Avizinham-se tempos ainda mais difíceis.
O desemprego em Portugal está nos 13% actualmente mas pior, existe um desemprego estrutural que não irá ficar abaixo dos 8%.
As soluções de quem tem a responsabilidade de governar ou não existem, ou são irresponsáveis. Perdeu-se o sentido de estado, no seu significado mais directo, puro e duro: perdeu-se o sentido das coisas.
Não existe uma consciencia social, impedindo a existencia de politicas sociais que obrigam a perspectivar politicas economicas focadas em objectivos sociais.
Quem governa não o sabe fazer, enredando-se em problemas e confundindo estes com as soluções. Exemplo: o investimento publico deveria ser todo canalizado para a educação, a saúde, a justiça e a modernização da maquina fiscal e do estado (desburocratização e redução da despesa precisam-se urgentemente).
Os impostos são elevados mas a falácia perpetua-se: não se é capaz de reduzir a despesa do estado (a dívida pública per se, consome o que já não temos) como ainda se garante por palavras o que não se pratica por actos: o aumento da carga fiscal por efeito do novo Código Contributivo é inegável. Como o é o aumento do défice em 2009, muito mal explicado pelo Ministro das Finanças que, uma vez mais, através de linguagem falaciosa quis dizer o impossível; que em Março de 2009 não era possível prever o estado da economia em Dezembro do mesmo ano.
O défice não vai ser de 8%; o défice em 31 de Dezembro de 2009 vai ser de 9,4%.
O crescimento da despesa pública faz-se a um ritmo de 50 milhões de euros diários. É a grande loucura, em estilo político medíocre, economicamente paupérrimo e objectivamente suicidário.
O governo está mal e vai mal; acabaram-se as veleidades de pretender que se está a fazer alguma coisa (nunca se esteve, foi sempre de mal a pior mas iam-se escondendo as mazelas) e as cicatrizes da má condução política e económica das ultimas décadas estão aí com toda a força.
O problema nacional não é conjuntural, é estrutural. Com ou sem crise o problema estava aí; a crise internacional acelerou o processo.
Não conseguimos fazer, não sabemos fazer. Não temos uma cultura de seriedade, de trabalho, de conhecimento e de humildade. Não estudamos, não nos questionamos, nunca temos dúvidas e raramente nos enganamos.
É este o nosso drama; somos pobres de espírito e não sabemos tirar proveito das nossas melhores qualidades porque nos afundamos nos nossos piores vícios: somos arrogantes na forma como encaramos a vida e os outros.
Admitimos que existem uns que tudo têm que suportar, enquanto para outros só existem direitos naturais (quase divinos).
Fazemos do engano uma escola, da mentira uma virtude.
E a oposição não vai melhor.
Nada a esperar do que aí vem do PSD. Dois cenários possíveis numa realidade indisfarçável: mais do mesmo (Aguiar Branco) ou menos de mais para um partido oposicionista (Passos Coelho) que está, indelevelmente, fragmentado (como venenosamente - mas de forma séria - e cheio de oportunidade Marcelo Rebelo de Sousa fez notar).
A política nacional foi canibalizada por várias gerações muito fraquinhas, muito pouco preparadas, enredadas em questões pessoais e problemas partidários (que passaram sempre por preocupações pessoais) que não lhes permitiram conhecer e participar, de forma activa, na vida e problemas das sociedades modernas e, em particular, dos problemas da sociedade portuguesa.
Uma rede de estradas, uns mini-computadores e um ou dois investimentos de referencia são foguetório que não dão para um país viver.
Estamos a pagar uma factura demasiado elevada e que não merecíamos. Ninguém pedíu as nacionalizações em 1975.
Ninguém referendou a descolonização e a forma como foi conduzida.
Ninguém requereu as reformas educativas nem a facilidade de acesso ao crédito.
Ninguém percebeu a necessidade de acabar com empresas nacionais viáveis (Mague, Siderurgia, Lisnave, CUF, para citar só algumas) e substituir durante anos - para esconder o Sol com a peneira - o empregador privado pelo empregador Estado.
Ninguém pedíu uma integração galopante e profunda na União Europeia (a integração na CEE era desígnio antigo que data de 1961).
Ninguém imaginou que estivessemos a ser colonizados em 2009 por Angola, com todos os riscos inerentes a esse processo.
Ninguém quis que o nosso principal parceiro a Grã-Bretanha (GB) perdesse influencia política e económica (que historicamente sempre teve) e fosse substituído, durante muitos anos pela França, assim como ninguém quer agora estar dependente nas nossas exportações quase a 30% do mercado espanhol e a quase 80% do mercado europeu.
Novas ideias políticas são mais do que necessárias; são fundamentais.
Arejar a política nacional é fundamental.
O bafio que se sente quando olhamos para o conjunto de partidos políticos com assento parlamentar, só encontra equivalente na vergonhosa condução dos interessses nacionais. Um e outra têm de ser limpas, arejadas repito, levadas por caminhos sérios e pensados para o bem-estar que todos merecemos.
Muito poucos delapidaram o património de milhões. E continuam a delapidar.
Muito poucos, como sempre, iludiram uns milhões com promessas inviáveis. E continuam a iludir prometendo o que sabem não poder cumprir.
Muito poucos são os que necessitam ser substituídos. E terão de o ser.
Serem muito poucos apresenta uma vantagem; são todos conhecidos.
Resta empreender o movimento de substituição.
Novas caras, novas ideias, seriedade, motivação e empenho.
Acima de tudo pensar Portugal e os portugueses (os que cá estão e os que estão fora de Portugal).
Novas políticas e novas formas de encarar a política. Menor dependencia do pensamento atávico político e social nacional; arrojo, criatividade, desempenho máximos são absolutamente necessários.
Acreditar em Portugal é fundamental.
Acreditar que é possível mudar é fundamental.
Participar da mudança é fundamental.
A inacção explora primeiro e mata de seguida.
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