As Maiorias Negativas (para quem?)
A resultante verbal, por parte do Ministro das Finanças, outros Ministros e máquina socialista, da votação contrária aos interesses do governo na Assembleia da República foi má e dissonante, a mostrar desespero, se atentarmos na recente propaganda política que o mesmo se tem encarregado de difundir:
(1) Afinal sempre havia aumento da carga fiscal com o novo Codigo Contributivo; de acordo com as contas do Ministro das Finanças, o atraso na entrada em vigor do diploma acarreta uma perca de receita fiscal de 80 milhões de euros. Estimo que fosse bem mais que isso, mas os 80 milhões já chegam para provar o ponto de vista;
(2) A preocupação não está centrada na redução da despesa pública mas no aumento da receita fiscal. O curioso é que o aumento da receita para uns (o estado) representa um aumento de despesa para os outros (as empresas). No estado em que as empresas se encontram já é necessária muita coragem para se ser empresário; aumentando a carga fiscal começa a assumir laivos de insanidade. O dinheiro que se liberta na actividade económica não dá para tudo. Como é que vai ser quando os juros que incidem sobre a divída pública aumentarem, por via dos ratings manhosos a que Portugal se vai sujeitando? Aumentam-se os impostos até quando? Creio que não há a mínima noção do limite para esse aumento, caso contrário já se estaria numa política de contenção extrema na despesa pública não produtiva, e de alavancagem da economia através do aligeirar da pressão fiscal sobre os contribuintes.
(Repito que os défices não são todos maus. Maus são aqueles que temos);
(3) O Pagamento Especial por Conta (PEC) nunca deveria ter sido criado. Foi uma péssima invenção de Manuela Ferreira Leite com custos insuportáveis para as empresas, todas elas, independentemente da dimensão, e não passou de um expediente menor na capacidade de controlar o défice, porque saíu de um raciocínio obtuso identico ao do Ministro das Finanças actual: onde é que vamos buscar mais dinheiro ? (assim mesmo, da forma mais singela possível);
(4) A desculpa de que o défice de 2010 está descontrolado é bacoca e insustentável; sem nenhuma das medidas novas e com o PEC a funcionar o défice de 2009 já está descontrolado. Qual a diferença em relação a 2010? Ah... a diferença está no endividamento externo que está em cima do total do PIB, ou seja, em valor absoluto 100% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, em contagem crescente diária e com juros crescentes (em virtude do aumento do risco que a dívida externa da República representa).
Nasceu entretanto uma outra adjectivação política nacional: a maioria negativa.
Lindo: maioria negativa.
Os gurus do marketing político não se podem queixar com falta de trabalho.
As terminologias políticas nascem como cogumelos.
Assistimos à invenção das maiorias negativas (data para anotar). Mas onde está essa maioria negativa na perspectiva do governo? (a) na Assembleia da República, resultado do sufrágio directo transformado em votos, ou (b) no número de partidos que concorrem aos respectivos votos? E para quem? (a) para o partido do governo ou (b) para o país?
Se respondeu (a) e (a) tem uma clara percepção da realidade política nacional.
Se respondeu (a) e (b) ou é um indefectível socialista ou ainda procura o seu lugar ao sol.
Se acaso respondeu (b) e (a) é um caso claro de dependencia socrática, de bajulador encartado.
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