É interessante, muito interessante, acompanhar o comportamento bolsista nas várias partes do mundo. Hoje baixam porque há sinais de que as economias estão em profunda recessão (ou ligeira depressão, como preferirem), amanhã sobem porque as medidas governamentais ou a divulgação, pelos media, dos resultados trimestrais das instituições financeiras são entendidas como favoráveis e sinais do fim da crise. Entretanto a Suécia faz saber que vai deixar fechar a Saab (ex-libris do país), a Quimonda encerrou, a Zara deixou de vender e arrasta consigo imensos negócios, a montante e jusante, entre outros exemplos possíveis.
O desemprego continua a subir, em flecha, mesmo em Portugal onde no final do ano estará em cima dos 20%.
Entretanto a bolsa tem dias assim: felizes.
Nada tem a ver com o comportamento das economias, com os interesses sociais, com o crescimento económico desejável. Trata-se, simplesmente, da possibilidade que os governos dão a alguns investidores institucionais de recuperarem de menos-valias desastrosas (caso do capital árabe).
Os grandes depósitos (dinheiro e/ou ouro) continuam a estar sedeados na Europa e nos EUA, ou em off-shores controladas por instituições que têm sede nestas duas economias de referência.
A solução é simples e exige, essencialmente, coragem política: nacionalizem-se as grandes fortunas, deixando uma folga de 500 milhões de dólares para os seus proprietários. Sim, 500 milhões de dólares, que são mais que suficientes para se viverem várias vidas.
Parece-lhes muito ? Olhem que não (há algo que pode parecer de esquerda nesta pretensão, mas acreditem que é a direita no seu melhor): há fortunas em paraísos fiscais que ultrapassam os milhares de milhões de dólares.
Não acabem com as off-shores, não passem tanto tempo a falar deste problema, ao estilo de quem diz "acautelem-se que a gente vai fechar essa treta. Salvaguardem o que possam já"!, passem sim à acção imediata, nacionalizem o capital disperso, pertença de alguns, apliquem-no de onde ele foi tirado, da nossa economia, a real e séria.
Ofereçam cuidados primários de saúde, educação, habitação e comida.
Acabem de uma vez com o short-selling, acabem de uma vez com a hipocrisia.
Está na hora de mudar as mentalidades e os (maus) costumes. Mostrem-nos política, de verdade, devolvam-nos a confiança política, ponham-nos a discutir política.
Permitam por uma vez que o futuro dos nossos filhos seja um sopro de esperança e não de preocupação.
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