30.9.09

Ficou pior do que estava....

A comunicação do PR nada trouxe de novo à questão central do imbróglio: (1) é ou não espionada toda a informação emanada da presidência; (2) sente o Presidente que a sua actividade em Belém está a ser escrutinada por meios ilegais..
O PR fez ainda questão de salientar que duvida da veracidade de conteúdo do mail reproduzido no DN, mas não disse taxativamente que o mail em si mesmo era forjado, preferindo alimentar a suspeição, bem como não se referíu às notícias saídas no jornal Público - a não ser ao nível das fugas de informação e consequente preocupação da presidência. Deixou ficar mal um homem da sua confiança, de novo Fernando de Lima, que o acompanha há mais de vinte anos.
De tudo o que disse nada foi suficientemente esclarecedor e capaz de colocar um ponto final no assunto, a não ser passar uma enorme vontade de abrir guerra com o governo - ou pelo menos de ficar essa ideia - e o Primeiro-Ministro.
Por agora, após a troca de galhardetes a que se assistíu ontem, a imagem que persiste é a de um carro (PR) controlado que embate contra um muro (governo) e que sai mal tratado. Como o carro não vai desgovernado e o impacto é provocado e intencional, não se acredita que a Presidência da República possa ficar quieta e amolgada como ficou (ou será que pode?). Contudo, não se vislumbra como possa agir por agora, a não ser apresentando, a haver, factos concretos, afinal tudo o que faltou ontem.
Dividendos políticos de toda esta situação - desde a sua assunção, ao silêncio posterior, à demissão de Fernando de Lima que provocou o maior dos ruídos na campanha, até ao encerrar do primeiro capítulo ontem - não se vislumbram para o PR (será mesmo assim?).
Portanto das duas uma: ou não foi tudo dito e a ser assim é grave ou; houve um erro político (será de facto?)inadmissível do PR. Em ambas as situações quem sai a ganhar por agora é o governo, na medida em que a imagem do PR está neste momento tocada.
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Que o PR vai empossar o novo executivo não há dúvida. Nem existe razão para que não o faça.
Quais as relações entre um órgão de soberania e outro é que se torna mais difícil de vaticinar. Se Cavaco Silva não pretende fazer segundo mandato as relações serão tensas, difíceis. Se pretende esse mandato, uma atitude cordata irá implicar uma imagem limpa do governo junto da opinião pública.
Pergunto-me como serão encarados os vetos presidenciais, a acontecerem, enquanto existir um clima de crispação institucional, e de como esses vetos serão aproveitados pela máquina de propaganda do PS.
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Esperava-se uma explicação total e um ponto final por parte do PR nesta questão. Ficámos com um discurso redondo que nada trouxe de novo e, quase impensável, abríu ainda outras dúvidas.
Tivemos uma resposta do governo (igualmente pouco esclarecedor o comunicado mas retirando dividendos), no formato de ponto final na conversa (invertendo as posições naturais) e chamando de mentirosa a presidencia.
Tudo muito grave, demasiado grave para que se possa esperar que o tempo seja uma solução viável e possível do problema. A questão é que não vejo outra, a menos que existam provas irrefutáveis de que toda a actividade da presidencia está sob vigilancia do governo. Mas a haver o que acontecerá depois?

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