6.11.09

O país que vive em contramão...
Os dados sobre possíveis envolvimentos de figuras e empresas em esquemas corruptivos vão aumentando.
É mau para o país ir-se dando conta destas dúvidas (muito sérias), sobre o regular funcionamento das instituições e do desempenho de cargos públicos ou privados, mas todos com fortes ligações políticas. É mau porque retira confiança ao sistema, retira confiança ao país e traz à liça a discussão sobre a seriedade da condução dos interesses públicos, dos dinheiros públicos, da coisa pública. No princípio, meio e fim quem não resiste a uma sucessão de notícias calamitosas (independentemente de se virem a verificar todos os factos noticiados e sob investigação) é a própria instituição democrática, no seu todo, é o seu funcionamento enquanto sistema político.
Igualmente gravoso é o desvio de atenções para estas matérias, inevitável, que contribuem para uma quebra da vontade de "fazer", de "estar" e "pertencer" a uma sociedade que se rege pela falta de ética, pela ausência de padrões morais, uma sociedade onde não existe lugar para a competencia mas tão somente para os compadrios. Pouco importa o que se trabalha, o que se produz, o que se investiga, o que importa é constatar-se que esta é uma sociedade sem mérito, galvanizada por lobies e alimentada por interesses obscuros.
Este país não pode, não aguenta uma tal pressão, parte-se em mil bocados. É um país onde a desconfiança cresce ao ritmo galopante da falta de objectivos. Esta população já não acredita na bendita democracia, no direito á igualdade e ao trabalho, no direito de oportunidades. Este é o país onde nos vangloriamos porque andamos perto de alguém, que é proximo de outrém, que tem contactos fabulosos e, em simultaneo, jubilamos porque fugimos a uns impostos, como se esse acto em si mesmo prefigura-se algo mais do que uma falha no dever de cidadania; o acto em si configura ter aprendido a "circular pela esquerda, em contramão", estar mais próximo, mesmo que por muito pouco, dos outros, dos poderosos, que o fazem, acumulam riqueza e reconhecimento televisivo (que não social, são coisas distintas. Ainda são).
O país está podre e vai cair como tudo o que apodrece.

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