Sobre as razões e contornos da mega-manifestação de Sábado dia 8, interligadas com outros sinais de descontentamento, ler aqui.
Sobre a resposta política do actual governo, é desolador verificar que o primeiro-ministro se esconde atrás da ministra e que esta, a despeito de ter toda uma classe profissional contestatária, assume o discurso da redução da razão ou sua ausência a um mero exercício de retórica, colocando o ênfase nas reformas.
Será então possível levar a governação de um país dito democrático a sério, quando os seus governantes assumem uma postura de rotura com a população, persistindo em caminhos que desagradam e que, feitas as contas, não introduzem a tão necessária reforma de que o país necessita?
O problema coloca-se ao nível da educação, da saúde, da inserção social, do emprego, da capitalização, do crescimento económico, da diminuição das desigualdades, da repartição do rendimento......
O problema é tão vasto que tem tudo a ver com a concepção política e económica de Portugal, não sendo uma questão que se restrinja à educação, mas a toda a sociedade.
Estiveram em manifestação 100.000, poderiam ter estado 5 milhões.
Esta é a verdadeira questão: todos, sem excepção, têm razões de queixa de sobejo, para se manifestarem em todas as cidades, vilas e aldeias de Portugal. Todos, com razões locais e nacionais, têm o direito à indignação. O serem 100.000 (muitos, mesmo muitos atendendo tratar-se de uma única classe profissional) exigiria uma resposta séria por parte do governo. Porque de contrário temos garantido que tivessem sido 5 milhões e a resposta seria a mesma: não importa de que lado está a razão, importa sim continuar o caminho traçado pelo governo.
Já ouvi este discurso, com uma enorme diferença: reconhecia muito maior competência a quem o fazia e não andava enrolado na falácia das palavras - não vivíamos em democracia.
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