26.3.10

A Oportunida Perdida.....
Manuela Ferreira Leite sai do PSD como entrou; sem ideias, sem projectos, sem discurso, sem intenções de governar.
A estratégia (ausencia de) passou por uma colagem evidente a Belem, por uma liderança apática, hipócrita na forma de lidar com o interior do partido, fraca e titubeante a lidar com o eleitorado e afastada dos problemas nacionais, gravíssimos, na forma muitas vezes desconcertante como deixou fugir-lhe o discurso para o acessório, equivocando-se geralmente no essencial. Padeceu deste problema nos debates com José Socrates para a campanha das legislagtivas, padecendo de todos na forma como nunca interagíu com o país e não deixou aproveitar a força da bancada parlamentar do PSD, dotada de alguns oradores astutos. Aguiar-Branco foi um escudeiro fiel dos seus propósitos, que se reconhecem não terem sido nenhuns. Velejou na política como em dias de vento no mar: à bolina dos interesses de Belem.
Diz que sai de consciencia tranquila. Sai de facto, mas sem poder adjectivar, catalogar ou certificar qualquer tipo de consciencia, porque nada fez de político ou como política, a não ser criar um enorme mar de equívocos dentro do PSD.
Sai como entrou, sem coragem para o combate político. Sai não conseguindo ir contra as expectativas de Belem, mas indo frontalmente contra a vontade do PSD: chumbar o famoso PEC.
Todos sabemos que este PEC de nada serve e só custará uma ainda maior frustração nos mercados e na economia. A derrapagem das contas nacionais nos primeiros dois meses de 2010 é terrível a prenunciar um ano feroz para as contas públicas. O PEC, por seu lado, mostra que este irá ser um ano terrível para todos, mas fundamentalmente para os que estão economicamente carenciados, podendo avançar-se para um número perto dos 8 milhões de portugueses que, directa e indirectamente, sofrem na pele a ausencia de razão política e económica, de coragem política, de paixão política e de amor por Portugal.
Manuela Ferreira Leite teve a possibilidade de sair de cena como alguém que ama o seu país e não teme o necessário e inevitável custo das decisões políticas. Tinha a seu favor o ir sair, pelo que esse custo seria nulo sob um ponto de vista político, que não pessoal. Mas já Jorge Sampaio assumíu o custo pessoal quando demitíu Pedro Santana Lopes e não temeu nem tremeu.
Manuela Ferreira Leite quis agradar a Belem e ser colocada no pedestal da "boa moeda", do seu amigo de sempre, para que este não fosse confrontado com uma crise política (porque a crise económica está cá toda, com ou sem PEC, com ou sem governo). Fez mal.
Até porque ninguém está interessado neste momento em saber quem será o próximo Presidente da República.
Até porque ninguem sabe bem quanto tempo mais temos de euro, de União Europeia, de acesso ao crédito em condições (não a qualquer preço) de não exterminar uma economia já afogada em dívida.
Até porque ninguem sabe ao certo quanto tempo mais este país aguenta esta 3ª Republica, como a desenham desde há 36 anos.

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