15.2.10

A Ruptura Fundamental....e Fundamentalista....

As noticias de hoje ( Correio da Manhã) dão-nos conta de supostos pagamentos de Manuel Godinho a um Santana Lopes ou mesmo a dois, de entregas de valores no CDS/PP e de pagamentos efectuados a Narana Coissoró (este afirma que recebeu o montante referido na notícia na forma de honorários, enquanto advogado de Manuel Godinho).
Chamar sucateiro a este homem (Manuel Godinho) parece-me, claramente, uma situação de manifesta descriminação; o homem conhece meio mundo, entregou valores a meio mundo, incluindo partidos políticos, dava-se com a nata (azeda, cada vez mais azeda)) da nossa classe política. Chamar sucateiro a este homem é menosprezá-lo, com intenções claras de descriminação social: quanto muito, o mínimo que se lhe poderá chamar, acaso se venha aprovar alguma coisa na justiça, será mafioso bem relacionado, sucateiro soa a pouco, convenhamos.
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Tenho simpatia por Paulo Rangel: o discurso é inteligente, a postura correcta, o timing certo, as intenções boas e a necessária ruptura que preconiza uma medicação mais do que aconselhada para Portugal.
O problema reside no facto de Paulo Rangel estar inserido no PPD/PSD.
Os partidos políticos em Portugal estão viciados, os intervenientes políticos estão numa grande maioria - como nos vão mostrando os sucessivos casos dádos à estampa - envenenados, desgastados, sem credibilidade e afogados em esquemas permissivos e criminosos.
O PS, o PPD/PSD e as restantes forças políticas, directa ou indirectamente, estão envolvidos em toda a política maléfica materializada nos ultimos 30 anos, no bas-fond económico e financeiro que nos pesa nos ombros, no estropiamento da riqueza nacional e das suas sucessivas gerações, na preocupação generalizada e fundamental de criação de ricos.
Os políticos existentes (muitos deles) estão gastos e profundamente envolvidos na debacle nacional. As máquinas partidárias são coniventes, desde as concelhias até às distritais. E é destes políticos que se faz a política nacional.
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Como o Correio da Manhã pretende ilustrar hoje, os tentáculos do polvo abrangem todos. Abrangendo não deixa margem para dúvidas: mudar um líder político não significa uma melhor política nacional, por muito voluntarioso que esse líder seja.
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Para que Paulo Rangel tenha sucesso, mostre todo o voluntarismo de que se encontra imbuído, é necessária a ruptura, mas uma ruptura total.
Será possível efectuar essa ruptura de forma a limpar o partido dos anti-corpos que o minam ?
É esse o grande desafio, porque faze-lo implica fundar um novo PPD/PSD, porque quase ninguém que lá está, que lá se escuda e lá se governa pode merecer confiança.
Quase ninguém, porque ainda há gente válida, como quero acreditar que seja também o caso de Paulo Rangel.

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