7.12.09

À falta de ideias não se chama maioria oposicionista, chama-se falta de ideias...
O Ministro Jorge Lacão vem falar em medidas propostas pelo PSD (alterações orçamentais) incompatíveis com as finanças do estado, alegando falta de responsabilidade de estado por parte deste partido.
o bom do Dr. Antonio Vitorino vem especular sobre uma maioria absoluta de oposição, contrária aos interesses do governo e do estado, vincando em simultâneo o papel não-conciliador do Presidente da República e colocando-o perante um desafio difícil (como se a actuação até ao momento de Cavaco Silva tivesse algo a ver, mesmo infimamente, com o papel que Sampaio desempenhou no derrube do governo Santana Lopes).
Ambos esquecem o mais importante e o que é de facto fundamental: nem é possível ao PSD fazer passar as alterações que bem entende porque não tem maioria parlamentar; bem como não é possível considerar, sequer em tese, que quatro partidos tão distintos, no pensamento e no espectro político, se entendam com tanta facilidade (ir do BE até ao CDS ainda é uma viagem e tanto).
Se o que o PSD defende (orçamentalmente) merecer a maioria da votação na Assembleia da República, então estaremos perante medidas que não chocam qualquer dos eleitorados desses quatro partidos e, assim sendo, são clara vontade da maioria dos cidadãos votantes, ou seja, são bem ou mal as medidas que a maioria dos portugueses quer ver a funcionar no terreno.
Igual raciocínio é válido para todas as iniciativas parlamentares socialistas e chumbadas pelos restantes partidos representados no hemiciclo: a maioria dos portugueses não se revê nessas medidas.
É uma enorme falsidade pretender que há uma maioria oposicionista.
O que existe é um governo e um primeiro-ministro que não sabem que medidas adoptar perante este país transformado num pantano; faltam as ideias e os objectivos; falta a vontade de mudar atitudes e práticas despesistas; falta humildade para encarar a realidade: este é um país muito pobre.
Perante a ausencia de ideias e perspectivas, baseada a governação na demagogia, despesismo e autoritarismo autista é fácil para esta oposição tão heterogénea entender-se na Assembleia da República.
A solução existe mas requer coragem, verdade e sacrifícios: uma política nacional de carácter social, com investimentos virados para a valorização do cidadão e das condições essenciais ao bem-estar social, com uma política económica encarada como ferramenta e não um fim.

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