2.3.09

Porque razão é necessário nacionalizar o sector financeiro...

Todos os dias o status quo muda.
Hoje é anunciada mais uma injecção no AIG (American International Group) no valor de $30 mil milhões (biliões americanos).

As ajudas inserem-se numa tentativa de frustrar a escassez de meios do mercado financeiro e, em simultâneo, tentar (e só tentar) não aumentar o pânico social.

Se, por um lado, esta injecção é reflexo da aprendizagem com a Grande depressão e procura manter os níveis de desenvolvimento, em pólos geográficos considerados fundamentais, não é menos certo que muito provávelmente se estará a cometer outro erro profundo: ao não intervencionar as instituições financeiras, nacionalizando-as, em nome do não-intervencionismo estatal na economia - pecha antiga do pensamento político misturado com o pensamento económico, não fazendo uma ponte clara, entre o que são os interesses fundamentais do estado e a erradíssima política do controle do estado sobre tudo e sobre todos - perde-se uma oportunidade soberana .
A capacidade e possibilidade únicas, de interagir, estruturar e pôr-em-marcha toda uma política concertada entre os EUA e a União Europeia.

A razão para esta pecha é simples: as administrações das instituições financeiras são muitas, com muitos membros e com uma enorme dificuldade de agir em rede, não sendo possível uma concertação de políticas, sequer internas, quanto mais a nível internacional e a esta dimensão.
Se acaso as instituições fossem nacionalizadas, ao contrário do que se pretende, o pânico diminuiría, seria possível fomentar políticas comuns (bastaria sentar à mesma mesa os ministros das finanças da UE com o homólogo secretário de estado norte-americano, sendo possível sentar todos, literalmente, na mesma mesa - não me refiro aos governadores do FED e do BCE por me parecerem, ambos, igualmente incapazes) e a aplicação de capitais públicos, do estado, de todos nós, teria resultados, certamente, muitíssimo superiores.
Assim, duvido que surtam o efeito desejado a não ser esgotar a capacidade de intervenção pública e, depois, "deixar correr o marfim", até o sistema bater no fundo. Sem capitais para injectar, com um sistema falido e um desemprego galopante, a ruína espera-nos, como esperou por todos os que viveram entre 1929 e 1941.

Coragem política exige-se, agora e já, exigindo-se capacidade de antecipação das necessidades e não, tão-só, recorrer ao passado, emendando a mão mas não inovando.

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