Questões de seriedade política.....
Se por imperativos legais conversas mantidas pelo Primeiro-Ministro, mesmo não sendo de sua inciativa o contacto, não podem ser gravadas e utilizadas, a menos que estejam autorizadas as escutas e gravações por um tribunal superior, então não são válidas à face da lei. Ponto final parágrafo.
A questão poderia colocar-se ao nível da legitimidade de legislar neste sentido, mas mesmo nesta área tem de haver salvaguarda de quem ocupa funções tão intrincadas e susceptíveis: um Primeiro-Ministro tem direito à sua privacidade, como qualquer cidadão, e não pode ficar na "mão" de ninguém.
Se as conversas versavam sobre a TVI ou não, e versando se continham elementos que indiciassem alguma tentativa de instrumentalização, é também acessório.
O fundamental é perceber como é que num país dito democrático, governado por partiddos ditos democráticos, se instrumentaliza a informação a toda a hora, em todos os media, e se criaram e permitem a existência de ferramentas que o possiblitam.
Ou como é que neste país se esconde o essencial e se fala só no acessório; ou como é que a população no geral é desconsiderada, lendo e ouvindo só o que a classe política, a realpolitik, quer.
Mais do que o conteúdo das conversas, o que custa é a suspeição existente sobre esse conteúdo, demonstrativa de um estado onde todos duvidamos de todos, seja um funcionário das finanças, um empresário manhoso, um secretário de estado, um ministro ou um primeiro-ministro. Mesmo do Presidente da República, como o caso do e-mail veio mostrar....
O que está em causa é a seriedade imputável aos actores políticos em Portugal - não ao desígnio das funções - que parece ser muito pequena nos dias que correm.
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