Por ora a negação do plano Paulson impede o sacrifício de 700 mil milhões de dólares que se poderão mostrar de enorme importância na hora da recuperação económica, mas que seriam redundantes agora, na hora do colapso económico.
Toda a enorme turbulência económica actual e a futura queda dos mercados deve-se, não ao sistema capitalista per si, que tem muito de positivo e é fundamental para o crescimento e desenvolvimento económicos, mas essencialmente à vontade política das democracias de abraçarem o liberalismo económico, o laissez-faire económico. A atitude do Estado perante a economia, a sua capacidade interventora depois de esgotada a capacidade reguladora, é fundamental para um bom desempenho económico das nações e do mundo. É, então, fundamental abandonar a triste condução política baseada na boa-vontade do capital.
Acreditar no capital, como ser etéreo capaz de se regular autonomamente e pensar socialmente, é o mesmo que acreditar no coelho da Páscoa.
Ao Estado exige-se que considere o capital um parceiro, um aliado, sujeito a regras e supervisão, condicionado pelo interesse social e económico das nações e dos espaços económicos. Defender posições contrárias, arremetendo para a concorrência regional transcontinental existente no mundo, é o mesmo que desistir das obrigações e arvorar a bandeira da incompetência. Há a necessidade de pensar a economia por clusters regionais, criando e alimentando pólos de desenvolvimento que se satisfaçam e satisfaçam os investidores, o capital.
Os instrumentos serão a redução da burocracia, o aumento cultural das populações e das suas competências, a concorrência fiscal, um bom funcionamento das instituições jurídicas e aplicabilidade das leis, um desenvolvimento regional sustentado, infraestruturas capazes, entre outras condições mais, das quais se terá de destacar uma política externa forte e constante (independentemente das cores políticas do momento).
Não é possível considerar um Estado governável, se os actores políticos defenderem o liberalismo económico. Acaso os ouçamos defender este princípio, saberemos de imediato que não sabem do que falam nem ao que vêm e, por consequencia, serão maus governantes do Estado, péssimos depositários da Coisa Pública.
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