilização da posição alemã, não vale mais do que isso mesmo: um acordo de princípio, que inclui a zona euro mas ( e este mas é muito grande) também o FMI (Fundo Monetário Internacional).
A capacidade de obtenção de crédito por parte de um país soberano pode medir-se de várias formas; através do déficite (despesa vs rendimento nacional), dívida pública medida em função do Produto Interno Bruto (PIB) ou do Produto Nacional Bruto (PNB), serviço da dívida em relação às exportações e a prosperidade do país mede-se através da sua capacidade creditícia.
A ausencia de crédito conduz à incapacidade de alcançar crescimento económico. É assim que a Grécia se encontra já e Portugal estará, daqui a uns meses.
Contraindo-se o crédito assiste-se a um aumento incomensurado do declínio económico, muito superior ao verificado pela crise que lhe deu origem. Daí a situação grega ser dramática. Mas para que os países da zona euro possam acudir hoje à Grécia, para acudir amanhã a Portugal e depois, quem sabe, a Espanha, é necessário que os vários operadores soberanos se atravessem com a sua capacidade creditícia, significando a entrega de garantias e a inerente diminuição da sua própria capacidade de obtenção de crédito.
Por outras palavras, uma ajuda da zona euro à Grécia significa uma diminuição da capacidade de obtenção de crédito pela zona euro, com a significante e relevante perca de crescimento económico.
para que as coisas funcionem é necessário acreditar que a Grécia depois de ajudada a obter o crédito de que necessita, enceta um caminho de progresso económico e de crescimento económico. Mas se o dinheiro necessário é para pagar dívida já existente, como é que a ajuda se traduzirá numa multiplicação do dinheiro, promovendo o crescimento ? É necessário muito mais dinheiro, ou seja, muito mais envolvimento dos países da zona euro mas, mesmo assim, seria necessário acreditar que os gregos iriam ser muito diferentes no futuro próximo. E alguém acredita nisso ? Provavelmente só os gregos e não todos.
Daí a entrada do FMI. Mas qual será a lógica da entrada/intervenção do FMI para ajudar a resolver uma questão de dinheiro na zona euro ?
O FMI aparece, como o Banco Mundial, em Bretton Woods como entidades de supervisão mundial. Onde ficaria então situado o Banco Central Europeu (BCE) ? E mais importante, que mensagem passaria a intervenção do FMI para a credibilidade do BCE, primeiro banco central, agente regulador, de índole internacional ? Depois, acresce que o BCE é claramente manipulado pelos interesses alemães, porque quer queiramos quer não, no que ao dinheiro e à capacidade de crédito diz respeito, a soberania nacional continua a ser o motor e não há nenhum país que queira colocar a sua soberania em jogo.
Os países não são empresas.
Porque razão é perigosa a situação na Grécia ? Porque quando o devedor é soberano, os credores de uma forma ou de outra têm mecanismos de cobrança, porque os países devedores terão de pagar até ao limite das suas possibilidades, porque um país pode falir mas não pode fechar. Mas uma crise interna leva ao encerramento de muitas e muitas empresas, a um desemprego elevadíssimo e a um incumprimento insustentável junto do sistema financeiro doméstico, o que conduz a uma situação de ruptura sem capacidade de solução; as empresas abrem falencia.
É por este somatório de razões que, chegada a hora de dar a mão à Grécia, os alemães se vão virar para o entroncamento entre o FMI e as ajudas pontuais dos países da zona euro, preferindo claramente que o FMI assuma toda a despesa, deixando os restantes países caírem umas parcas migalhas. Porque os tempos não são fáceis, a zona euro não é fácil, a moeda única não é fácil e os mercados são difíceis.
E o crédito esbanjado hoje impede o crescimento de amanhã e durante muitos anos.

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