Análises pós-eleitorais são feitas milhentas. Não é, portanto, nesse espiríto que me movimento.
Vou referir, pelo contrário, algumas situações que padecem de falta de profundidade:
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(1) O PCP manteve quase inalterada a sua base de votantes. Com o PSD sucede o mesmo. Estas bases, em valores absolutos de sufrágios estão cristalizadas (Santana Lopes teve mesmo mais 7.000 votos que MFL, em condições muito mais difícieis), pelo que parece sensato pensar que é esta a base de sustentação eleitoral que os partidos dispõem;
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(2) Duas situações podem suceder; ou conseguem subir o eleitorado ou, inevitavelmente, a base de apoio ir-se-á esboroando, mais ou menos lentamente. Assim, parece claro que ambos os partidos correm os mesmos riscos: ou crescem ou definham;
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(3) Nos dois partidos a crise parece semelhante: incapacidade de adaptar o discurso político aos novos desafios, lançados por um PS que tem ocupado, paulatinamente, o centro do pensamento político e por um BE, perigoso, que tem retirado força aos argumentos gastos do PCP;
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(4) Igualmente se nota ausência de renovação nos partidos referidos. As caras são sempre as mesmas e a mensagem política também. No caso do PSD é bem mais grave, pois todos os seus elementos mais visíveis públicamente já tiveram, directa ou indirectamente, responsabilidades no exercício de cargos públicos e governamentais, estando por isso mais expostos à crítica;
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(5) Já não passa pela opinião pública a ideia que o PSD seja um partido recheado de quadros (a reserva de quadros) de valor para o país. O PCP tem o mesmo problema, com a atenuante de que nunca passou essa ideia, em momento algum;
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Acresce que MFL não conseguíu passar ideias concretas para Portugal porque, óbviamente, enquanto tecnocrata oriunda do Banco de Portugal, só encara números, coisas inexpressivas numa folha A4 e não é capaz de assumir um discurso social forte, porque não o sente, não lhe veste a pele.
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Já o disse: a politica actual, a politica social não liberal exige pensamento político fácilmente confundível com a esquerda. O PSD tem de acompanhar a tendência e tornar-se, no discurso e na prática, um partido verdadeiramente social-democrata. Enquanto não o fizer vai deixar-se equivocar por poses que em nada ajudarão à sua recuperação.
Perdeu-se na tentativa de esmagar o CDS, faltando-lhe sempre a coragem de assumir um discurso mais à direita e agora sente dificuldade em impor-se perante o PS, ao conceder-lhe espaço para se posicionar mais ao centro.
Falta espaço e ar ao PSD.
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